A sexta-feira 13 está de volta. Saiba por que ela nos assusta

Descubra como a data ganhou sua reputação e como até os céticos podem ser influenciados pela triscaidecafobia coletiva.

Por Brian Handwerk
Corvo na névoa
A segunda sexta-feira 13 do ano cai em abril de 2018.
Foto de Alex Saberi, National Geographic Creative

O dia mais assustador do mês está de volta: sexta-feira 13.

O ano de 2017 contou com duas sextas-feiras amaldiçoadas: 13 de janeiro, uma data mais tranquila, e 13 de outubro, no mês das bruxas. Este ano, temos mais duas: 13 de abril e 13 de julho. Por mais banais que se tornem, essas datas continuam a aterrorizar os supersticiosos e trazer azar até para os céticos.

Não há razão lógica para temer a coincidência ocasional entre qualquer dia e data. Porém, a sexta-feira 13 ainda pode gerar impactos notáveis. Às vezes, nós os criamos em nossas próprias mentes – para o bem e para o mal.

Acredite se quiser

Jane Risen, cientista comportamental da Universidade de Chicago, descobriu que as superstições podem influenciar até mesmo os não crentes. Jane estudou dois grupos de pessoas – as que se identificam como supersticiosas e as que se identificam como não supersticiosas. O resultado mostrou que tanto crentes quanto não crentes acreditam ser mais provável que algo ruim aconteça se forem amaldiçoados. Quando afirmam que definitivamente não sofrerão um acidente de carro, por exemplo, pensam que estão aumentando as chances do pior acontecer.

"De um modo geral, acho que isso ocorre porque algo ruim vem à mente e é imaginado de forma mais clara após a maldição”, ela explica. “As pessoas usam a facilidade de imaginar algo como uma sugestão para a probabilidade de algo ocorrer."

Esse tipo de pensamento pode ocorrer de forma mais generalizada na sexta-feira 13: "Mesmo que eu não acredite nisso efetivamente, só o fato da sexta-feira 13 existir como um notório elemento cultural, significa que eu considero uma possibilidade. Quando acontecimentos, de outra forma banais, ocorrem nessa data, tendemos a notar”, diz ela.

"Isso acrescenta um pouco mais de combustível a essa intuição, ela se torna-um pouco mais verdadeira, mesmo quando você reconhece que não é verdade".

Felizmente, a pesquisa de Risen também sugere uma forma de reverter a maldição: fazer rituais que impedem a má sorte, como bater na madeira ou jogar sal sobre o ombro. Risen descobriu que algumas pessoas usam os artifícios mesmo quando não acreditam. Quando testados, ambos os grupos relataram benefícios decorrentes dos atos.

"Achamos que as pessoas não pensam que algo ruim ocorrerá se baterem na madeira três vezes", ressaltou. "Então, o ritual parece ajudar a controlar essa preocupação".

“Desta forma, simplesmente estar ciente das superstições pode ajudar a dar um senso de ordem em um mundo de preocupações aleatórias e incontroláveis”, de acordo com Rebecca Borah, professora de inglês da Universidade de Cincinnati.

"Quando você conhece as regras e as segue, tudo parece ficar muito mais fácil", disse ela à National Geographic em 2014. Na sexta-feira 13, "tentamos não fazer nada muito assustador e verificamos se há gasolina suficiente no carro, ou o que quer que seja”.

"Algumas pessoas podem até ficar em casa – embora estatisticamente, a maioria dos acidentes ocorram em casa, então, essa talvez não seja a melhor estratégia".

Base na religião?

Afinal, de onde vem o medo da sexta-feira 13?

É difícil determinar as origens e a evolução de uma superstição. Porém, Stuart Vyse, professor de psicologia da Universidade de Connecticut, em New London, disse que o medo da sexta-feira 13 pode estar ligado a crenças religiosas por dois motivos. Primeiro, o 13º convidado da Última Ceia – Judas Iscariotes, o apóstolo que supostamente traiu Jesus. Segundo, o dia da crucificação de Jesus, numa sexta-feira, dia do carrasco.

A combinação desses fatores produziu uma “espécie de azar duplo quando o 13 cai em um dia historicamente complicado", explicou Vyse em 2014. Alguns estudiosos bíblicos também acreditam que Eva tentou Adão com o fruto proibido em uma sexta-feira e que Abel foi morto por seu irmão, Cain, em uma sexta-feira 13.

Curiosamente, a Espanha parece ter escapado desta combinação malévola de número e dia. Lá, a sexta-feira 13 não é motivo de terror, no entanto, a terça-feira 13 é a data mais perigosa do ano.

Outros especialistas suspeitam de raízes mais antigas para esta forma de triscaidecafobia. Thomas Fernsler, um cientista político do Centro de Recursos de Educação em Matemática e Ciências da Universidade de Delaware, em Newark, disse que o número 13 sofre por vir após o número 12.

Numerólogos consideram o 12 um número "completo". Há 12 meses em um ano, 12 signos do zodíaco, 12 deuses do Olimpo, 12 trabalhos de Hércules, 12 tribos de Israel e 12 apóstolos de Jesus. 

A associação do número 13 com a má sorte "tem a ver com o fato do número estar um pouco acima da integralidade. O número acaba se tornando inquieto e estranho", observou Thomas em 2013.

A numerologia também pode explicar por que os italianos não ligam para a sexta-feira 13, mas temem o dia 17. O número romano XVII pode ser um anagrama de "VIXI", que em latim, significa, "minha vida acabou".

Coincidência cara

Por mais arbitrárias que sejam, superstições como medos de passar sob escadas, quebrar espelho ou números "azarados" são incrivelmente persistentes.

"Uma vez que eles estão na cultura, tendemos a segui-los", disse Thomas Gilovich, professor de psicologia na Universidade de Cornell em Ithaca, Nova York, em 2013. "Você sente que se ignorar isso, estará provocando o destino."

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    Seja por determinação ou por necessidade, algumas pessoas rangem os dentes e passam o dia nervosas. Outras são um pouco mais radicais. Elas podem se recusar a viajar, comprar uma casa ou comprar ações valiosas, e essa “paralisia” pode diminuir consideravelmente a atividade econômica, de acordo com o falecido Donald Dossey, historiador do folclore e fundador do Stress Management Center e Phobia Institute, que falou com a National Geographic em 2013. "Estima-se que algo entre US$ 800 ou US$ 900 milhões [EUA] sejam perdidos por empresas neste dia, porque as pessoas não voam ou fazem negócios que normalmente fariam", disse ele.

    Ironicamente, as pessoas que alimentam seus medos supersticiosos podem estar perdendo a chance de viver um dia em um mundo um pouco menos perigoso. Um estudo de 2008 realizado pelo Dutch Center for Insurance Statistics revelou que ocorrem menos acidentes de trânsito na sexta-feira 13 em relação às outras sextas-feiras. O número de incêndios e roubos também cai, segundo o estudo.

    Em breve, esta sexta-feira 13 vai terminar, e até mesmo os mais supersticiosos poderão descansar em paz, pelo menos até 13 de julho de 2018.

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