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Araquém Alcântara
Outro ângulo da mesma área de mineração a sudoeste de Guarantã do Norte (PA). Embora a mineração não seja o principal fator de destruição da Amazônia, uma pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade sugere que ela está entre os principais vetores de desmatamento em áreas protegidas. Segundo o estudo, 949 áreas de mineração foram registradas em 2017 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), espalhando-se por 45,8 km2 em Unidades de Conservação. No ano anterior, foram mapeadas 382 áreas, totalizando 29,3 km². Assim como acontece com as áreas de desmatamento, a mineração ilegal está concentrada ao longo de rodovias, neste caso a BR-163, que atravessa Guarantã do Norte.
Um olhar mais atento à mesma área de mineração a sudoeste de Guarantã do Norte (MT). Os veículos que aparecem perto da escavação mostram a enorme escala desse tipo de atividade industrial. Hoje, há pelo menos 5,6 mil pedidos para exploração mineral em terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia Legal registrados e ativos na Agência Nacional de Mineração. Os processos estão em diferentes fases, desde requerimento de pesquisa a autorização de lavra, segundo levantamento do WWF-Brasil.
Nesta área próxima à cidade de Guarantã do Norte (MT), pode-se ver uma síntese dos principais fatores de pressão sobre a floresta – alguns remanescentes de áreas naturais são espremidos entre grandes áreas de mineração e agricultura. A intenção do governo de permitir mineração em terras indígenas é especialmente preocupante, pois essas áreas têm sido uma das principais linhas de defesa contra o desmatamento na Amazônia. A ideia, no entanto, é impopular. Uma pesquisa do Instituto Socioambiental (ISA) constatou que 86% dos brasileiros discordam da permissão das empresas de exploração mineral para entrar em terras indígenas.
Detalhe de área de mineração a sudoeste de São Félix do Xingu, Pará. Na Amazônia, apesar de todo o impacto ambiental e social da mineração, a maior parte do desmatamento está associada à pecuária, agricultura e apropriação de terras. Essa situação pode mudar, no entanto, com os planos do atual governo de liberar mineração em terras indígenas – um dos projetos mais mencionados pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevistas e declarações. Bolsonaro também se comprometeu publicamente a não criar novas áreas protegidas nem a demarcar novas terras indígenas e prometeu rever o tamanho e a existência de algumas áreas protegidas.
Muitas áreas de mineração, como esta, estão cravadas no meio da floresta. A região entre as cidades paraenses de São Félix do Xingu, onde esta foto foi tirada, e Altamira é atualmente a mais pressionada pelo desmatamento. Em 2019, os dois municípios foram os campeões do desmatamento no Brasil – entre agosto de 2018 e julho de 2019 eles combinaram para 1.119 km² de floresta desmatada, um aumento de 56% em relação ao período anterior.
Essa área de mineração que forma uma grande clareira no meio da floresta no Pará fica a sudoeste de São Félix do Xingu, uma cidade de 125 mil habitantes. Mais ao sul, o município abriga o território indígena do povo kayapó, palco de atividades ilegais de mineração e extração de madeira há mais de 40 anos. O território indígena foi reconhecido em 1991, mas exploração de recursos naturais e expropriação de terras por não indígenas continuaram. De agosto de 1994 a agosto de 2018, mais de 14 operações foram realizadas para combater a mineração de ouro e a extração ilegal de madeira em terras indígenas, segundo estudo da Fundação Oswaldo Cruz.
O município de São Félix do Xingu (PA) possui uma área de 84 mil km², dos quais mais de 70% ainda são cobertos pelas florestas remanescentes e 50% correspondem a terras indígenas. Mas a região, há décadas, é uma das mais ameaçadas pela pressão da mineração e da pecuária – as duas principais atividades econômicas da cidade. Somente em 2014, o município teve 17.686,20 km² de floresta desmatados. Em 2019, São Félix do Xingu teve o segundo maior número de focos incêndios, com 3.561 entre janeiro e outubro.
Mineração em uma área a sudoeste da cidade de São Félix do Xingu (PA), perto do rio Xingu, um dos mais importantes da Amazônia. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, para cada quilo de ouro produzido, 1,3 kg de mercúrio é liberado no meio ambiente. A mineração na região é realizada em vários afluentes do rio Xingu, contaminando a água utilizada por fauna, flora e seres humanos. A longo prazo, a deposição de metais pesados pode impossibilitar o uso dos rios por longos períodos.
Na Floresta Nacional Jamanxim, dentro da área a ser transformada em Área de Proteção Ambiental (APA), já existem 125 processos de mineração, de acordo com nota técnica produzida pelo WWF-Brasil, Instituto Socioambiental (ISA) e nove outras redes e organizações ambientais.
Área de mineração no extremo leste da Floresta Nacional Jamanxim, oeste do Pará. Um projeto de lei enviado à Câmara dos Deputados em 2017 propõe transformar 26,45% da área deste Parque Nacional em uma Área de Proteção Ambiental, cujas regras de exploração são menos rígidas. Se aprovado, atividades como mineração, agricultura e pecuária poderão ser liberadas.