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Página do Fotógrafo
Janine Moraes
Dona Helena fia na mesma roda que pertenceu à mãe. "Assim com ela, sustentei a família toda fiando”, conta orgulhosa.
Da esquerda para à direita, as fiandeiras Maria de Jesus Coelho, Antônia das Graças Braga Ramos, Arlete dos Reis Braga Ramos e Leosina Aparecida Silva Reis carregam suas rodas até o ponto de encontro onde trabalharão juntas.
A mão de Dona Maria de Jesus, 87 anos, segura um chumaço de algodão pronto para ser enrolado.
Na casa de Dona Nadir, uma frase de Guimarães Rosa – Viver é muito perigoso – divide espaço com fotos e outras lembranças. Para a fiandeira, "é perigoso mesmo né? Tem que ter coragem”.
Dona Maria é abraçada por Simone Amorim de Souza, uma das artesãs mais jovens da Associação de Artesãs de Natalândia (MG). As novas gerações pouco se interessam pelo ofício das anciãs – preferem trabalhar ou estudar nas cidades maiores.
A fiandeira Maria de Jesus Coelho, 87 anos, sai de casa carregando a própria roda para se encontrar com suas colegas de trabalho. Elas costumam trabalhar juntas em pontos de encontro ora inusitados, como embaixo de uma árvore na beira da estrada.
A fiandeira Dona Geralda também se aposentou e quase não sai de casa.
A fiandeira Dona Maria Helena trabalha no quintal de casa, em Uruana de Minas (MG), cercada, ironicamente, por lençóis produzidos de forma industrial.
Cansada da cidade grande, Neide Almeida, 40 anos, decidiu sair de Brasília e voltar para Uruana de Minas. Ela já foi merendeira, açougueira e auxiliar administrativa, mas diz ter se encontrado como tintureira.
A tingideira Neide Alemeida trabalha com matérias-primas do Cerrado – murici, jatobá, baru, urucum, açoita-cavalo, folha de manga, anil. Insumos como a casca de cebola, lama preta de brejo e a ferrugem também são aproveitados.