Fotos chocantes revelam a crueza dos produtos de vida selvagem
As imagens de objetos apreendidos chamam atenção para o tráfico ilegal de objetos cuja matéria-prima são animais selvagens.
Um par de pufes feitos de pé de elefante. Casaco, sapatos, chapéu e bolsa feitos com peles de 20 leopardos. Caixotes com sacos e mais sacos de cavalos-marinhos dessecados. As fotos de Britta Jaschinski são de itens apreendidos em aeroportos e fronteiras e buscam entender a mente doentia do ser humano. De onde vem a demanda por produtos de vida selvagem que causam tanto sofrimento aos animais, às vezes os levando à beira da extinção?
"O problema agora é que, quanto mais rara a espécie, mais lucrativa ela é depois de morta”, ela diz. “As pessoas querem o último rinoceronte porque ele vale mais dinheiro. Se eu não pudesse tirar as fotografias, ainda acharia uma maneira de contar essa história. Essa missão está acima de tudo. Eu tento ser uma voz para os animais que não podem ser ouvidos de outra forma.”
A forma como Jaschinski retrata esses objetos é intencionalmente bela, mas o objetivo é transmitir o lado sombrio das interações humanas com o mundo natural de forma que nos faça prestar atenção ao que temos a perder. "O público se acostuma com imagens de peças de marfim sendo queimadas. Precisamos de outra coisa que nos desperte", afirma a fotógrafa.
Embora, em termos de vida selvagem, ‘matar ou morrer’ seja coisa do passado para nós humanos, Jaschinski acredita que algo desse instinto primitivo permanece. E ele se expressa através da caça de animais selvagens e das práticas de medicina tradicional baseadas na crença de que quando consumimos certas partes de animais, podemos absorver características como força e vitalidade. "Acho que os humanos têm uma necessidade primitiva de dominar", diz ela. "Quando vivíamos em tribos, a questão principal era a sobrevivência. Nesse sentido, a evolução humana deu errado".
Jaschinksi fotografou os itens contra um pano de fundo pintado à mão que ela levou para a sala de apreensão do aeroporto de Heathrow, em Londres, e para o National Wildlife Property Repository no Colorado, nos EUA, que guarda cerca de 1,5 milhão de itens apreendidos. Em vez de destruídos, eles são mantidos para fins de educação e pesquisa – no caso do projeto de Jaschinski, é uma maneira de passar uma mensagem poderosa.
"Onde quer que estivesse, sentia que os agentes de segurança tinham muito respeito por esses itens", diz ela. "Eles passam muito tempo retirando esses itens da prateleira e desembrulhando-os. Eu sempre ouço, ‘estamos tão felizes por você ter vindo’".
Atualmente, Jaschinski está trabalhando em um livro com mais de vinte fotógrafos de vida selvagem, incluindo os da National Geographic Charlie Hamilton James, Klaus Nigge, Michael "Nick" Nichols, Brian Skerry e Brent Stirton. Eles esperam aumentar a conscientização e ajudar a encerrar a demanda por produtos de vida selvagem.
"Se cada fotógrafo puder contribuir com algumas fotos, já teremos feito o que devemos fazer", diz Jaschinksi. "Deixe o seu coração falar".