Jovem que contrabandeou filhote de tigre é condenado a 6 meses de prisão

O incidente destaca o crescimento do comércio ilegal de vida selvagem.

Por Jani Actman
Publicado 23 de fev. de 2018, 16:55 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Um adolescente foi condenado a seis meses de prisão por contrabandear este tigre do México para os EUA. O animal, depois batizado de Moka, agora vive no Parque Zoo Safari de San Diego, na Califórnia.
Foto de U.S. Customs and Border Protection, Ap

Um inspetor da alfândega dos EUA notou algo suspeito em uma manhã de agosto: o objeto era semelhante a um gato e estava deitado no lado do passageiro do Chevy Camaro na fronteira da Califórnia com o México.

Os documentos do tribunal mostram que Eriberto Paniagua, de 21 anos, que estava sentado no banco do passageiro, disse à alfândega que a criatura era "apenas um gato".

No fim das contas, o animal de cor alaranjada com listras pretas era mais exótico do que um gato doméstico comum. O animal foi mais tarde identificado por veterinários do Parque Zoo Safari de San Diego – seu novo lar – como um tigre-de-bengala de quatro a cinco semanas de idade saudável cujos dentes começariam a nascer em algumas semanas. Eles o chamaram de "Moka" e ele agora está em exibição no parque.

Em 20 de fevereiro, Luis Valencia – o motorista de 18 anos – foi condenado a seis meses de prisão por tentar contrabandear o tigre, uma espécie em extinção, nos EUA

O Ato de Espécies Ameaçadas de Extinção proíbe a importação de tigres sem licença e a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagem proíbe a venda de tigres ou suas partes através das fronteiras dos EUA. Embora seja um crime federal importar tigres sem a documentação adequada, os estados permitem a posse deles.

Acusado em setembro por contrabando de vida selvagem, Valencia e Paniagua poderiam ser condenados a 20 anos de prisão e multa de US$ 250 mil. A sentença de Paniagua deve ser publicada em 26 de fevereiro.

Segundo a BBC, o advogado de Valência argumentou que seu cliente cometeu "um lapso" e queria apenas manter o tigre como animal de estimação. Mas os registros judiciais mostram que os pesquisadores encontraram fotos do filhote apreendido, de um outro filhote e de um tigre adulto no celular de Valência, e os promotores argumentaram que ele também enviou mensagens se gabando de ganhar milhares de dólares com vendas de macacos, onças e leões.

O que os oficiais da alfândega não sabiam era que, de acordo com Dan Crum, agente especial com base em Sacramento, Califórnia, e responsável pelo Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos EUA, o estado da Califórnia já estava investigando Valência como parte de uma operação maior no sul da Califórnia para reprimir o comércio ilegal de vida selvagem – uma indústria global que movimenta bilhões de dólares. Batizada de "Operação Livro da Selva", a investigação resultou na prisão de 16 pessoas e no resgate de 200 animais, incluindo lagartos monitores, cobras reais e aves.

A fronteira sul dos EUA – onde os oficiais da alfândega apreenderam o filhote de tigre de Valência – é uma notória rota de tráfico de animais selvagens. Mais de um quarto das quase 50 mil remessas do mercado negro de animais vivos e produtos de vida selvagem apreendidos na fronteira de 2005 a 2014 vieram da América Latina, de acordo com um documento informativo de defensores da vida selvagem de Washington, DC. Os animais vivos mais apreendidos são répteis e papagaios, disse o agente do Serviço de Pesca e Vida Selvagem Nicholas Chavez à National Geographic no ano passado.

"O comércio ilegal [da vida selvagem] é enorme," diz Crum. "Os Estados Unidos são um destino e um ponto intermediário, e a fronteira entre a Califórnia e o México é um dos pontos críticos para o tráfico."

No entanto, os oficiais da alfândega não confiscavam um tigre vivo na fronteira entre San Diego e México há 26 anos, de acordo com uma reportagem no San Diego Union-Tribune do ano passado. É incomum que tigres sejam contrabandeados nos EUA, em geral, porque seu tamanho os torna mais visíveis, diz Carole Baskin, fundadora do santuário Big Cat Rescue, com sede na Flórida. Há mais tigres nos EUA do que em qualquer outro lugar do mundo, até 5.000, de acordo com o Fundo Mundial de Vida Selvagem, mas a maioria, diz ela, nasceu em cativeiro e não foi contrabandeada.

Não está claro o que Valencia e Paniagua pretendiam fazer com este jovem tigre. A maioria é vendida como animais de estimação ou explorada em atrações turísticas de beira de estrada, onde as pessoas pagam para acariciá-los e posar com elas em selfies.

Baskin observa que a apreensão desse filhote destaca a crescente ameaça que essas empresas de entretenimento representam para os tigres na natureza.

"Ao completar 16 semanas, os filhotes ficam enormes – eles começam a se arrastar por aí, arranhando e mordendo tudo", diz ela. "Mas não há um mercado secundário legítimo para todos aqueles filhotes que não podem ser usados por mais tempo. Eles estão apenas desaparecendo”. Ela teme que os adultos sejam mortos para satisfazer a crescente demanda na Ásia por seus ossos, dentes e outras partes – um comércio ilegal que ajudou a reduzir os números de tigres de cerca de 50.000/80.000 há um século para pouco mais de 3.500 hoje.

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