É possível que animais sejam inteligentes demais para seu próprio bem?

Às vezes, criaturas inteligentes conseguem nos tirar do sério. Conheça os animais incrivelmente adaptáveis considerados uma “praga” por muitos.

Por Liz Langley
Publicado 19 de set. de 2018, 12:29 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Coiotes sortudos, como este em Allen’s Park, Colorado, não precisam descobrir como viver a vida na ...
Coiotes sortudos, como este em Allen’s Park, Colorado, não precisam descobrir como viver a vida na cidade.
Foto de Konrad Wothe, Minden Pictures, National Geographic Creative

DIZEM QUE NINGUÉM gosta de um sabichão, e isso parece ser a realidade para muitos animais inteligentes e, muitas vezes, irritantes.

Vejamos os guaxinins, por exemplo. Ser inteligente o bastante para se adaptar ao mundo humano é impressionante, mas, para eles, isso pode acabar sendo uma suscetibilidade. Suas invasões a nossos jardins e latas de lixo dão a eles uma má reputação, na melhor das hipóteses – na pior, eles acabam mortos por humanos que os consideram pestes.

Um estudo recente publicado no jornal Animal Behavior sugere que os animais que melhor se adaptam à vida entre nós – os mais flexíveis, adaptáveis e inteligentes – são exatamente aqueles que acabam entrando em conflito com humanos.

E isso faz com que nos perguntemos: quais são os animais “praga” e como estudar suas inteligências pode nos ajudar a conviver pacificamente com eles?

Inteligentes demais

Coiotes conseguem reconhecer e lembrar quais caminhonetes entre veículos similares em uma instituição de pesquisa são para alimentação e quais são para visitas ao veterinário. Ursos são tão bons em abrir coolers, que estão fazendo testes de produtos no Grizzly and Wolf Discovery Center. E dê uma espiada nesse genial guaxinim ginasta abrindo um comedouro de pássaros com os pés.

Roubos, danos e nos dar baita sustos pode fazer com que alguns animais sejam vistos como “encrenqueiros” ou uma “praga”, quando estão simplesmente “tentando se adaptar aos novos ambientes que nós criamos”, diz Lauren Stanton, uma estudante de doutorado no Animal Cognition Lab da University Wyoming e co-autora do recente estudo.

Tipicamente, a parte da “praga” está apenas em nossa percepção, diz Alistair Bath, da Memorial University of Newfoundland, que é especialista em amenizar os conflitos entre animais selvagens e humanos.

Na América do Norte, por exemplo, quando um urso derruba a sua porta e mata todas as suas galinhas, é considerado “um problema ou uma praga que deve ser morta”, diz Bath. No entanto, enquanto trabalhava na Parco Nazionale d'Abruzzo, Lazio e Molise, ele conheceu uma mulher que tinha passado exatamente por isso. Ela não culpou o urso e tampouco quis matá-lo – o problema foi com os policiais do parque. “Ela acreditava que eles não estavam fornecendo comida o suficiente para os ursos; e é claro que na natureza eles encontram seu próprio alimento”, ele diz.

Quanto aos guaxinins, Bath diz, eles estão apenas se comportando como animais selvagens e procurando alimento – que por acaso estão em nossas lixeiras. Apenas nossas reações ao encontro – confusas ou lívidas – fazem com que ele seja um problema. A única forma de mudarmos essa situação é com ações humanas, como proteger melhor nossos restos de comida.

Queda-de-braço

Entender como esses animais pensam também pode ser de grande ajuda para que os humanos lidem humanamente com eles e, ao mesmo tempo, faz com que sejamos mais espertos, diz Stanton.

A habilidade dos coiotes de reconhecer pessoas e caminhonetes, por exemplo, fez com que Stantou melhorasse seu próprio comportamento, tendo mais cuidado para pegar o veículo certo, “caso contrário, eu estaria arriscando assustar os participantes do meu estudo.”

Da mesma forma, Shane McKenzie,da Max McGraw Wildlife Foundation, aprendeu uma coisa com a habilidade que os guaxinins têm de perceber e escapar de armadilhas vivas. McKenzie tem guaxinins capturados com armadilhas vivas na área de Chicago e diz que os pandas de lixo urbano são muito mais cautelosos em relação a armadilhas usadas para capturá-los do que seus parentes próximos.

“Em vez de simplesmente entrarem na armadilha para obter comida, como seus primos suburbanos,” os guaxinins, desde o começo, usavam “sua incrível destreza para alcançar e recolher a comida, sem ativar a armadilha.”

 Para enganar esses bichos espertos, os pesquisadores encontraram uma solução simples: prender todos os alimentos na parte de trás da armadilha urbana com arames.

Esse round você venceu, humano. Mal posso esperar para ver o próximo round.

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