Estes são os bichos mais ‘bochechudos’ do reino animal – entenda o motivo
As bolsas nas bochechas são um acessório prático para animais que precisam carregar o alimento, mas não é só isso.
Com a aproximação da temporada de festas, ficamos com um pouco de inveja dos animais que possuem bolsas jugais, também conhecidas como bagagem embutida.
Ficamos imaginando quais animais possuem bolsas jugais e como elas funcionam?
Bolsas jugais são bolsos expansíveis localizados dentro da boca que começam na bochecha e podem se estender até os ombros, como ocorre nos hamsters, ou para as laterais do pescoço, como nos macacos. A maioria dos animais utiliza suas bolsas como sacolas de compras: se aparece um predador, eles podem fugir tanto com sua vida quanto com o almoço.
As bolsas jugais dos hamsters são extremamente elásticas, expandindo-se até quase o triplo de seu tamanho, uma adaptação ligada ao clima frio e território hostil em que vivem, tornando importante o armazenamento de alimentos. Sua elasticidade e o fato de que elas possuem vasos sanguíneos próprios são alguns dos traços que as tornaram populares para pesquisas sobre transplantes e microcirculação, afirma La'Toya Latney, da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.
Ornitorrincos
Os ornitorrincos da Austrália carregam uma carga surpreendente em suas bolsas. Os ornitorrincos se alimentam de minhocas, lesmas e crustáceos e os colocam em suas bolsas jugais com um pouco de cascalho.
O cascalho é um liquidificador natural, triturando o alimento para os ornitorrincos sem dentes, que consomem essa prática refeição na superfície da água.
Hamsters, tâmias e esquilos
Muitos roedores possuem bolsas jugais e as dos hamsters ficam impressionantemente grandes para um animal tão miúdo, expandindo “além dos ombros” quando cheias, conta Latney.
“Com um hamster-sírio, uma espécie grande, já vi uma minicenoura desaparecer na bolsa jugal”, afirma Latney.
Os hamsters também carregam materiais de forração e, “se perturbados, podem transportar seus filhotes nas bolsas para outro lugar", explica Ed Spevak, cuidador de invertebrados do Zoológico de St. Louis.
E, se você achava que todos os esquilos tinham essas bolsas, não é bem assim. Apenas os esquilos terrestres possuem bolsas jugais, como tâmias, marmotas e cães-da-pradaria.
As tâmias podem transportar alimentos tão grandes quanto elas mesmas em seu bagageiro superdimensionado no rosto. É útil, já que precisam das patas dianteiras para fugir dos predadores. Embora, ao fazer isso, conta Spevak, seja como fugir “com uma pochete em volta da sua boca”.
Geômis-de-bolso
Os geômis-de-bolso são rebeldes: não só seus dentes ficam fora de suas bocas–melhor para cavar sem encher a boca de terra–, mas eles ainda têm bolsas do lado de fora de suas bochechas.
As bolsas desses animais da América do Norte são revestidas de pelos, provavelmente uma evolução de uma extensão da aba da bochecha peluda do geômi, afirma Spevak.
Macacos
Uma subfamília inteira de macacos, a Cercopithecine, incluindo primatas da família Cercopithecus, babuínos e primatas do gênero Macaca, é definida por ter bolsas jugais, que se estendem até as laterais do pescoço. Ter esses práticos compartimentos de armazenamento permite que as 45 espécies dos chamados "macacos típicos" coletem suas frutas em paz.
Essas bolsas ainda possuem a mesma enzima contida na saliva humana, o que ajuda a quebrar o amido ou a começar a digestão.
Frutas, nozes e sementes são guardadas na bolsa, mas não insetos.
“Insetos são uma refeição rápida e fácil”, afirma Spevak, então, alimentos como nozes, que requerem maior manipulação para abrir, são armazenados.
Morcegos
Alguns morcegos voam com sua bagagem de mão.
Morcegos-pescadores, por exemplo, apanham um peixe e voam para longe, podendo continuar a pescar.
Segurança alimentar
Se esses acessórios são tão eficientes, porque mais de nós não os temos?
Tudo se resume às diferentes adaptações ao lidar com o alimento, explica Spevak.
Ruminantes, como vacas, possuem um tipo de bolsa diferente, um estômago com diversos compartimentos que lhes permitem mastigar novamente o alimento depois, ao passo que as aves possuem papos, uma parte expandida do esôfago que atua de forma semelhante.
Ainda não se sabe se a refeição pode ser levada de graça no avião ou se as companhias aéreas cobram por bochecha.