Na vida real, a mãe do Simba seria a líder do bando

Especialista em leões explica a dinâmica familiar desses animais.

Por Erin Biba
Publicado 12 de jul. de 2019, 19:02 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Os leões são os únicos felinos que vivem em grupos dominados por fêmeas. Os filhotes mais ...
Os leões são os únicos felinos que vivem em grupos dominados por fêmeas. Os filhotes mais velhos são criados juntos como uma creche ou grupo de creches, como visto aqui no Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia.
Foto de Michael Nichols, Nat Geo Image Collection
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OS BANDOS DE LEÕES são sempre dominados por leoas. Elas caçam grande parte da comida e protegem o território de invasores — que frequentemente são outras fêmeas que vivem nas proximidades e querem expandir seus territórios.

“As fêmeas são a essência, o coração e a alma do bando. Os machos vêm e vão,” afirma Craig Packer, um dos principais pesquisadores de leões do mundo e diretor do Centro de Pesquisas de Leões na Universidade de Minnesota.

A não ser que você seja o fã número um do filme O Rei Leão, é bem pouco provável que se lembre do nome da mãe do Simba. Todos os leões machos têm papéis centrais e memoráveis no filme: Simba, o protagonista destinado a tornar-se rei. Mufasa, seu pai, que morre quando o tio de Simba, o leão de juba preta Scar, conspira para destroná-lo. Mas e a mãe do Simba? Como ela se chamava mesmo?

Seu papel no filme é ínfimo a ponto de ser fácil de esquecê-la. Mas seu nome é Sarabi. E se ela fosse a rainha de um bando de leões na vida real, ela seria muito mais do que uma coadjuvante. De fato, os bandos de leões são sociedades matrilineares nas quais os machos mal permanecem tempo o bastante para formar os tipos de relações familiares mostradas no filme da Disney, que terá a estreia de uma versão totalmente nova em julho. (A Walt Disney Company é sócia majoritária da National Geographic Partners.)“As fêmeas definem seu território. Elas cresceram lá e ouviram o rugido de seus vizinhos a vida toda,” afirma Packer, bolsista da National Geographic Society. E se o bando ficar muito grande, as fêmeas até mesmo conquistarão um novo território próximo para que suas filhas assumam o comando e iniciem o próprio bando; 99% de todos os membros de um bando de leões são fêmeas com algum parentesco, afirma.

Os machos vêm e vão

Por outro lado, os machos são nômades. Eles vêm e vão, passando a maior parte do tempo lutando entre si e ensinando os filhotes machos a sobreviverem, pois em algum momento deixarão o bando. Os machos não podem ficar no bando em que nasceram porque são parentes de todos os leões de lá.

“Digamos que o Simba volte e o grande prêmio que ele recebe por estar de volta e se tornar o herói do bando é casar-se com Nala. Mas adivinha só — eles são irmãos. Credo”, diz Packer. “Se ele realmente voltasse e se tornasse o macho residente, ele não estaria acasalando apenas com sua irmã. Estaria também com suas tias, mãe, avó, primas. Todas as fêmeas do bando.”

É por isso, em nome da diversidade genética e como uma maneira de evitar que a vida seja geralmente muito rudimentar, que os leões machos sempre vão embora e encontram um novo bando. “O Simba teria ido embora para sempre,” conta ele.

Leões machos raramente andam sozinhos. Como a competição por bandos é muito acirrada, todos os leões machos viajam com um ou mais machos para que possam se proteger. É preciso ter um parceiro para não sucumbir aos desafios de todos os outros machos que querem dominar sua família e aniquilar seus filhotes,” explica Packer. Ele observa que a competição entre Mufasa e Scar não faria sentido no mundo real porque sem outro macho para dar apoio, seu bando seria dominado por outra coalizão de machos.

Na verdade, conta Packer, a competição por um bando é tão acirrada que um grupo de leões machos raramente consegue ficar ativo por mais de dois ou três anos (talvez um pouco mais, explica ele, se houver quatro, cinco machos). Segundo ele, “a vida dos machos é rápida e furiosa.” É uma existência cíclica — eles procriam, “alguma hora se levantam e pegam uma presa bem grande, como um búfalo ou uma girafa, embora isso não requeira nenhuma estratégia — eles apenas a abatem,” conta ele, e lutam com outros machos enquanto conseguirem, antes de perder a batalha e irem para outro bando.

Jubas de qualidade

Enquanto isso, a irmandade do bando continua mais ou menos inabalada dependendo dos machos que estão por perto em um determinado momento. E, de fato, as fêmeas têm autonomia para decidir com quais machos querem conviver. “Se não fosse pelas fêmeas, não haveria motivo para os machos terem jubas. As fêmeas preferem o macho que é mais atraente, com características visíveis nas quais elas possam confiar para garantir que seus bebês sobreviverão e serão saudáveis,” aclara.

Packer também destaca que, embora o vilão Scar sem filhos tivesse uma juba preta no filme, no mundo real, o Mufasa que teria a juba preta porque é disso que as leoas gostam.

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    “A juba preta é um sinal de superioridade genética,” conta ele. A pelagem escura é mais quente e mais pesada que a juba tradicional e, como leões são bem musculosos, estão extremamente propensos a ter superaquecimento. A juba preta indica “boa condição física, níveis mais altos de testosterona e maior probabilidade de resistência aos ferimentos,”  porque isso significa que possuem uma habilidade genética para combater parasitas. 

    “Não existe um gene que determine a juba preta,” diz Packer. “A cor da juba pode variar ao longo do tempo, dependendo do seu estado de saúde e, se as coisas ficarem bem feias, as jubas podem cair completamente. A juba é um sinal de qualidade.”

    No fim das contas, cada elemento da existência de um bando, até a aparência dos machos, está a serviço das Rainhas Leoas.

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