6 mulheres que revolucionaram a arte moderna

Essas artistas, incluindo a brasileira Tarsila do Amaral, influenciaram de forma definitiva o mundo das artes plásticas em todo o planeta no século passado.

Por Elaina Zachos
Publicado 27 de abr. de 2018, 13:10 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
"Inventando Arte Moderna no Brasil", de Tarsila do Amaral, no Museu de Arte Moderna de Nova ...
Uma visitante observa a exposição "Inventando Arte Moderna no Brasil", de Tarsila do Amaral, no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Foto de Timothy A. Clary, Getty Images

Apesar da verve inovadora e do domínio técnico, as visionárias mulheres do mundo da arte moderna são raramente discutidas pela história dominante.

“Quando você analisa o modo como a história da arte tem sido escrita, as mulheres são mencionadas apenas de passagem”, diz Deborah Gaston, diretora de engajamento digital do Museu Nacional da Mulher das Artes, em Washington, nos Estados Unidos. “Mais ainda, muitas delas estão também envolvidas com outros artistas que são parte de determinado ciclo. Assim, na narrativa convencional, elas aparecem como seguidoras, mais do que criadoras ou inovadoras”.

Apresentamos seis mulheres que tiveram grande impacto no universo da arte moderna.

Tarsila do Amaral: a revolucionária com raízes

Muitas vezes conhecida simplesmente como Tarsila, ela nasceu em 1º de setembro de 1886 em Capivari, no Brasil, em uma rica família de cafeicultores. A família de Tarsila apoiou suas atividades educacionais, incentivando-a a frequentar a escola em Barcelona, onde ela começou a se interessar por arte.

Tarsila começou sua educação artística formal em 1916, estudando escultura, desenho e pintura, mas o mundo artístico conservador do Brasil e a falta de recursos criativos limitaram sua exposição. Viagens para Paris ajudaram a ampliar seus horizontes artísticos e ela acabou se tornando parte do Grupo dos Cinco, um movimento de artistas que promoveu ativamente a cultura brasileira sem empregar estilos tradicionais europeus.

Obras como o “Abaporu”, de Tarsila, foram cruciais para o crescimento do cenário artístico brasileiro.
Foto de Bridgeman Images

"Eu quero ser a pintora do meu país", escreveu Tarsila em 1923. Seu estilo de mesclar ícones brasileiros locais com estética de vanguarda ajudou a moldar a arte moderna do Brasil, e seu legado permanece até hoje.

Sonia Delaunay: a mãe do cubismo órfico

Nascida na Ucrânia em 14 de novembro de 1885, Sara Élievna Stern cresceu usando o apelido de Sonia. Delaunay estudou arte na Alemanha e na França, onde mais tarde se casou com o negociante de arte Wilhelm Uhde, em Paris. O casamento impediu a família de forçá-la a voltar para casa e também serviu de cobertura para a homossexualidade de Uhde.

Além de sua escola de arte tradicional, Delaunay era uma força poderosa no mundo das artes decorativas, com um talento especial para têxteis e design de interiores. Depois de seu divórcio amigável de Uhde e do casamento com o pintor francês Robert Delaunay em novembro de 1910, os Delaunays lideraram o orfismo, ou cubismo órfico, uma variação abstrata e vibrante da arte cubista e futurista.

"Eu sempre mudei tudo ao meu redor", disse Delaunay. “Fiz minhas primeiras paredes brancas para que nossas pinturas parecessem melhores. Eu projetei minha mobília, eu fiz tudo. Eu vivi a minha arte.”

Em 1964, Sonia Delaunay tornou-se a primeira artista feminina viva a fazer uma exposição retrospectiva no Museu do Louvre, em Paris.

Sonia Delaunay, co-fundadora do Orfismo, abraçou uma variedade de artes visuais e decorativas.
Foto de <p> Jean Tesseyre, Getty Images</p> <p>&nbsp;</p>
Um visitante tira uma foto do "Tableau de Bord", de Delaunay, no Museu de Arte Moderna de Paris, na França.
Foto de <p> Chesnot, Getty Images</p> <p>&nbsp;</p>

Marie Laurencin: a cubista feminina

Marie Laurencin nasceu em Paris em 31 de outubro de 1883. Ela foi criada por sua mãe e estudou arte ao lado de Georges Braque, que iria ajudar a desenvolver o cubismo. Laurencin criou pinturas, aquarelas, desenhos e gravuras. Ela é uma das poucas pintoras cubistas, junto com Delaunay, e desenvolveu uma abordagem única para a abstração. Os tons pastel e figuras esbeltas em seus trabalhos emprestam-lhes uma estética feminina. Ela pintou retratos de celebridades parisienses, apresentou animais em seu trabalho e produziu cenários de teatro.

Em 1983, o Musée Marie Laurencin abriu no Japão, tornando-se o único museu de arte da especialidade do mundo a se concentrar em uma pintora. O museu abriga mais de 600 de suas obras em seu arquivo.

A pintora francesa Marie Laurencin trabalha sozinha no cavalete de seu estúdio.
Foto de <p> Gjon Mili, Getty Images</p> <p>&nbsp;</p>
Trabalhadores movem a pintura de Laurencin, "La bal elegant ou la danse à la campagne", durante uma coletiva de imprensa pré-show em um museu em Taipé.
Foto de Mandy Cheng, Getty Images

Aleksandra Exter: a rebelde da escola de arte

Também conhecida como Aleksandra Aleksandrovna Ekster, Aleksandra Exter nasceu em Białystok, na Polônia, em uma rica família bielorrussa em 6 de janeiro de 1882. Durante sua educação particular, ela estudou idiomas, música e arte, e finalmente ganhou fama internacional no cenário artístico europeu.

Na Escola de Arte de Kiev, Exter uniu-se com outros artistas que ressurgiam na Nova Arte Russa. Em 1908, ela se casou com um advogado de Kiev e os dois se tornaram personagens culturais e intelectuais proeminentes. Eles se mudaram para Paris, estudou brevemente na Académie de la Grande-Chaumière até que foi expulsa por rebelar-se contra a visão artística da instituição.

Exter usou seu histórico russo para trabalhos como "A Harbour Scene".
Foto de Bridgeman Images

O estilo de Exter tornou-se cada vez mais radical e vanguardista ao longo do tempo. Ela percorreu o impressionismo, o cubismo, o cubo-futurismo e a arte não-objetiva com pinturas abstratas de paisagens urbanas, formas geométricas e naturezas-mortas. Seu trabalho é dinâmico e, além de suas exposições, a artista com muitos talentos se destacou em trabalhos teatrais e ilustrações de livros.

Sophie Taeuber-Arp: a visionária sem limites

Sophie Henriette Gertrude Taeuber nasceu em Davos, Suíça, em 19 de janeiro de 1889. Estudou desenho na Escola de Artes Aplicadas de Saint Gallen e depois foi para a Alemanha estudar design têxtil. Ela também estudou tecelagem, bordados e dança.

Taeuber-Arp foi influente no Café Voltaire de Zurique, e foi só em 1928 que ela se mudou para a área de Paris. Seu trabalho como pintora, escultora e arquiteta - para não mencionar designer de interiores - dissecou as fronteiras entre os diferentes gêneros de arte. Ela abraçou o modernismo e a arte dadaísta, e até criou fantasias e marionetes para performances de Dada. Ela colaborou com outros artistas, como seu marido Hans, para produzir shows, danças, escritos e obras de arte.

Como um exemplo ao legado da Taeuber-Arp, o governo suíço redesenhou a nota de 50 francos em 1995 para incluir seu retrato.

O trabalho de óleo sobre tela de Taeuber-Arp, "Rising, Falling, Flying", de 1934.
Foto de <p> DeAgostini/Getty Images</p> <p>&nbsp;</p>

Natalia Goncharova: a inovadora experimental

Natalia Goncharova nasceu em 21 de junho de 1881, em uma família de elite em Nagaevo, na Rússia. Ela começou seus estudos no Instituto de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou em 1901, inspirando-se nos impressionistas – Auguste Rodin em particular.

Como pintora, o trabalho de Goncharova tem notas do sagrado misturado com o profano. Parte de sua arte inclui trabalhadores rurais russos realizando tarefas repetitivas do cotidiano, mas seu estilo tradicional presta-se à interpretação religiosa. A formação artística formal de Goncharova terminou em 1909, quando ela foi expulsa do Instituto de Moscou por não pagar as mensalidades.

Goncharova também trabalhou em têxteis e, com seu marido e colega Mikhail Larionov, explorou estilos de vanguarda russos que levariam a futuros movimentos artísticos. Os esforços de Goncharova no raionismo e no futurismo influenciaram seus contemporâneos russos e foram cruciais para guiar a abstração futura.

Natalia Gontcharova, pintora, escultora e decoradora russa, em seu estúdio parisiense.
Foto de <p> Lipnitzki, Getty Images</p> <p>&nbsp;</p>
O "Rayonistische zee", de Goncharova, demonstra sua importância no movimento abstrato do aionismo.
Foto de World History Archive, Alamy
Genius: Picasso - Trailer
Assista à série protagonizada por Antonio Banderas domingos, às 21h45, no canal National Geographic.
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