Conheça "Steve", um tipo completamente novo de aurora polar

Canadenses observaram um breve tipo de aurora polar nunca antes visto e batizado de "Steve", e cientistas já começaram a pesquisar o que o causa.

Por Ramin Skibba
Publicado 16 de mar. de 2018, 20:37 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Conheça "Steve", um tipo completamente novo de aurora polar
Diferente das auroras mais comuns, normalmente verdes e amarelas, Steve tem uma coloração violeta.

Enquanto as auroras boreais e austrais fascinam observadores do céu há milênios, cientistas fotógrafos amadores encontraram outro tipo de aurora nos últimos anos: uma faixa de plasma roxo cintilante de curta duração. A intrigante descoberta chamou a atenção de cientistas espaciais, que começaram a estudá-la.

"Perseguidores dedicados de auroras, principalmente em Alberta, no Canadá, estavam no meio da noite olhando para o norte e tirando belas fotos. Mais para o sul, eles viram também um arco estreito e fraco", diz Elizabeth MacDonald, física espacial no Centro de Voo Espacial Goddard da Nasa em Greenbelt, no estado americano de Maryland. Há diferentes fenômenos físicos por trás das auroras violetas, ela diz.

Steve e a Via Láctea sobre o lago Childs, em manitoba, Canadá.
Foto de Krista Trinder

MacDonald lidera uma equipe que observou a aurora enviando um dos satélites Swarm, da Agência Espacial Europeia, através dela. Os resultados sugerem que elas são manifestações de partículas aceleradas e carregadas de calor que vêm do Sol e interagem com uma parte específica do campo magnético da Terra na ionosfera. A equipe publicou suas descobertas na Science Advances na última quarta-feira.

Os cidadãos cientistas não estavam certos sobre o que viram, então chamaram a estranha aurora de "Steve". O nome pegou e MacDonald e sua equipe o mantiveram, propondo o acrônimo retroativo Strong Thermal Emission Velocity Enhancement (Aprimoramento de velocidade de fortes emissões termais). Apesar de os cientistas conhecerem as correntes de baixa-altitude de partículas carregadas por décadas, eles não tinham ideia de que elas poderiam produzir auroras vísíveis. Mas agora que as pessoas têm smartphones e câmeras digitais mais sensíveis que as usadas por cientistas antes, elas puderam identificar essas raras auroras, que duram apenas cerca de uma hora.

O que torna a Steve único?

Ao contrário das auroras polares vermelhas, verdes e amarelas, com formato mais fino, como de cortina, Steve aparece como uma faixa através do céu em uma cor malva ou arroxeada. Às vezes, se combina com pequenos traços verdes parecidos com uma cerca de estacas. No passado, algumas pessoas chamaram erroneamente esses fenômenos de "arcos de protons", mas Steve é mais estreito, com uma estrutura mais nítida.

Em vez disso, MacDonald e seus colegas associam Steve a algo chamado de "desvio de íon sob a aurora”. Isso acontece mais a sul, a cerca de 60 graus acima do equador, onde o alinhamento dos campos elétricos e magnéticos globais fazem com que íons e elétrons fluam rapidamente na direção leste-oeste, aquecendo-os durante o processo. A aurora parece ser sazonal, não aparecendo no inverno, e coincide com a metereologia espacial – partículas carregadas lançadas pelo sol.

"Como essa é uma nova forma de observar um fenômeno relacionado ao espaço, ela oferece uma nova forma de estudá-lo", diz Vassilis Angelopoulos, físico espacial na Universidade da Califórnia em Los Angeles, não envolvido no estudo. "Cidadãos cientistas também podem ajudar a triangular essas auroras e determinar a altitude delas”. (Saiba o que acontece quando o polo magnético da Terra muda)

The aurora known as Steve is seen over Lake Minnewanka in Alberta.

Foto de Paulo Fedozzi

Próximos passos

Agora, com mais interesse nessas auroras, MacDonald e outros cientistas planejam estudá-las a fundo para entender o que as causam, enquanto outros cidadãos cientistas estarão de vigia. Eles podem continuar desempenhando um papel, pois se avistarem uma de um lugar diferente, os cientistas podem usar essas observações para deduzir onde e quão alta ela está.

Astrônomos amadores podem tentar avistá-las em regiões ao norte, como Alberta, Montana ou Michigan, ou no hemisfério sul, na Nova Zelândia. MacDonald sugere baixar o aplicativo para seu projeto de ciência cidadã, o Aurorasaurus, que alerta as pessoas quando a aurora pode ser vista.

Mencionando uma similaridade com a rica história de contribuições de cientistas cidadãos à ornitologia, MacDonald acrescenta que "encontrar Steve é como descobrir uma nova espécie de pássaro."

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