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Página do Fotógrafo
Alessandro Cinque
Tecnologias que estão sendo desenvolvidas para fornecer água em meio às mudanças climáticas podem ser caras, como dessalinizar a água do oceano. Para aqueles sem recursos ou acesso, as redes de neblina são simples: funcionam instantaneamente, duram anos e ajudam a garantir o acesso a uma necessidade humana básica.
Durante a pandemia da Covid-19, o governo peruano pagou para que as empresas locais de abastecimento de água doassem água aos bairros que antes tinham que pagar pela água entregue por caminhões. A partir de março de 2023, a água não será mais gratuita, e custará mais do que o que os moradores do centro da cidade pagam.
Usando água coletada de redes de neblina, Mercedes Huamani Mitma cultiva uma horta de frutas e verduras que ajudam a alimentar sua família. "Onde há água, há vida", disse ela a Cinque.
A população de Lima dobrou nas últimas quatro décadas. As pessoas vão para a capital em busca de empregos, educação e saúde; algumas delas foram forçadas a sair de suas casas como resultado da mudança climática. Os desastres naturais, a seca, a diminuição das geleiras e outras mudanças relacionadas ao clima estão pondo em perigo a subsistência de mais de 12 milhões de peruanos, de acordo com um estudo de 2021.
Apelidada de Lima la Gris (Lima, a cinza), a cidade está nublada e densa de neblina durante metade do ano. As redes são usadas somente durante o outono e o inverno de Lima, de abril a setembro, quando a neblina costeira é suficientemente densa para que as redes coletem água.
Lima está localizada em um deserto costeiro, e a maior parte da água da cidade é canalizada a partir de reservas de geleiras andinas derretidas e águas subterrâneas. Mas nem todos têm acesso às tubulações da cidade. Cerca de 430 mil pessoas vivem em Villa Maria del Triunfo, vista aqui, e cerca de 20% vivem em extrema pobreza.
As redes de nevoeiro podem ser enormes, com mais de 9 metros de comprimento e 9 metros de altura, do tamanho de dois grandes carros empilhados um em cima do outro. Para encher seus baldes, os residentes devem subir 20 degraus de escada. Para o fotógrafo Alessandro Cinque, as grandes redes, empoleiradas no topo das colinas, lembram as cruzes católicas.
Moradores do bairro de Triunfo, em Lima, preparam uma rede de captura de névoa. A invenção é simples, uma grande rede de nylon é enfiada entre dois polos. Ao prender a névoa, as gotículas se condensam como vapor em uma cortina de chuveiro, e em seguida escorrem em recipientes. Cada rede pode durar cinco anos.
Abel Cruz sabe o que é viver sem água. Depois de deixar sua cidade natal de Cusco, Peru, ele viveu em um dos acampamentos de migrantes de Lima, onde a água é entregue em caminhões por um preço elevado. Agora, o engenheiro industrial é presidente de uma organização sem fins lucrativos que ajuda outras comunidades a criar seus próprios coletores de névoa.
Garúa, (chuvisco, em espanhol), é o nome que os peruanos dão ao nevoeiro sazonal de Lima. Durante esta época do ano, as correntes oceânicas empurram a água fria do oceano para a superfície, onde ela resfria o ar e forma nuvens espessas e baixas. A garúa continua viajando por terra, através dos vales dos rios, até atingir a Cordilheira dos Andes.