Bem-vindos à Terra: Will Smith visita os extremos do nosso planeta
Enquanto visitava lugares insólitos para a nova série da National Geographic, o ator relembrou conselhos de sua avó sobre como enfrentar seus medos.
O vulcanólogo Jeffrey Johnson (à esquerda), Will Smith e o explorador Erik Weihenmayer se preparam para descer ao vulcão Yasur, em Vanuatu.
Welcome to Earth, uma série original Disney+ da National Geographic, estreia em 8 de dezembro.
A frase “bem-vindos à Terra” soa como uma saudação aos alienígenas – o que a maioria de nós poderia muito bem ser, se levarmos em conta o pouco conhecimento que temos sobre nosso planeta.
Em Welcome to Earth, série original Disney+ da National Geographic, o ator Will Smith explora os confins do planeta Terra. Três anos atrás, Smith apresentou outra série da National Geographic sobre as maravilhas da Terra – One Strange Rock. Desta vez, o ator deixa o estúdio para se aventurar em alguns dos ambientes mais extremos do planeta – mares profundos, desertos, geleiras – com um grupo diversificado de pesquisadores e aventureiros.
Ainda que estivesse cauteloso no início, Will Smith encara todo tipo de desafios ao longo de seis episódios. “Minha avó costuma dizer: ‘as melhores coisas da vida encontram-se para além do medo’”, diz o ator. “Espero que a dona Gigi esteja certa.”
A National Geographic Society, comprometida em proteger e ensinar sobre as maravilhas do nosso planeta, financiou o trabalho sobre biologia do fundo do mar realizado pela exploradora Diva Amon.
Embora desconfortável na água, Smith dobra seu corpo esguio em um pequeno submersível amarelo nas Bahamas e brinca que a cápsula parece ter vindo do mundo de Star Wars. Enquanto ele e a Exploradora da National Geographic e bióloga marinha Diva Amon submergem, a luz do sol se torna apenas uma memória. Como uma trinidadiana que cresceu mergulhando de snorkel, Amon explica que mais de 99% do mundo submarino ainda não foi explorado. “Temos mapas mais detalhados de Marte, Vênus e da Lua do que do fundo dos nossos oceanos”, diz a bióloga.
Conforme o submersível desce, um penhasco se aproxima. “Não temos ideia do comprimento total dessa estrutura”, afirma Amon. “Ninguém nunca esteve aqui antes.” Smith pergunta se ele pode nomear a descoberta, seguindo as “regras dos exploradores”. Ele apelidou a grande rocha de Monte Fresh, em referência a Fresh Prince, nome que usava como rapper na década de 1980 e que inspirou o famoso programa de TV Um Maluco no Pedaço, da década de 1990.
Depois de atingirem o fundo do oceano, a cerca de mil metros de profundidade, as luzes do submersível são desligadas e eles ficam na escuridão total. Momentos depois, a vida marinha dá um show fabuloso de bioluminescência – emissões de luz criadas por organismos vivos. “É provavelmente a forma de comunicação mais comum do planeta”, observa Amon.
Ari Handel e Darren Aronofsky, coprodutores executivos de Welcome to Earth, trabalham juntos desde que eram colegas de quarto na Universidade de Harvard. Agora, se juntaram à produtora de criação Jane Root e realizam trabalhos que mostram como a ciência, mesmo por meio de uma discussão sobre o bolor limoso, tem o poder de fascinar. Quanto a Will Smith, Handel vê seu papel dessa forma: “Ele é um de nós, tirando o fato de ser o Will Smith, então, claro, ele é mais charmoso, mais articulado, mais engraçado.”
As aventuras em cada episódio são reforçadas pelas cativantes reações de Smith. “Ele mergulhou de cabeça nessas experiências de maneira sincera e respeitosa diante das maravilhas do mundo”, diz Root.
Seja observando um desfiladeiro na Namíbia ou uma geleira na Islândia, para Smith, a curiosidade supera o terror. Em um helicóptero com o aventureiro Dwayne Fields, ele conta que, na infância, era um garoto intimidado e medroso. Fields também fala sobre sua própria juventude difícil, quando se envolveu com gangues em Londres. Depois que uma arma apontada para ele falhou – e isso aconteceu duas vezes – Fields decidiu mudar de vida, e estabeleceu grandes objetivos. Hoje ele é aclamado como o segundo homem negro a chegar ao Polo Norte.
A confiança de Fields superava a hesitação de Smith na Islândia, enquanto avançavam lentamente por um buraco no glaciar para explorar o caminho do derretimento do gelo. Em seguida, munidos com equipamento à prova d’água para protegê-los das águas geladas, eles remam em um caiaque rio abaixo formado pela convergência da água do degelo, enfrentando corredeiras ao longo do caminho.
Smith não fez nenhum treinamento especial para essas atividades. “A avaliação de riscos é um aspecto sobre o qual a equipe trabalha bastante”, explica Root. “Como vamos fazer isso e voltar vivos?”
O grupo da Islândia era parte de uma equipe de 700 membros trabalhando em 34 países. Como a pandemia complicou as viagens, os produtores pensaram em gravar o programa na casa de Smith.
“Teríamos um episódio tão emocionante no quintal dele quanto em qualquer um desses lugares mais distantes”, insistiu Aronofsky.
Ainda assim, locais exóticos rendem programas fantásticos para a TV. Erik Weihenmayer, um explorador cego, e Smith encaram uma espécie de portal para o inferno – a borda do vulcão Yasur, em Vanuatu, no Pacífico Sul, onde 'bombas de respingos' de lava derretida explodem bem abaixo da superfície. Weihenmayer diz que isso é o “show de fogos de artifício mais insano que você pode imaginar na Terra”.
Um vulcanólogo conduz os participantes pelas paredes da cratera para instalar sensores para registrar os ruídos do vulcão. “Parece o começo de uma piada muito ruim: ‘Um rapper, um cego e um vulcanólogo descem de rapel para dentro de um vulcão...’”, brinca Smith.
Quando foram gravar no Serengeti, na Tanzânia, a presença leve de Smith quebrou a tensão da espera pela ação – ele ficava cantando.
Smith disse que desejava testemunhar a grande migração dos gnus desde que leu uma história na revista National Geographic há cerca de 30 anos sobre os mais de um milhão de gnus e sua jornada pelas planícies.
Quando o primeiro gnu se aventura cautelosamente no rio Mara, um crocodilo gigante ataca. Os outros mamíferos desajeitados param, mas acabam cruzando. Smith observa tudo isso de um jipe na margem do rio, fascinado.
“Cresci na cidade, não tive esse convívio com a natureza – muito menos dessa forma”, diz Smith. “Esse é um mundo totalmente novo para mim.”