Essas pessoas deixaram suas vidas mais coloridas ao tornarem-se cuidadores de papagaios

Fotógrafo entra no mundo selvagem das pessoas que se dedicam a estas belas aves.

Por Mary Bates
fotos de Miisha Nash
Publicado 22 de nov. de 2018, 07:30 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Karen cuida de duas araras resgatadas, Max (na foto) e Scarlett. Ela cuida também de 17 papagaios de estimação em um aviário perto de sua casa. Isso exige que Karen os limpe e alimente três vezes ao dia, sete dias por semana, além do seu emprego em período integral.
Foto de Miisha Nash

Quando o bombeiro BRIAN Wilson aposentou-se, em 1995, ele planejava preencher seus dias dando aulas sobre fogo e segurança pública para crianças. Ele gostava de levar seus pássaros para essas ocasiões. Assim, descobriu que as aves eram uma maneira divertida de transmitir a mensagem. Ele até ensinou sua arara-vermelha, Rocco, a parar, cair e rolar.

Mas um acidente de carro devastador deixou Wilson com ferimentos graves e permanentes, destruindo seus planos para a aposentadoria. Desde então ele recuperou a habilidade de falar e andar e diz que o crédito para seus progressos são de suas aves.

Michael relaxa em sua sala de estar com uma xícara de chá e uma arara recém-adotada de ombros vermelhos.
Foto de Miisha Nash

“Meus pássaros me reabilitaram”, diz Wilson. “Pelo o que eles fizeram por mim, eu quero resgatar toda ave que puder e fazê-las as aves de cativeiro mais felizes do mundo”.  

Atualmente, Wilson comanda um  santuário de aves sem fins lucrativos em Maryland, nos EUA, onde ele reabilita pássaros abandonados. Ele fornece um lar para 36 dos pássaros grandes e inteligentes e adota outros.

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    Julie Porter brinca com a cacatua Dewy, enquanto Steve, seu marido, tenta convencer o pássaro a pular em seu ombro. O casal, junto há mais de nove anos, adotou várias aves.
    Foto de Miisha Nash

    Wilson aparece na série do fotógrafo Miisha Nash, “The Wild Ones.” Nash começou a fotografar aves e seus cuidadores em 2014, documentando pessoas no Reino Unido e nos Estados Unidos que compartilhavam suas vidas com dezenas de pássaros.

    “Eu descobri essa subcultura de pessoas que estavam recebendo pássaros em casa que já tinham sido animais de estimação, mas precisavam ser realojados e criar santuários para eles”, diz Nash.

    “Inicialmente, eu queria fotografar apenas as aves. Mas as pessoas que eu conheci tinham personalidades incríveis!”.

    No Brasil, um animal silvestre adquirido sem procedência legal não pode ser legalizado, mesmo que já esteja em cativeiro há muito tempo.

    Max voa de sala em sala como parte de sua rotina diária na casa de Karen Adams em Overton, na Escócia. A impressionante arara-canindé é o primeiro pássaro de resgate adotado por Karen, um presente de seu marido, Simon.
    Foto de Miisha Nash

    Problemas de pássaros

    O fascínio pelos Psittaciformes (ordem de aves que inclui espécies famosas como papagaios, araras, cacatuas e calopsitas) é compreensível: eles são criaturas belas, inteligentes e sociais. Eles conseguem aprender truques e são fofos com pessoas de confiança. Então, por que precisam ser resgatados?

    Pássaros, principalmente aqueles que não foram devidamente socializados e treinados, podem ser destruidores, bagunceiros e barulhentos. Eles exigem muita atenção e cuidados diários consistentes. Depois que a novidade desaparece e os donos percebem o nível de responsabilidade exigido por esses animais, muitas aves acabam precisando de um novo lar.

    Um tímido papagaio-do-mangue senta-se sobre uma gaiola na fundação de Wilson, onde um punhado de voluntários cuidam de mais de 37 papagaios diariamente.
    Foto de Miisha Nash

    Outro problema é o simples fato de que muitas aves vivem mais que seus donos. Grandes papagaios e araras, por exemplo, podem viver até os 100 anos.

    Nestes casos, os resgates são sempre em sequência. Mas mudar de casa para casa e de dono para dono pode ser traumático para os pássaros sensíveis. Algumas aves chegam aos santuários tendo arrancado as próprias penas ou com problemas comportamentais.

    “Eles são seres que sentem, ficam magoados”, diz Nash. “As pessoas que assumem essa responsabilidade estão fazendo uma coisa boa, porque a necessidade disso é um subproduto de humanos que querem ter um pássaro”.

    Escolhendo as aves

    Nash diz que as pessoas que fotografou compartilham algumas características, como uma paciência extraordinária e um forte senso de empatia por outras criaturas.  

    Debi Howard, voluntária pela primeira vez na Wilson Parrot Foundation, faz amizade com um papagaio da Amazônia enquanto prepara frutas para a refeição do meio-dia das aves.
    Foto de Miisha Nash

    Resgatar e cuidar de aves abandonadas pode parecer algo altruísta, mas Nash também vê esses animais preenchendo as necessidades psicológicas de seus cuidadores.

    “Eu acho que é uma maneira de ter um relacionamento íntimo que você pode controlar”, diz Nash. “Essas aves são totalmente dependentes de seus cuidadores para todas as suas necessidades. Os cuidadores de psittaciformes provavelmente também são atraídos pelo aspecto do serviço e desfrutam a sensação de serem necessários”.

    Cuidar de dezenas de pássaros é um trabalho de amor que requer devoção completa. Ainda assim, cuidadores como Wilson dizem que é uma alegria poder cuidar desses animais.

    “Quando você dá a um pássaro tudo que ele quer”, ele diz, “eles devolvem dez vezes mais amor para você”.

    Nash diz que “The Wild Ones” é uma história de amor. A série é sobre quem nós, como humanos, escolhemos amar e como. É sobre nosso amor pela beleza e pelo exótico – um amor que às vezes nos leva a colocar pássaros em gaiolas.

    “Acabou sendo sobre como os humanos amam outras criaturas, que é só condicionalmente”, diz Nash. “Mas quando um pássaro ama alguém, ele ama essa pessoa incondicionalmente”.

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