Podemos clonar cachorros – mas isso é uma boa ideia?

Os cães clonados da Barbra Streisand fizeram algumas manchetes recentemente, mas o processo já está disponível para o público de alto poder aquisitivo há mais de uma década.

Por Sarah Gibbens
Publicado 1 de mar. de 2018, 16:55 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Barbara Streisand segura sua cachorra, Sammie. Quando Sammie morreu ano passado, a cantora e atriz fez dois clones dela.
Foto de KMazur, Wire Image, Getty

Em sua carreira, a cantora e atriz Barbra Streisand raramente se conformou com o segundo lugar. Quando sua querida cadela Samantha morreu no ano passado, uma Coton de Tulear de 14 anos, ela manteve seu estilo e a clonou.

Em uma entrevista para a revista Variety, Streisand revela que células obtidas da boca e do estômago foram usadas para fazer dois clones, chamadas Miss Scarlett e Miss Violet. (Fotos dos cães podem ser vistas no Instagram de Streisand.)

A revista Variety cita a estrela dos palcos e vencedora do Oscar, que disse: “Elas têm personalidades diferentes... Estou esperando para que fiquem mais velhas para ver se elas terão os mesmos olhos castanhos e a seriedade.”

Poucos detalhes adicionais foram fornecidos quanto ao motivo que levou Streisand a clonar seus cães ou onde eles foram feitos, mas para aqueles que têm cerca de 100 mil dólares, é uma opção viável para qualquer dono de animal de estimação. Empresas como a Sooam Biotech, na Coréia do Sul, e ViaGen, no Texas, oferecem o serviço a um público de alto poder aquisitivo. Mas se você deve ou não clonar o seu cachorro ainda é um debate.

Como são feitos os clones de cães?

Produzir um cão clonado requer diversos outros cães que vão ajudar a dá-lo vida.

Em uma entrevista para a Scientific American, o autor de um livro sobre clonagem de cães, John Woestendiek, explicou o processo:

“Além da amostra de tecido do cão original, os clonadores terão de coletar óvulos de cadelas no cio, por volta de uma dúzia delas. E após dar uma carga de eletricidade nas células combinadas para que comecem a se dividir, serão necessárias cadelas que servirão de mães de aluguel e que carregarão os filhotes até o nascimento.”

Durante o processo, o núcleo é removido dos óvulos da doadora original e injetados com o material do animal que será clonado.

Em seus sites, Sooam Biotech e ViaGen confirmam que seus clones são criados a partir de uma gestação e parto. Os cães nascem aproximadamente 60 dias após a injeção com o embrião clonado, às vezes através de parto cirúrgico.

Eles são parecidos?

Animais clonados contém os mesmos genes exatos de seu doador, mas podem demonstrar pequenas variações em como esses genes serão expressados. Padrões no pelo e a cor dos olhos, por exemplo, podem ser diferentes.

Em relação à personalidade, não é uma surpresa que os cães da Streisand se comportem de maneira diferente do seu primeiro cão. A personalidade dos cães é influenciada pelo ambiente onde o filhote nasce, então é improvável que isso possa ser replicado em laboratório.

Eles são saudáveis?

A FDA monitora a clonagem de animais como ovelhas e cabras e, de acordo com o site da agência, animais clonados são geralmente saudáveis. Mas os cães possuem sistemas reprodutivos um pouco mais complicados, tornando-os mais difíceis de serem clonados.

Quando os primeiros cães foram clonados, cientistas estavam preocupados que os clones envelhecessem mais rápido que cães que nasceram naturalmente. Mas, na maioria dos casos, os clones são tão saudáveis quanto cães que não foram clonados.

O primeiro clone de cachorro foi criado em 2005, uma Afghan Hound chamada Snuppy, na Coréia do Sul.

Snuppy viveu até os 10 anos de idade antes de morrer de câncer. Afghan Hounds vivem por volta de 11 anos.

Em 2015, cientistas deram um passo ainda maior ao clonarem três novos filhotes a partir da Snuppy. Em um estudo publicado na revista Nature sobre a pesquisa, cientistas afirmaram que os cães aparentavam ser saudáveis e normais, e que seriam monitorados ao longo dos anos.

A clonagem de cães é polêmica?

Diferente dos animais da indústria pecuária, a clonagem de animais de estimação é pouco regulamentada. Em 2005, a Califórnia tentou aprovar uma lei que bania a prática. Deputados citaram riscos com a saúde e a preocupação de que o controle de animais se tornasse muito difícil se futuros donos decidissem por clones ao invés da adoção. No fim, a lei não foi aprovada.

Sem a devida fiscalização, é difícil saber quantos cães são clonados anualmente. Alguns grupos de defensores dos animais, como o Humane Society, são contrários à prática.

Medidas para fiscalização propostas pela União Europeia também são focadas apenas na comida.

Não foi possível entrar em contato com a Sooam Biotech em tempo para a publicação deste artigo e a ViaGen se recusou a dar declarações.

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