Fóssil de lagarto mais velho do mundo encontrado – e por que isso é importante

Descoberto nos Alpes italianos 20 anos atrás, achado arqueológico está sendo chamado pelos cientistas agora de “mãe dos lagartos”.

Por Sarah Gibbens
Publicado 5 de jun. de 2018, 15:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT

Os cientistas podem ter agora um melhor entendimento de como era o primeiro lagarto do mundo.

Um fóssil recentemente estudado está sendo chamado pelos cientistas de “mãe dos lagartos”, porque se acredita que seja uma espécie primitiva da qual as atuais Squamata – lagartos e cobras – evoluíram posteriormente. Chamado de Megachirella wachtleri, o fóssil é de 240 milhões de anos atrás, de acordo com o estudo que o descreve, publicado essa semana na Nature.

Onde foi encontrado o fóssil?

O fóssil foi encontrado nos Alpes Italianos 20 anos atrás. Na época, os cientistas acreditavam que pudesse ser parente dos Squamata, mas não tinham evidências suficientes para descrevê-lo formalmente como um ancestral. Os detalhes do Megachirella não eram completamente discerníveis e os cientistas não tinham um grande entendimento da linha evolutiva dos Squamata.

Como parte de uma análise mais recente, cientistas levaram o espécime para uma instalação no Norte da Itália, onde foram feitas tomografias computadorizadas. As imagens resultantes mostraram o animal com mais detalhes, permitindo que os cientistas enxergassem dentro da rocha onde o animal ainda está alojado. As imagens revelaram características que finalmente identificaram Megachirella como um Squamata.

Como os cientistas encontraram o seu lugar na árvore genealógica dos lagartos?

O principal autor do estudo, Tiago Simões, passou mais de quatro anos montando a linhagem dos Squamata. Junto com seu orientador, Michael Caldwell, paleontólogo da Universidade de Alberta, ele montou o que o time diz ser o maior grupo de dados de répteis já compilado. Contém dados filogenéticos de 130 espécies de cobras e lagartos vivos e extintos.

“Eu passei quase 400 dias visitando mais de 50 museus e coleções de universidades em 17 países para colher dados de espécies de répteis vivas e fósseis, para entender o início da evolução de répteis e lagartos”, Simões disse à AFP.

Depois, usando dados das tomografias computadorizadas, o time pôde construir um modelo 3D da fisiologia do lagarto. Olhando para suas feições, eles deduziram que ele seguiu o caminho evolutivo de répteis primitivos, mas, crucialmente, ele surgiu antes da separação entre cobras e lagartos.

Por que essa descoberta é importante?

Os Squamata estão entre os mais diversos e difundidos grupos de criaturas do planeta, mas cientistas sabem surpreendentemente pouco sobre suas origens evolutivas. A nova descoberta já está ajudando paleontólogos a entender melhor como lagartos e cobras sobreviveram nos tempos pré-históricos e acabaram dando origem aos animais que vemos hoje.

“O espécime é 75 milhões de anos mais velho do que pensamos que fosse o lagarto mais velho do mundo”, disse Simões em uma coletiva de imprensa. Caldwell também diz que, para paleontólogos, Megachirella é parecido com a Pedra de Roseta, porque o fóssil está os ajudando a decodificar a árvore genealógica dos répteis.

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