Fóssil de lagarto mais velho do mundo encontrado – e por que isso é importante
Descoberto nos Alpes italianos 20 anos atrás, achado arqueológico está sendo chamado pelos cientistas agora de “mãe dos lagartos”.
Os cientistas podem ter agora um melhor entendimento de como era o primeiro lagarto do mundo.
Um fóssil recentemente estudado está sendo chamado pelos cientistas de “mãe dos lagartos”, porque se acredita que seja uma espécie primitiva da qual as atuais Squamata – lagartos e cobras – evoluíram posteriormente. Chamado de Megachirella wachtleri, o fóssil é de 240 milhões de anos atrás, de acordo com o estudo que o descreve, publicado essa semana na Nature.
Onde foi encontrado o fóssil?
O fóssil foi encontrado nos Alpes Italianos 20 anos atrás. Na época, os cientistas acreditavam que pudesse ser parente dos Squamata, mas não tinham evidências suficientes para descrevê-lo formalmente como um ancestral. Os detalhes do Megachirella não eram completamente discerníveis e os cientistas não tinham um grande entendimento da linha evolutiva dos Squamata.
Como parte de uma análise mais recente, cientistas levaram o espécime para uma instalação no Norte da Itália, onde foram feitas tomografias computadorizadas. As imagens resultantes mostraram o animal com mais detalhes, permitindo que os cientistas enxergassem dentro da rocha onde o animal ainda está alojado. As imagens revelaram características que finalmente identificaram Megachirella como um Squamata.
Como os cientistas encontraram o seu lugar na árvore genealógica dos lagartos?
O principal autor do estudo, Tiago Simões, passou mais de quatro anos montando a linhagem dos Squamata. Junto com seu orientador, Michael Caldwell, paleontólogo da Universidade de Alberta, ele montou o que o time diz ser o maior grupo de dados de répteis já compilado. Contém dados filogenéticos de 130 espécies de cobras e lagartos vivos e extintos.
“Eu passei quase 400 dias visitando mais de 50 museus e coleções de universidades em 17 países para colher dados de espécies de répteis vivas e fósseis, para entender o início da evolução de répteis e lagartos”, Simões disse à AFP.
Depois, usando dados das tomografias computadorizadas, o time pôde construir um modelo 3D da fisiologia do lagarto. Olhando para suas feições, eles deduziram que ele seguiu o caminho evolutivo de répteis primitivos, mas, crucialmente, ele surgiu antes da separação entre cobras e lagartos.
Por que essa descoberta é importante?
Os Squamata estão entre os mais diversos e difundidos grupos de criaturas do planeta, mas cientistas sabem surpreendentemente pouco sobre suas origens evolutivas. A nova descoberta já está ajudando paleontólogos a entender melhor como lagartos e cobras sobreviveram nos tempos pré-históricos e acabaram dando origem aos animais que vemos hoje.
“O espécime é 75 milhões de anos mais velho do que pensamos que fosse o lagarto mais velho do mundo”, disse Simões em uma coletiva de imprensa. Caldwell também diz que, para paleontólogos, Megachirella é parecido com a Pedra de Roseta, porque o fóssil está os ajudando a decodificar a árvore genealógica dos répteis.