Raro berçário de raias-mantas descoberto

Na costa do Texas, Estados Unidos, um recife de corais abriga um vibrante berçário onde crescem jovens raias.

Por Alejandra Borunda
Publicado 20 de jun. de 2018, 12:47 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Raia-manta gigante nada no recife Kingman, em ilhas remotas do Pacífico.
Raia-manta gigante nada no recife Kingman, em ilhas remotas do Pacífico.
Foto de Brian J. Skerry, National Geographic Creative

Enquanto nadava sob as águas, o biólogo marinho Josh Stewart observava uma raia-manta que havia se materializado de repente acima dele, quando precisou olhar mais de perto: o animal era jovem, com poucos metros de largura e nem de perto tão grande quanto uma raia-manta gigante adulta, que pode ser tão larga quanto uma girafa é alta.

Stewart, estudante de pós-graduação do Instituo de Oceanografia Scripps, já havia estudado as mantas durante anos, mergulhando com elas em todo o mundo, mas, em todo o seu tempo nos oceanos, ele havia visto apenas um ou dois outros espécimes jovens.

Quando voltou à superfície, compartilhou seu entusiasmo com os pesquisadores que regularmente mergulhavam e observavam a vida marinha neste recife, no Santuário Marinho Nacional de Flower Garden Banks, ao longo da costa do Texas e de Louisiana.

Mas eles não se impressionaram, já que sempre viam os jovens animais. Mesmo assim, Stewart sabia que não era normal ver tantas raias jovens juntas. Quando analisou 25 anos de dados de mergulho cuidadosamente coletados do local, seu palpite se confirmou: este era um berçário de raias mantas gigantes.

Em um estudo publicado na revista Marine Biology, Stewart e seus colegas descrevem um berçário repleto de jovens mantas, de recém-nascidas a adolescentes. Um espaço seguro para as jovens raias crescerem e se desenvolverem.

“É realmente importante para nós sabermos onde estão estes berçários” diz Andrea Marshall, especialista em raias na Fundação Megafauna Marinha, em Moçambique, e exploradora da National Geographic. “É essencial sabermos sobre qualquer lugar que tenha pequenas mantas, para que possamos focar nossas estratégias de conservação”.

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A Indonésia é um destino turístico famoso pelas águas cristalinas. Mas este mergulhador flagrou o paraíso subaquático repleto de lixo.

Zona de relaxamento

Mantas gigantes oceânicas levam tempo para crescer. As fêmeas, que podem viver até os 40 anos, não têm seus primeiros filhotes antes de completarem oito ou dez anos de idade.

Por isso, toda arraia adolescente que navega pelo berçário em Flower Garden Banks é valiosa, um produto do tempo, esforço e energia de sua mãe.

Elas são também valiosas para a continuidade da espécie, que está listada como ameaçada sob o Ato de Espécies Ameaçadas dos Estados Unidos.

Os números estimados para sua população total são escassos, especialmente para a misteriosa raia manta gigante. Mas aparições de sua parente próxima, a raia manta de recife, caíram 90% na última década em muitas partes do mundo.

A pesca é a maior ameaça para as mantas, visadas por suas brânquias, filamentos delicados e macios com os quais elas filtram seu alimento da água do mar.

As brânquias são vendidas para fins medicinais na China, onde movimentam um mercado anual de quase 11 milhões de dólares, apesar de não terem nenhuma aplicação histórica na medicina tradicional chinesa.

As mantas também são “incrivelmente talentosas na arte de ficaram presas em equipamentos de pesca” explica Stewart, o que torna as graciosas criaturas muitas vezes vítimas de captura acidental, suas longas asas emaranhadas em redes de cerco ou de arrasto.

Os pesquisadores ainda não sabem ao certo por que o berçário de Flower Garden Banks é tão atrativo para as jovens mantas, mas eles querem entender o que faz um recife raso e vibrante ser um local tão bom para se desenvolver.

“Estas são as áreas que abrigam os animais durante a fase mais delicada de suas vidas” diz Giuseppe Nortarbartolo di Scioria, ecologista e conservacionista marinho no Instituto Tethys, na Itália. Ele espera que, ao compreender o local do berçário, pesquisadores possam desvendar como encontrar e proteger outros berçários importantes ao redor do mundo.

Stewart concorda. “Quanto mais compreendermos por que estas áreas são importantes” ele diz, “melhor poderemos adequar as [estratégias de conservação]” e ajudar a assegurar que as jovens raias vivendo nestes berçários vivam o suficiente para terem seus próprios filhotes.

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