86 tigres resgatados de atração turística na Tailândia morreram sob custódia do governo

Desde 2016, mais da metade dos felinos resgatados do controverso Templo dos Tigres não sobreviveram.

Por Dina Fine Maron
Publicado 24 de set. de 2019, 10:40 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Em 2016, 147 tigres foram resgatados em uma operação do governo no Templo dos Tigres, na ...
Em 2016, 147 tigres foram resgatados em uma operação do governo no Templo dos Tigres, na província de Kanchuanaburi, Tailândia, seguindo alegações de abuso dos animais e reprodução para tráfico ilegal de suas partes.
Foto de Dario Pignatelli, Getty

Três anos depois que 147 tigres foram resgatados do famoso Templo dos Tigres na Tailândia, autoridades do governo estão relatando que 86 dos animais resgatados morreram. A causa da morte oficial, de acordo com o governo tailandês, foi uma doença viral agravada pelo endocruzamento dos tigres.

Durante anos que antecederam a remoção dos tigres do templo budista, formalmente conhecido como Wat Pa Luangta Bua Yannasampanno, a instalação servia como uma popular atração turística onde visitantes tiravam selfies com os tigres e davam mamadeira para os filhotes. No entanto, uma  denúncia da National Geographic e um trabalho da organização Australiana, Cee4Life revelaram práticas controversas, incluindo supostos maus tratos e aceleração na reprodução dos tigres para fornecer partes do corpo para tráfico ilegal.

Tais denúncias intensificaram a pressão pública para fechar a instalação, mesmo quando centenas de chamadas “fazendas de tigres” surgiam pelo sudeste da Ásia. Em 2016, os tigres – uma mistura de espécies e subespécies – foram resgatados do Templo dos Tigres, localizado a cerca de 160 quilômetros de Bangcoc, e colocados sob custódia do governo.

Mortes agonizantes

Sybelle Foxcroft, cofundadora da Cee4Life, começou a investigar o templo em 2007 como parte de sua tese de mestrado e mais tarde colaborou com a National Geographic na denúncia de 2016.

Ela disse que a notícia das mortes dos animais a deixou devastada, mas não foi uma surpresa. Quando ela visitou o templo, viu de perto sinais de danos neurológicos severos causados por doenças e alega que as doenças dos tigres foram adquiridas lá, e não nas instalações do governo.

Tigres na famosa instalação eram um atrativo turístico importante para visitantes que queriam tirar selfies com eles.
Foto de Steve Winter, Nat Geo Image Collection

“Um tigre em particular, Mek Jnr, mostrou sintomas severos em 2015 quando esbarrava em paredes, com as patas traseiras debilitadas e desorientado em alguns momentos”, escreveu ela em um depoimento no site da Cee4Life.

“Novamente, eu escrevi publicamente sobre Mek Jnr e praticamente implorei para o Templo dos Tigres ajudá-lo, mas eles ignoraram e disseram que ele estava bem. Ele estava longe de estar bem e acabaria morrendo em agonia.”

“Eu também sei que se o Templo dos Tigres tivesse continuado, e os tigres não fossem resgatados, ainda teriam morrido da mesma doença, mas a diferença seria que o Templo dos Tigres teria esfolado os corpos mortos e usado partes do corpo para vender.”

Condições precárias?

Desde sua remoção do templo em 2016, os tigres têm vivido em dois santuários de vida selvagem administrados pelo governo na Tailândia. Em uma declaração à imprensa, o Departamento de Parques Nacionais e Conservação da Fauna e Flora da Tailândia disse que os animais morreram de paralisia da faringe, um problema respiratório viral provavelmente agravado pelo fraco sistema imunológico do animal endogâmico. Alguns dos animais também sofreram de complicações graças à cinomose canina, uma condição que pode afetar cães e tigres.

 

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    Visitantes no Templo dos Tigres pagavam para dar mamadeira para os filhotes, como os dois nessa foto.
    Foto de Steve Winter, Nat Geo Image Collection

    A Reuters relata, no entanto, que o cuidador do templo, Athithat Srimanee, contesta que os animais tenham morrido devido à endogamia e a infecções adquiridas no templo. Em vez disso, ele alega que os animais morreram por causa das condições precárias nas instalações do governo, como pequenas jaulas.

    “A morte de mais da metade dos tigres resgatados do Templo dos Tigres em apenas poucos anos é, francamente, escandalosa”, diz Will Travers, presidente da Fundação Born Free, um grupo que se opõe a tirar qualquer animal da natureza. “Requer uma investigação completa e independente reportada ao gabinete do primeiro-ministro, e as descobertas deveriam ser colocadas em domínio público.”

    O governo tailandês disse em depoimento que continua a fornecer cuidados para os 61 tigres restantes, e que as condições em que eles vivem são seguras, destinadas a reduzir seu estresse e incluem exames regulares com veterinários. Ainda não disseram se há planos para mover os animais restantes para outra instalação.

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