Morre o último rinoceronte-de-sumatra na Malásia

Cerca de 80 rinocerontes-de-sumatra na Indonésia são tudo o que resta da espécie.

Por Jason Bittel
Publicado 30 de nov. de 2019, 09:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Harapan, um rinoceronte-de-sumatra macho, posa para foto no Centro de Conservação White Oak, na Flórida, onde viveu por um curto período antes de ser transferido para o Santuário de Rinocerontes-de-Sumatra na Indonésia.
Foto de Joël Sartore, National Geographic Photo Ark

rinoceronte-de-sumatra está agora extinto na Malásia. O último rinoceronte do país, Iman, morreu de câncer no sábado, informaram as autoridades da Malásia. Tam, o último rinoceronte macho da Malásia, morreu em maio. Restam apenas cerca de 80 indivíduos da espécie, todos vivendo na Indonésia.

“Iman recebeu os melhores cuidados e assistência desde a sua captura em março de 2014, até o último momento em que viveu. Ninguém poderia ter feito mais”, afirmou Christine Liew, Ministra do Turismo, Cultura e Meio Ambiente do Estado de Sabah.

Tam foi descoberto vagando por uma plantação de óleo de palma em 2008. Ele foi capturado e transferido para a Reserva de Vida Selvagem Tabin, no estado de Sabah. Os esforços para que ele acasalasse com duas rinocerontes fêmeas — Puntung, capturada em 2011, e Iman, capturada em 2014 — não tiveram sucesso.

Puntung foi sacrificada em 2017 em decorrência de um câncer. Devido a décadas de perda de habitat e caça ilegal, acredita-se que menos de 80 rinocerontes-de-sumatra restem na natureza, a maioria na ilha vizinha de Sumatra. O restante está espalhado por Kalimantan, na parte indonésia de Bornéu.

Aliás, restam tão poucos rinocerontes-de-sumatra que os especialistas acreditam que agora o isolamento seja a maior ameaça à continuidade da existência da espécie. Isso ocorre porque as fêmeas desta espécie têm propensão a desenvolver cistos e miomas em seus aparelhos reprodutivos se ficarem muito tempo sem acasalar (essa foi a causa da infertilidade de Iman. Ao que parece, a incapacidade de Puntung de manter a gestação resultou de ferimentos decorrentes de uma armadilha de caça e um aborto quando esteve livre na natureza).

É por essa razão que, em 2018, as principais organizações sem fins lucrativos de conservação do mundo, incluindo a National Geographic Society, anunciaram uma colaboração sem precedentes chamada Resgate do Rinoceronte-de-Sumatra. O objetivo? Encontrar e capturar com segurança o maior número possível de rinocerontes para que possam ser reunidos e para que a reprodução ocorra em cativeiro.

“A morte de Tam ressalta a grande importância das iniciativas de colaboração do projeto Resgate do Rinoceronte-de-Sumatra”, afirmou Margaret Kinnaird, encarregada das práticas com animais silvestres, por e-mail em maio.

“Temos que capturar os rinocerontes isolados restantes em Kalimantan e Sumatra e fazer o possível para incentivá-los a se reproduzir”.

O lento declínio de Tam

A saúde de Tam vinha piorando gradativamente desde o fim de abril, quando seu apetite e vivacidade diminuíram, informou Augustine Tuuga, diretor do Departamento de Vida Selvagem de Sabah, ao jornal malaio The Star. Após a morte de Tam, exames de urina mostraram que os rins do rinoceronte e talvez outros órgãos tinham começado a falhar.

Autoridades ainda não sabem dizer por que Tam padeceu tão rapidamente, mas talvez tenha sido apenas a idade avançada. Estima-se que Tam estivesse na casa dos 30 anos e a expectativa de vida desses animais varia entre 35 e 40 anos, disse Tuuga ao jornal The Straits Times, de Singapura.

“Tínhamos tanta esperança de que Tam produzisse filhotes em cativeiro. Mas essa esperança sumiu quando as últimas duas fêmeas em Tabin não conseguiram manter a gestação”, disse Kinnaird.

Apesar de Tam não ter conseguido produzir nenhum herdeiro, sua presença em cativeiro nos ajudou a compreender melhor a espécie.

“O trabalho que a Aliança do Rinoceronte de Bornéu fez com modernas técnicas reprodutivas, especialmente coletando óvulos e tentando gerar embriões, nos fez avançar no entendimento da biologia da espécie”, disse Susie Ellis, diretora executiva da Fundação Internacional Rinoceronte.

“O público precisa entender como é precária a sobrevivência dos rinocerontes-de-sumatra”, afirmou Ellis. “A perda de Tam representa praticamente 1% da população.”

Esperança renovada

Apesar de trágica, a morte de Tam é um chamado para encontrar mais animais na natureza, disse Kinnaird, que coordena os esforços da WWF em relação aos rinocerontes-de-sumatra há dois anos (a WWF também faz parte da coalizão Resgate do Rinoceronte-de-Sumatra).

A boa notícia é que, no fim do ano passado, a coalizão já tinha conseguido capturar outra fêmea, a Pahu. Sua transferência para um novo local de reprodução em Kelian foi tão importante que ela contou até com escolta policial e escavadeiras para desobstruir desmoronamentos.

Os especialistas acreditam que Pahu esteja reprodutivamente saudável, afirma Kinnaird. Ela se adaptou à nova casa e, com sorte, terá companhia em breve.

“Nossas pesquisas mais recentes indicam que ainda há alguns rinocerontes vagando pelas florestas de Kalimantan”, disse Kinnaird, “o que nos renova a esperança”.

“Precisamos manter nosso foco em salvar os 80 rinocerontes-de-sumatra restantes, utilizando uma combinação de proteção intensiva e reprodução em cativeiro, além de trabalhar com os moradores para promover o orgulho de o rinoceronte ser parte da herança biológica deles”, afirma Ellis. “Essa é uma batalha que não podemos perder.”

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