Três eventos astronômicos de junho que você não pode perder

Nos próximos dias, poderão ser observados em todo o planeta uma Superlua, o momento perfeito para ver o brilho de Mercúrio no céu e o solstício. Veja as datas e como acompanhá-los.

Uma superlua erguendo-se por trás da montanha Cerro Armazones, no deserto do Atacama, Chile.

Foto de G.Hüdepohl ESO
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 30 de mai. de 2022, 19:46 BRT

Em junho, o calendário astronômico traz a possibilidade de observar três grandes eventos visíveis em todo o planeta. A começar pela primeira Superlua do ano, seguida pela exibição de Mercúrio (em sua melhor posição para ser visto da Terra) e chegando no solstício, data que oficializa a troca de estações com o início do inverno no Hemisfério Sul e do verão no Norte. 

Esses fenômenos, segundo o astrofísico Roberto Dell'Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP), são conhecidos da humanidade desde antes do início do estudo formal dos astros. “São como marcadores físicos que ajudam as pessoas a se localizarem nos ciclos terrestres há milhares de anos.”

Saiba mais sobre o que são esses fenômenos astronômicos, quando acontecem e como vê-los.

Uma superlua vista ao nascer atrás do Capitólio dos EUA em março de 2020.

Foto de Joel Kowsky NASA

Superlua de Morango

Em 14 de junho, o céu noturno será iluminado pela primeira Superlua de 2022. De acordo com a Nasa, nesse dia o satélite natural da Terra aparecerá até 17% maior e 30% mais brilhante do que o normal. Tudo por conta de uma coincidência de ciclos. “Uma Superlua acontece quando a fase cheia da Lua coincide com o seu perigeu, que é o ponto em que ela está mais próxima da Terra”, explica Dias da Costa. 

O fenômeno ocorre devido à forma elíptica da órbita da Lua ao redor da Terra, mais oval do que circular. Há momentos em que ela se aproxima mais do planeta durante sua movimentação, o que os especialistas, também segundo a Nasa, chamam de perigeu. Nesse momento, a Lua fica a aproximadamente 360 mil km da Terra. No outro extremo, o ponto mais distante é chamado de apogeu, e fica há cerca de 400 mil km. 

“Não é raro a Lua estar nessas posições. Isso acontece uma vez a cada 28 dias, mais ou menos, que é o tempo do ciclo lunar. Só que esses momentos, às vezes, coincidem com o ciclo das fases", diz Dias da Costa. "Assim como chamamos de Superlua a Lua Cheia durante o perigeu, a chamamos de Microlua quando coincide com o apogeu.”

Em 2022, a Microlua acontece duas vezes – a próxima em 13 de julho. Já a Superlua de 14 de junho poderá ser vista logo após entardecer, e assim seguirá por toda a  noite. 

O que é a Superlua de Morango

Além de aparecer maior no céu, a Superlua de junho também serve como um marco, sendo conhecida como Lua de Morango ou, no caso, Superlua de Morango. Mas o nome não significa que ela terá uma cor ou formato que lembra a fruta.

Segundo Dias da Costa, alguns momentos de Lua cheia recebem nomes específicos a depender da época do ano. Isso porque povos nativos norte-americanos os usavam como indicadores para saber o melhor momento de plantar, colher ou caçar, por exemplo, comenta o especialista.

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    “A Lua de Morango é conhecida assim pois marca o mês em que os frutos selvagens amadurecem nos países do Hemisfério Norte, no final da primavera”, explica Dias da Costa. Ainda de acordo com ele, outro exemplo disso é a Lua do Caçador, a primeira Lua Cheia de outubro. “Também é a última Lua Cheia antes da temporada de frio, e que acontece enquanto os animais estão mais gordos pela fartura do verão. Os povos nativos da América do Norte usavam essa Lua para caçar e acumular bastante carne para o inverno.”

    Qual é o melhor dia para ver Mercúrio

    Também em junho, na madrugada do dia 16, será possível observar Mercúrio, “o mais chatinho de ver dos planetas”, segundo Dias da Costa. “Dos planetas visíveis a olho nu conhecidos desde a antiguidade, Mercúrio é o planeta mais complicado de se ver porque está muito próximo do Sol, o que ofusca a sua visualização.”

    Em 16 de junho, no entanto, Mercúrio estará no máximo afastamento angular possível em relação ao Sol, ou seja, o mais afastado da estrela, permitindo uma melhor visualização. “Para quem gosta de observar planetas, é uma boa oportunidade.”

    Como encontrar Mercúrio no céu

    O planeta poderá ser visto momentos antes do Sol nascer, a leste, "mas o brilho dele não é tão forte: parecerá uma estrela fraquinha”, explica Dias da Costa, que recomenda o uso de aplicativos que ajudam a localizar corpos celestes no céu noturno para identificá-lo.

    Além de Mercúrio, os planetas Marte, Júpiter e Saturno também estarão visíveis nessa madrugada. “Tivemos uma conjunção planetária recentemente, então, alguns dos planetas visíveis a olho nu ainda estão próximos, facilitando a visualização.”

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    O que é uma superlua?
    A superlua ocorre quando a lua cheia está no ponto da sua órbita mais próximo à Terra. Esta posição da lua, em qualquer uma de suas fases, é chamada de perigeu. Normalmente, acontece  uma vez a cada 14 meses. Então, fique de olho para não perder uma visão estonteante da lua.

    A chegada do solstício de inverno

    Por fim, no dia 21, acontece o solstício de inverno no Hemisfério Sul (e de verão na parte norte do planeta). Ele ocorre sempre duas vezes ao ano, nos meses de junho e dezembro, é o fenômeno astronômico em que o Sol atinge o ponto de maior inclinação em relação ao Equador celeste (projeção da Linha do Equador terrestre para o Espaço).

    Segundo Dias da Costa, isso acontece pela combinação da órbita e ângulo da Terra em relação ao Sol. “A cada seis meses, um dos pólos da Terra está voltado para o Sol, o que causa uma diferença na quantidade de luz solar que cada hemisfério recebe”, explica.  Esse fenômeno também é o que determina as estações do ano em cada metade do planeta. “Além dos solstícios, que marcam o verão e o inverno, também temos os equinócios, que ocorrem quando a luz solar atinge os dois hemisférios aproximadamente na mesma quantidade e determina o começo da primavera e do outono.”

    Em sua plataforma web, a Nasa explica com mais detalhes como a rotação do eixo da Terra causa as estações do ano. "Ao longo do ano, diferentes partes da Terra recebem diretamente os raios do Sol. Portanto, quando o pólo norte está inclinado em direção ao Sol, é verão no hemisfério norte, e quando o pólo sul está inclinado em direção ao Sol, é inverno no hemisfério norte", diz o site.

    Solstício: um conhecimento milenar

    “A observação dos solstícios e equinócios era como os antigos determinavam o início e fim das estações do ano. Toda a nossa ideia de calendário e duração de um ano solar é baseada nesses marcos físicos”, explica Dias da Costa. 

    Segundo o astrofísico, se a humanidade tivesse determinado a duração de um ano apenas pelo tempo que a Terra leva para dar uma volta inteira em volta do Sol, as estações iriam “caminhar” ao longo do ano, ocorrendo em diferentes épocas. Isso porque o eixo de rotação da Terra, que “bamboleia como um pião", de acordo com o professor, muda a cada 26 mil anos, alterando a posição da órbita em que ocorrem os solstícios e equinócios. 

    “O calendário foi criado por razões práticas, para as pessoas saberem quando plantar, quando colher, quando levar o gado do lugar quente para o frio e vice-versa. Então, é essencial que ele acompanhe o ciclo das estações”, afirma. 

    Como ver o solstício

    Para quem se interessar em observar o solstício, Dias da Costa dá uma dica de experimento. No dia 21, “com um gnômon, que pode ser qualquer objeto que sirva de haste vertical para projetar uma sombra, como em um relógio de sol, observe a variação da sombra ao longo do dia. O menor comprimento de sombra que puder medir nesse dia será a sombra mínima mais comprida possível para aquele lugar do mundo”, diz ele. “No solstício de verão seria o inverso. A menor sombra do dia será a mais curta possível.”

    Para esse experimento, é preciso apenas um objeto para servir de haste, como um lápis, um lugar plano para colocá-lo na vertical e a luz do dia. “Com um pouco de giz ainda dá para desenhar um relógio de sol no chão", diz Dias da Costa, "e quase brincar de astronomia.”

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