Novo exame de sangue pode prever quando bebê for nascer prematuro

O nascimento prematuro é uma das maiores causas de mortalidade infantil, e este exame pode ajudar os médicos na previsão.

Por Sarah Gibbens
Publicado 13 de jun. de 2018, 12:17 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Uma mulher grávida recebe uma ultrassonografia de inspeção para seus bebês gêmeos.
Uma mulher grávida recebe uma ultrassonografia de inspeção para seus bebês gêmeos.
Foto de Greg Dale, National Geographic Creative

Dar à luz a um bebê prematuro é um dos maiores perigos que mães e seus bebês podem encarar. Complicações devido a nascimentos prematuros estão entre as maiores causas de mortalidade infantil nos Estados Unidos e também entre as maiores causas de morte entre crianças de menos de 5 anos no mundo.

Agora, uma equipe internacional de cientistas desenvolveu um novo tipo de exame de sangue que é quase tão eficaz quanto uma ultrassonografia para determinar o tempo de gravidez de uma mulher e, principalmente, quais são as chances de ela dar a luz antes do tempo.

O teste ainda está em seus primeiros estágios de desenvolvimento, mas a equipe diz que ele é mais barato e mais fácil de transportar do que um equipamento de ultrassonografia. Se esse teste for lançado comercialmente, ele pode permitir que mulheres grávidas que vivem em áreas pobres ou regiões remotas com poucos hospitais a acessarem mais facilmente esse tipo importante de tratamento pré-natal.

“Este é um estudo animador que realmente garante o investimento contínuo e avaliação em um grande grupo de mulheres”, diz Louis Muglia, diretor do Centro de Prevenção de Partos Prematuros no Cincinnati Children’s Hospital.

Por que o nascimento prematuro é tão perigoso?

Um nascimento prematuro é qualquer nascimento que ocorra pelo menos três semanas antes da mãe completar o período gestacional de nove meses. Muitos nascimentos prematuros são difíceis de prever e os bebês que nascem antes da hora podem sofrer de uma variedade de doenças físicas e neurológicas.

Esse problema afeta cerca de 9% das mulheres nos EUA. Apesar da genética ser um fator determinante no risco de parto prematuro, a saúde da mãe e outras condições ambientais também influenciam muito.

Por exemplo, mães abaixo do peso e mães que fumam sofrem um maior risco de ter um parto prematuro. Mães afro-americanas têm mais chances de ter um bebê prematuro, os prováveis motivos incluem problemas de saúde, como deficiência crônica de vitaminas.

O que o novo exame de sangue faz?

Descrito na revista Science, testes preliminares do novo exame de sangue puderam prever a idade gestacional de um bebê com 45% de precisão. Isso está perto dos números da ultrassonografia, que atualmente prevê a idade com 48% de precisão. Além disso, os pesquisadores puderam prever quais mulheres teriam bebês prematuros com 75 a 80% de precisão.

O exame funciona olhando para o que chamam de RNA cell-free no sangue da mãe. Essas pequenas “moléculas mensageiras” carregam instruções que dizem ao corpo como produzir proteínas. Nos testes, os cientistas examinaram níveis de RNA cell-free ligados a vários genes, para tentar descobrir qual poderia prever um parto antes da hora.

Devido a isso, a equipe de pesquisa primeiro decidiu como determinar o estágio da gravidez. Vinte e uma mulheres dinamarquesas ofereceram amostras de sangue semanalmente até terem seus bebês com uma gravidez completa. Isso ajudou os cientistas a estabelecerem um modelo que mostrava quais genes poderiam ser usados para determinar a idade gestacional. O modelo foi verificado usando amostras de sangue de 10 outras mulheres.

Então, o time colheu sangue de 38 mulheres americanas que tinham dado à luz prematuramente em uma gravidez anterior. Os pesquisadores tiraram amostras de sangue durante o segundo e terceiro trimestres das gravidezes dessas mulheres. Desse grupo, 13 tiveram seus bebês prematuramente de novo e 25 tiveram gravidez completa. Comparando os grupos, a equipe identificou RNA cell-free de sete genes que parecem identificar um nascimento prematuro.

“Achamos que é a mãe mandando um sinal de que está pronta para ter o bebê”, disse a coautora do estudo, Mira Moufarrej, da Universidade de Stanford, em uma coletiva de imprensa.

Qual é o próximo passo?

Os autores do estudo admitem que o exame ainda está em seus primeiros estágios. Para começo de conversa, os testes observaram apenas um pequeno número de mulheres e o exame não será aprovado até que eles possam aumentar a amostragem.

Ainda assim, os pesquisadores dizem que o exame é promissor. Métodos anteriores de prever partos prematuros eram muito pouco confiáveis, já que muitos se baseavam apenas de a mãe ter tido um parto prematuro anteriormente ou observavam fatores que só poderiam ser identificados no fim da gestação.

Além disso, um trabalho mais aprofundado na identificação de gatilhos genéticos para partos prematuros pode ajudar os cientistas a um dia desenvolver tratamentos para não apenas prever, mas também combater esse problema.

“Eu passei muito tempo ao longo dos anos trabalhando para entender os partos prematuros”, disse o coautor Mads Melbye, de Stanford, em coletiva de imprensa. “Este é o primeiro verdadeiro progresso científico significante sobre este problema em muito tempo.”

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