Como a espaçonave Cassini vai enfrentar seu fim em chamas

Depois de 13 anos explorando Saturno, a sonda mergulhará na atmosfera do planeta para seu "grand finale" explosivo.

Por Nadia Drake
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:36 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Assista a Saturno: A Joia do Universo, dia 24, às 22h45, no canal National Geographic.

Amanhã, 15 de setembro, uma bola de fogo atravessando o céu de Saturno vai anunciar o fim de uma era: será a última missão da espaçonave Cassini.

Cassini começou a explorar o sistema de Saturno em 2004. Por mais de 13 anos, ela orbitou e sobrevoou o planeta anelado e suas várias luas, executando milhões de comandos e nos enviando de volta 450 mil imagens.

Apesar da tentação de manter Cassini como habitante permanente do sistema, mesmo depois do fim do combustível, a última missão científica da sonda será se autodestruir ao mergulhar na atmosfera de Saturno.

“Sinto que o fim da missão está se aproximando de mim bem mais rápido do que eu esperava”, disse a projetista científica Linda Spilker. “No último dia, vou sentir uma mistura de tristeza e imenso orgulho de tudo que ela realizou.”

Fim do espetáculo

Em 11 de setembro, a lua Titã deu um leve empurrão gravitacional e lançou Cassini em direção a Saturno. Hoje, 14 de setembro às 17:22 no horário de Brasília, a espaçonave enviou as últimas fotos que tirou. Desde então, estará em contato direto com a Terra até o momento final.

Amanhã, 15 de setembro às 7:32, a sonda inicia a entrada na atmosfera saturniana. Enquanto a fricção atmosférica aumenta, a nave vai diminuir a velocidade, esquentar e começar a cair.

Saturno: A Joia do Universo – O que aprendemos com a missão Cassini?
A Missão Cassini chega ao fim após 20 anos. Seus dados coletados serão analisados por muito tempo e ainda podem promover descobertas incríveis.

Eventualmente, os motores serão acionados a 100% da capacidade. Se alguém observasse o céu do planeta no momento, veria algo semelhante a um meteorito. Até os últimos instantes, Cassini ajustará sua posição para enviar dados à Terra enquanto for possível.

Cientistas esperam receber os últimos sinais às 8:55. O último suspiro será como um sussurro do além: a espaçonave já terá deixado de existir quando o sinal atingir a antena na Austrália, 83 minutos depois de deixar Saturno.

Assim, pelo menos no futuro próximo, o sistema de Saturno ficará em silêncio.

Legado permanente

Coincidentemente, Cassini vai ser destruída um mês antes do aniversário de 20 anos do lançamento. Ela deixou o Cabo Canaveral, na Flórida, em 15 de outubro de 1997, e chegou em Saturno em 1º de julho de 2004. A espaçonave começou a encantar os cientistas imediatamente, enviando imagens deslumbrantes do icônico planeta e suas mais de 60 luas.

No início, Cassini lançou a sonda Huygens à nebulosa e alaranjada lua Titã, a segunda maior do sistema. Sua atmosfera densa de nitrogênio esconde lagos oleosos e oceanos. Hoje, graças à Cassini, sabemos que Titã está entre os melhores lugares para se buscar vida alienígena.

Depois, a espaçonave da Nasa avistou enormes gêiseres em erupção nas fendas do polo sul da pequena Encedalus, uma lua gelada que abriga um oceano global escondido. Como Titã, Encedalus também é considerada um dos lugares mais prováveis de se encontrar vida fora da Terra.

As duas luas são as razões para evitar que Cassini continue orbitando Saturno para sempre.

As reservas de combustível da sonda secaram, e deixá-la navegando o sistema sem controle é um risco – ela poderia se chocar com um desses mundos. Mas, mesmo sabendo que destruir Cassini é o melhor a se fazer pela ciência, membros da equipe já estão de luto pelo fim da querida espaçonave.

“Amava acessar meu computador toda manhã e dar uma rápida olhada nas últimas imagens enviadas por Cassini”, disse Carl Murray, da Universidade de Londres Queen Mary. “Era como ter sua própria webcam monitorando as condições do outro lado do Sistema Solar!”

Com o fim da espaçonave próximo, as mídias sociais estão repletas de lamentos – incluindo os gritos de uma conta no Twitter que não consegue lidar com o fim de Cassini.

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