Testado o ‘impossível’ motor da Nasa. Confira o resultado

Os primeiros testes independentes do EmDrive sugerem que há uma explicação mundana para um dispositivo tão controverso.

Por Nadia Drake
Publicado 23 de mai. de 2018, 12:53 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
O motor da Nasa Eagleworks EmDrive dentro de uma câmera de testes.
Foto de NASA, Alamy

Viagens espaciais são difíceis. Lançar uma carga pesada, a própria nave espacial e talvez até pessoas em grandes velocidades a distâncias interplanetárias (sem contar o luxo de fazer paradas no caminho) requer uma quantidade de combustível grande demais para os foguetes atuais levarem para o espaço.

Parece impossível, mas cientistas dos Laboratórios Eagleworks, da Nasa, estão construindo e testando algo exatamente assim. Chamado de EmDrive, a engenhoca que desafia a física gera propulsão ao simplesmente fazer micro-ondas serem transmitidas dentro de uma cavidade fechada em forma de cone, sem a necessidade de combustível.

Seria como se Han Solo pilotasse a Millennium Falcon apenas batendo a cabeça no painel. E se você acha que isso parece controverso, você está certo.

Ilustração mostra como é um EmDrive.
Foto de iStock, Getty Images

O dispositivo chegou às manchetes pela última vez em 2016, quando um estudo teve suas informações vazadas e divulgou os resultados da última rodada de testes na Nasa. Agora, pesquisadores independentes na Alemanha construíram seu próprio EmDrive, com o objetivo de testar conceitos inovadores de propulsão e determinar se o aparente sucesso é verdadeiro ou uma farsa.

Então, o que eles descobriram?

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    “A ‘propulsão’ não está vindo do EmDrive, mas de alguma interação eletromagnética”, relatou a equipe em anais divulgados após uma conferência recente em propulsão espacial.

    O grupo, liderado por Martin Tajmar, da Universidade Técnica de Dresden, testou o dispositivo em uma câmara de vácuo com diferentes sensores e bugigangas automatizadas acopladas a ele. Os pesquisadores tinham o controle das vibrações, flutuações térmicas, ressonâncias e outras fontes potenciais de propulsão, mas não conseguiram proteger o dispositivo dos efeitos do próprio campo magnético da Terra.

    Quando ligaram o sistema – mas reduziram a energia que chegava à propulsão, ou seja, não havia a agitação das micro-ondas – o EmDrive ainda conseguia produzir empuxo, algo que não deveria ser possível caso ele funcionasse da maneira que a Nasa alegava.

    Os pesquisadores concluíram preliminarmente que o efeito medido é resultado do campo magnético da Terra interagindo com cabos de energia dentro da câmara, resultado com o qual outros especialistas concordam.

    “No caso do EmDrive, interações com o campo magnético da Terra parecem liderar entre as possíveis explicações para o pequeno empuxo observado”, diz Jim Woodward, da Universidade do Estado da Califórnia, em Fullerton. Woodward desenvolveu seu próprio dispositivo propulsor, chamado Mach Effect Thruster, também testado pela equipe de Dresden.

    Para determinar o que está acontecendo com o EmDrive, o grupo precisa vedar o dispositivo em um escudo feito de algo chamado Mu-metal, que o protege contra o magnetismo do planeta. É importante notar que este tipo de escudo não fazia parte do aparato de testes original da Eagleworks, o que sugere que as descobertas também podem ser resultado da ação dos campos magnéticos.

    Isso parece um golpe contra o conceito do EmDrive, mas Woodward ainda não está pronto para desistir da engenhoca. Além da falta do escudo feito em Mu-metal, os testes nos laboratórios de Dresden foram conduzidos em níveis de potência muito baixos, o que significa que “qualquer sinal real seria provavelmente abafado por ruídos de fontes espúrias”, disse.

    Parece, então, que um teste com ainda mais potência será exatamente o necessário para ajudar a encerrar o debate.

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