3 coisas legais que aprendemos com o mapa gravitacional de Marte
O vibrante mapa feito pela NASA mostra a geologia escondida do Planeta Vermelho e pode definir suas oscilações sazonais.
A NASA publicou um incrível mapa de Marte com o terreno do planeta de um jeito que não é visível a olho nu. Ele usa a gravidade para revelar novos detalhes sobre o centro da atmosfera do Planeta Vermelho.
“Ele dá uma ideia das crateras e protuberâncias da superfície do Planeta” disse Richard Zurek do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA, que não estava envolvido com o mapeamento. “É incrível que você possa rastrear isso da nave espacial voando 289 km acima da superfície de Marte, pela linha da atmosfera do Planeta.”
Para revelar as rugas gravitacionais da Marte, Antonio Genova e seus colegas do MIT analisaram 16 anos de dados de registro de três satélites, buscando indicadores de oscilações nas três posições e velocidades causadas por variações nos puxões do planeta.
O resultado final, publicado no dia 5 de março na revista científica Icarus, examina essas diferenças extremamente pequenas das alturas do vulcão Olympus Mons, o mais alto do sistema solar, para as profundezas do sistema de cânions Valles Marineris. ”É um projeto muito legal,” afirma Zurek, que ajudaria no debate sobre a misteriosa história geológica de Marte. Aqui estão três coisas que você precisa saber sobre o novo mapa de gravidade, e os mistérios que ele poderia ajudar a resolver.
O dióxido de carbono de Marte fica mais evidente
Talvez a maior descoberta do novo estudo é que a gravidade é uma excelente ferramenta de rastreamento de clima.
Ao observar a oscilação da gravidade das frígidas capotas polares de Marte, Genova e seus colegas confirmaram que durante o inverno nórdico, mais de 4 trilhões de toneladas de dióxido de carbono congela fora da atmosfera e se empilha no polo. A mesma coisa acontece no polo sul durante o inverno daquele hemisfério. Essa mitigação de gás sazonal envolve cerca de um sexto da atmosfera de Marte por massa.
E mais, a equipe foi capaz de rastrear o ciclo de CO2 gravitacional do planeta nos últimos 16 anos, deixando que os pesquisadores vissem como o ciclo solar está praticamente a 11 anos de subida e descida em atividade afetada pelo movimento do gás. Seus cálculos combinam bastante om as medições no mundo real coletadas pelos rovers na superfície de Marte.
”Com nossos dados – obtidos da nave espacial que orbita Marte –fomos capazes de medir a variação da massa nas calotas polares, e essa abordagem basicamente pode nos dar outra visão de como o clima em Marte evoluiu durante os últimos bilhões de anos, disse Genova.
“Canal enterrado” – a teoria fica mais embaixo
O novo mapa também ajuda a explicar o canal de gravidade que fica nas planícies nortes de Marte, entre as montanhas Tempe Terra e planícies Acidalia Planitia, o local do livro de ficção científica e filme Perdido em Marte.
Estudos prévios já haviam identificado um caminho norte-sul de anomalia de baixa gravidade como um gigante canal por onde foram transportados água e sedimentos, mas que depois foi enterrado por erupções massivas do vulcões Tharsis de Marte há bilhões de anos. A nova análise mostra que o “canal” segue uma margem geológica entre os bem diferentes hemisférios norte e sul de Marte, revelando ser uma ruga na crosta de Marte, criada quando os vulcões Tharsis jogaram quantidades enormes de lava.
Esse não é o único estudo a atribuir esse papel gigante aos vulcões Tharsis: Um trabalho recente até propõe que as erupções dos vulcões inclinaram Marte até 20 graus em seu eixo, conforme o planeta foi desequilibrado pela massa adicional na superfície.
O centro de Marte é viscoso
A nova análise não foi somente no âmbito superficial: Usando os mesmos dados, os pesquisadores também puderam ver quanto o sol e a lua de Marte, Fobos, esticam gravitacionalmente o planeta vermelho. Confirmando um estudo de referência de 2003, eles descobriram que a elasticidade observada de Marte é explicada melhor se o planeta tiver um núcleo externo líquido com cerca de 3 400 a 3 600 quilômetros de extensão.
Dentro da Terra, um núcleo externo líquido ajuda a dar energia ao dínamo que oferece ao nosso planeta seu campo magnético de proteção. O estudo de Genova pode contribuir com o esclarecimento da história trágica do campo magnético de Marte, que foi de um escudo pleno como o da Terra a um mísero resíduo em seu hemisfério sul. Sem um campo magnético forte e com a extensão do planeta, emissões de partículas do Sol podem explodir rapidamente a atmosfera recente de Marte, destruindo os antigos oceanos do planeta e talvez condenando qualquer vida marciana nascente.
Bem impressionante, para um modelo baseado nas agitações orbitais sutis de três satélites.
Publicado em 24 de Março de 2016.
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