Fotos revelam a opressão no Zimbábue antes do 'golpe'

O presidente Robert Mugabe foi detido, mas seu governo é palco de turbulências há décadas.

Por Sarah Gibbens
Publicado 17 de nov. de 2017, 13:24 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT

No início da manhã de quarta-feira, a embaixada dos EUA alertou os cidadãos do Zimbábue para ficarem dentro de casa, a salvo da tempestade política que se encontra no país.

Durante a noite, militares colocaram o presidente zimbabuense Robert Mugabe e sua esposa em prisão domiciliar. Segundo a Reuters, veículos blindados também bloqueavam estradas para vários edifícios governamentais.

Após a exibição da ação militar, soldados supostamente assumiram o controle da empresa de transmissão ZBC. Falando para uma câmera, o Major-General Sibusiso Moyo afirmou que o presidente zimbabuense, Robert Mugabe, estava "seguro e sadio".

"Estamos perseguindo criminosos próximos a ele e que estão causando sofrimento social e econômico no país", disse Moyo, lendo os comentários escritos. Ele afirmou que o país voltaria ao normal depois a missão fosse realizada.

Os militares foram mais longe, alegando que nenhum golpe havia sido realizado. Em vez disso, os militares disseram que estavam organizando uma "correção".

Ainda não está claro se um golpe ocorreu ou está em andamento – um golpe é geralmente definido como um evento em que um chefe de Estado e/ou partido no poder é removido do poder a força. Se Mugabe vai ou não voltar ao poder, somente o futuro dirá. Mas a situação atual tem muitas características de um golpe, de acordo com a BBC.

A TV estatal retomou a programação normal, mas o futuro político do país é incerto.

Os eventos desta semana provavelmente foram desencadeados pela decisão de Mugabe na semana passada de demitir seu antigo vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. Mnangagwa foi considerada uma opção viável para assumir a posição de Mugabe, de 93 anos de idade, mas a demissão abriu o caminho para que sua esposa, Grace Mugabe, tomasse o poder.

O Zimbábue tem sido prejudicado por turbulências há décadas. Para as gerações mais novas, Mugabe é o único líder que conheceram.

DOCUMENTANDO A TURBULÊNCIA

Em 2013, o fotógrafo Robin Hammond documentou o Zimbábue para uma reportagem da revista National Geographic. As fotos mostram o descontentamento sob o domínio de Mugabe. O líder e seu partido, a União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica, tem esmagado oposição e dissidência há décadas, disse Hammond.

"Sim, eu o chamaria de ditador", disse Hammond, quando perguntado se ele acreditava que Mugabe poderia ser classificado como tal.

Nos anos que passou documentando o que ele chama de uma guerra silenciosa, a impressão que marcou Hammond é de um país com potencial não realizado. O Zimbábue tem abundância de recursos naturais que, meio século atrás, pareciam estar prestes a lançar a nação em direção a um futuro próspero.

HISTÓRIA TUMULTUADA

Antes sujeito ao colonialismo britânico, o país já foi parte de uma região conhecida como Rodésia. O Zimbábue, tal como existe hoje, tomou forma no final da década de 1970, quando Mugabe e seu partido negociaram acordos de paz. Mugabe foi oficialmente eleito em 1980 –  é um dos chefes de estado mais duradouros do mundo moderno.

A economia, instável desde a década de 1980, causou um declínio a longo prazo. Quem pôde, fugiu do país em busca de melhores oportunidades econômicas. Muitos dos que ficaram morreram na pobreza.

Partidos políticos de oposição surgiram ao longo dos anos, mas ou foram reprimidos pelo partido no poder ou eram muito desorganizados para ser um candidato viável, disse Hammond.

"Minha previsão é, infelizmente, que possamos estar enfrentando mais do mesmo", disse.

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