Por que o Tiranossauro Rex não conseguia sacudir a língua

Cientistas tiveram uma surpresa ao olhar para dentro das bocas de jacarés e pássaros modernos.

Por Theresa Machemer
Publicado 25 de jun. de 2018, 12:05 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Fósseis de dinossauros descobertos no nordeste da China revelam ossos hioides preservados em suas bocas, o ...
Fósseis de dinossauros descobertos no nordeste da China revelam ossos hioides preservados em suas bocas, o que mostra uma evidência das línguas antigas.
Photographs Courtesy Li et al. 2018

Você pode ficar surpreso com o que a língua de um dinossauro pode te ensinar.

Comparando os pequenos ossos que estabilizam a língua de fósseis de dinossauros àqueles de pequenos pássaros e crocodilianos, pesquisadores descobriram que muitos dinossauros, inclusive o Tyrannosaurus rex, não poderiam mover muito suas línguas. No artigo, publicado em PLOS ONE , pesquisadores correlacionaram as línguas da maioria dos dinossauros às de jacarés, que são firmemente presas ao chão da boca.

Isso significa que, quando você vê um dinossauro rugindo na telona e a saliva está voando de uma língua longa que está levantada e saindo para além daquela mandíbula enorme, você pode virar para seu vizinho e dizer “Sabe, não aconteceria exatamente assim”. E você estaria certo.

Como os filmes erraram

Para compreender a anatomia das línguas dos dinossauros, pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, e a Academia de Ciências Chinesa estudaram uma grande variedade de fósseis, inclusive dinossauros parecidos com pássaros, herbívoros e o icônico T. rex, e os compararam a fotos de alta resolução que tiraram de treze espécies modernas de pássaros e três jacarés. Os pesquisadores focaram no osso hioide, um osso delicado no alto da garganta que é ancorado e dá apoio à língua, esperando esclarecer a maneira como esses traços evoluíram em diferentes linhagens.

O que eles descobriram foi que os ossos hioides da maioria dos dinossauros eram curtos e simples, como os dos jacarés. Isso sugere que eles comiam como seus primos modernos. O osso hioide curto de um jacaré e, consequentemente, sua língua imóvel, significam que ele tem que deixar a comida passar passivamente pela sua boca.

Esta não é a primeira semelhança que Julia Clarke, coautora do estudo e professora na Universidade do Texas, Austin, encontrou entre dinossauros e jacarés. Em 2016, seu estudo sobre vocalização de dinossauros descobriu que, diferentemente dos rugidos dramáticos e gritos que estamos acostumados, grandes dinossauros faziam ruídos baixos. “Eles foram reconstruídos do jeito errado por muito tempo”, disse Clarke em uma coletiva de imprensa. (Aprenda mais sobre os T.rex.)

Quando línguas voam

Alguns dos fósseis, no entanto, tinham os ossos da língua mais complicados. Esses eram os Pterossauros e os dinossauros voadores, que tinham ossos da língua semelhantes aos de pássaros modernos, que são complicados e muito variados. Os Pterossauros não deixaram descendentes, mas são uma linhagem única de répteis voadores descobertos no século XVIII. (Aprenda mais sobre Pterossauros.)

Fóssil de dinossauro mais bem preservado
O fóssil de um nodossauro, dinossauro herbívoro que viveu há 110 milhões de anos, foi descoberto em Alberta, Canadá. É o fóssil mais bem preservado já descoberto.

Línguas de pássaros modernos variam de pontudas a bifurcadas e tubulares, com estruturas hioides que podem envolver a parte de trás do crânio ou se estender até a ponta da língua. Os dinossauros que a equipe estudou parecem ter diversidade similar, que levou a equipe a sugerir uma hipótese interessante. Talvez a evolução da destreza de língua esteja conectada à evolução do voo.

Os pesquisadores sugerem que quando os dinossauros trocaram suas mãos por asas, as línguas se tornaram mais importantes para manipular os alimentos. Adicionalmente, o voo pode ter trazido a possibilidade de comer comidas diferentes, que exigiam bocas diferentes ou mais especializadas para melhor acessar essas comidas.

Pássaros certamente têm línguas especializadas. Línguas de pinguins são cobertas de farpas viradas para trás que prendem a comida assim que ela entra na boca, já gansos têm línguas musculosas com laterais serradas que podem cortar as hastes das plantas. Alguns pica-paus usam línguas com ponta de farpa para atacar insetos, e beija-flores colocam suas longas línguas tubulares para fora para beber o néctar.

Os pesquisadores sugerem uma exceção à sugestão da equipe de que o voo esteja conectado à diversidade de língua. Herbívoros como o Triceratops e o Anquilosauro, que tinham que mastigar sua comida, também tinham ossos hioides complexos. No geral, o estudo de línguas antigas pode oferecer uma visão das vidas e habitats dos dinossauros e nos ensinar sobre a evolução dos pássaros que conhecemos hoje.

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