Catedral de Notre-Dame, em Paris, é atingida por incêndio

A catedral gótica de 800 anos, que sobreviveu a séculos turbulentos na história da França, vive o momento mais dramático de sua trajetória.

Por Jose Luís Corral Fuentes
Publicado 15 de abr. de 2019, 15:58 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Na década de 1240, o mestre de obras Jean de Chelles, o primeiro arquiteto de Notre-Dame ...
Na década de 1240, o mestre de obras Jean de Chelles, o primeiro arquiteto de Notre-Dame cuja identidade é conhecida, terminou a nave e as duas torres da fachada principal.

A Catedral de Notre-Dame, em Paris, é um dos símbolos arquitetônicos mais representativos da história da França. Erguida no coração da cidade, ela lidou, durante séculos, com a reverência dos parisienses e dos turistas. Nesta segunda (15/04), em um triste capítulo, o topo da construção foi atingido por um incêndio de grandes proporções.

Segundo informações da AP News, não foram registradas ocorrências de morte. As causas do incêndio também não foram confirmadas, mas há indícios de que o projeto de renovação da torre da igreja esteja por trás do acidente.

Declarada Patrimônio Mundial da Humanidade em 1991, a torre principal de Notre-Dame, com mais de 90 metros de altura, desmoronou após o incêndio, segundo noticiou o portal G1. O fogo não havia sido controlado té o fechamento desta reportagem.

A construção de Notre-Dame levou quase dois séculos do começo ao fim. O trabalho foi iniciado pelo santuário e pela nave. Em 1182, sob o reinado do rei Filipe II, o altar-mor foi consagrado. Maurice de Sully, bispo de Paris, pôde celebrar a primeira missa na catedral, mas morreu em 1196, quase 150 anos antes de as principais estruturas da catedral terminarem, em 1300.

Flying Buttresses
Notre-Dame foi um dos primeiros edifícios góticos a adotarem arcobotantes. Essas cintas permitiram que o prédio subisse mais alto, colocando o peso do teto e das paredes sobre elas.
Foto de Jean Lemoine/Getty Images

Quando a igreja foi projetada, o teto pesado exigia paredes grossas e resistentes para sustentá-la, o que limitava o tamanho das janelas e reduzia a quantidade de luz natural no prédio. Em 1220, o teto foi reconcebido com abóbadas de nervuras, uma das grandes inovações do estilo gótico, que usava costelas de pedra que se cruzavam para sustentar a estrutura. Como resultado, menos pressão foi colocada nas paredes de suporte e mais janelas poderiam ser mostradas.

Inovação gótica

Na década de 1240, o mestre de obras Jean de Chelles, o primeiro arquiteto de Notre-Dame cuja identidade é conhecida, terminou a nave e as duas torres da fachada principal (oeste). O trabalho começou nas fachadas do transepto, que foram completadas por seu sucessor, Pierre de Montreuil. Durante o seu mandato, de Montreuil supervisionou a instalação de novas janelas maiores, incluindo as três janelas rosas nas paredes norte, sul e oeste.

Os retoques finais do monumento foram implementados em 1300 pelo mestre construtor Jean Ravy, que foi um dos primeiros a empregar outra grande inovação arquitetônica gótica: arcobotantes, suportes externos para ajudar a sustentar o telhado e as paredes. Esses arcos permitem que a força imposta pelo teto alto seja transferida para o exterior, deixando as paredes internas livres de suportes e realçando a majestade e graça do edifício. Essas estruturas podem ser vistas ao longo do santuário e se tornaram uma das características mais emblemáticas de Notre-Dame.

Encoberta agora por chamas, a catedral fica na Île de la Cité, uma ilha no centro do Sena. O rio atravessa Paris, onde as pessoas vivem há séculos. Paris leva o nome da tribo celta dos Parisii, subjugada por Júlio César no primeiro século a.C. No século 3, Paris já era uma cidade considerável, abrangendo a Île de la Cité e a Île Saint-Louis, outra ilha situada no Sena. A cidade estava bem posicionada para controlar a passagem de mercadorias ao longo da hidrovia e tornava-se rica. No século 10, Paris era o centro de uma nova potência europeia emergente.

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    Os arcobotantes podem ser vistos ao longo do santuário e se tornaram uma das características mais emblemáticas de Notre-Dame.
    Foto de Günter Gräfenhain, Fototeca 9x12
    Esta reportagem foi atualizada às 18h30 de segunda-feira (15/05)
     

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