Luzes verdes podem salvar pássaros e tartarugas de redes de pesca

Novo estudo indica que os animais tiveram menos chances de ficarem presos em redes de pesca que tinham luzes de LED.

Por Sarah Gibbens
Publicado 20 de jul. de 2018, 12:37 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Pássaros marinhos como este são suscetíveis a ficarem presos em redes de pesca. Um novo artigo ...
Pássaros marinhos como este são suscetíveis a ficarem presos em redes de pesca. Um novo artigo mostrou que cormorões são dissuadidos quando as redes têm luz verde.
Foto de Pierre GLEIZES, Rea, Redux

Cientistas esperam que uma luz verde possa oferecer a conservacionistas da vida animal um pouco de esperança.

Um novo estudo descobriu que luzes de LED verdes presas a redes de emalhar – um tipo de rede que fica pendurada como uma cortina na água – reduziu o número de cormorões, um tipo de pássaro marinho, acidentalmente presos ao mergulhar para pegar peixes em 85%

Esse método foi originalmente desenvolvido para salvar tartarugas. Verde foi a cor escolhida porque as tartarugas conseguem enxergar, mas peixes não, isso significa que a luz pode ser usada para espantar tartarugas, mas não prejudica a pesca.

Todas as espécies de tartarugas marinhas estão ameaçadas de extinção, e a pesca acidental é uma ameaça a sua existência. Estudos anteriores do mesmo grupo de pesquisa mostraram que o número de tartarugas marinhas pegas por acidente em redes de pesca caiu em 64% quando as luzes de LED foram instaladas. O novo estudo, publicado na revista Open Science, está dando esperança aos pesquisadores de que mais espécies possam ser salvas com uma ferramenta de baixo custo.

114 redes de pesca com luzes de LED a cada 10 metros foram usadas em estudos feitos na costa do Peru.
Foto de ProDelphinus

Grupos de direitos dos animais, no entanto, estão céticos de que o método não impeça mais danos aos animais oceânicos.

Testando

Criaturas marinhas que são acidentalmente levadas aos barcos de pesca são chamadas de “capturas acessórias”. É uma consequência não intencional que os pescadores e conservacionistas tentam evitar. Todos, de golfinhos e baleias a tartarugas e tubarões acabam virando capturas acessórias todos os anos. Para espécies cujo número populacional já é baixo, isso acaba piorando o dilema.

Empresas de pesca também são incentivadas a reduzir a captura acessória porque esses animais podem danificar as redes.

Para testar a eficácia da luz, o biólogo da University of Exeter, Jeffrey Mangel trabalhou com o grupo de conservação peruano Pro Delphinus para estudar 114 redes – com média de 500 metros de comprimento – na  costa de Constante, Peru.

“Testamos nesse lugar em particular porque há uma alta taxa de interação com tartarugas marinhas”, diz Mangel. Campainhas acústicas foram testadas nas redes para afastar golfinhos e baleias com um certo sucesso. Os sons embaixo da água detém os cetáceos porque os animais usam a acústica para se comunicar. Um método eficaz para afastar pássaros e tartarugas não apareceu até agora.

Os cientistas não têm certeza do porquê da luz funcionar.

“O que sabemos é que parece funcionar, agora a pergunta é ‘por que funciona?’”, diz Mangel.

O ecólogo da NOAA John Wang observou como as tartarugas interagem com a luz em 2007 e concluiu que, quando colocadas em um tanque escuro, a luz as atraíam.

Wang, que também é autor desse artigo, diz que a razão das tartarugas serem atraídas pela luz naquele estudo, mas repelidas agora pode ser explicada como “a maneira como um animal responde a uma sugestão sensorial em um contexto específico”.

No caso da rede de emalhar, uma tartaruga ou pássaro pode simplesmente ser capaz de fugir porque vê uma barreira na água.

A teoria de que o contexto é a chave para o uso de luzes de LED pode também explicar por que o método não funciona no espinhel, um método de pesca onde a isca é presa a uma longa linha. Muitos pescadores prendem varetas luminosas perto da isca para atrair os peixes.

Todos podem usar?

No Peru, redes de emalhar são o método de pesca mais comum usado por pequenas operações de pesca, e Mangel espera que integrar luzes nas técnicas de pesca possa ajudar a encontrar um meio termo entre aqueles que vivem do peixe e aqueles que querem que os animais marinhos sobrevivam.

“Essas comunidades são comunidades de pesca, estamos tentando achar soluções para que os pescadores continuem pescando”, diz Mangel.

“Para nós, isso parece escalonável. Se pudermos reduzir o custo das luzes para alguns dólares por luz, isso é algo que podemos implementar em pequena escala”, adiciona Mangel.

“Os possíveis benefícios dessa tecnologia de redes iluminadas para reduzir a captura acessória também pode criar oportunidades para uma pesca mais sustentável, dada a extensão das atividades de pesca com redes na costa peruana”, disse Juan Carlos Riveros, diretor científico da Oceana Peru em uma declaração. No entanto, ele pediu mais estudos sobre os impactos da luz.

“É importante investigar mais os impactos do uso dessa tecnologia em diferentes escalas antes de implementar”, diz ele.

Apesar de normalmente apoiarem qualquer método que reduza a morte de vida selvagem, alguns grupos de direitos dos animais estão sendo mais rígidos com essas redes.

“Normalmente, redes de emalhar são cortinas da morte tanto para espécies alvo quanto para as que não são alvo”, diz Todd Steiner, diretor da Turtle Island Restoration Network por e-mail. Suas preocupações com ideias como luzes de LED são de que uma tentativa de salvar uma espécie posa exacerbar o efeito em outra espécie.

Kenny Torilla do Mercy for Animals concorda com o posicionamento de Steiner, adicionando que sua organização apoia a retirada de peixe da dieta das pessoas.

Em estudos futuros, Mangel e Wang planejam continuar pesquisando como métodos de baixo custo como luzes de LED podem ser usados para deter outras espécies marinhas como golfinhos, baleias e toninhas.

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