Como o vórtice polar trouxe temperaturas recordes abaixo de zero aos EUA

Alguns estados enfrentam temperaturas mais geladas que o Ártico.

Por Sarah Gibbens
Publicado 31 de jan. de 2019, 18:09 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Uma pessoa anda na margem do lago de Chicago na quarta-feira, onde o ar do Ártico ...
Uma pessoa anda na margem do lago de Chicago na quarta-feira, onde o ar do Ártico proveniente do vórtice polar derrubou as temperaturas para quase -30ºC.
Foto de Kiichiro Sato, Ap

Se previsões meteorológicas no inverno não arrepiam você, pôr o pé para fora de casa, se você estiver visitando os Estados Unidos, certamente arrepiará.

Em algumas regiões do país, as temperaturas estão caindo abaixo do ponto de congelamento e certos locais do meio-oeste estão com temperaturas aproximadas inferiores a 4oC, e uma impressionante sensação térmica de aproximadamente -60oC, devido ao vórtice polar. A Accuweather prevê que os estados do meio-oeste enfrentarão temperaturas extremas até o fim desta semana e desaconselha sair com qualquer parte da pele exposta. A essas temperaturas quebradoras de recordes, o congelamento da pele pode ocorrer em apenas minutos.

Uma rajada de ar do Ártico

O que é o vórtice polar, o padrão climático que parece apocalíptico e é responsável por essas condições congelantes?

A expressão refere-se ao turbilhão de massa de ar do Ártico que fica sobre o polo Norte todos os anos. Seus redemoinhos giram no sentido anti-horário e, nos meses de inverno no hemisfério norte, alongam-se e chegam mais ao sul.

Com o crescimento do vórtice, esses frígidos turbilhões de ar são transportados ao sul por uma corrente de jato polar (também chamada de frente polar). Deslocando-se do oeste para o leste, a corrente de jato polar flutua mais ao norte no verão e mais ao sul no inverno em função das alterações na luz solar das estações. Juntamente com sua corrente de jato subtropical correspondente do sul, essas duas frentes exercem um papel determinante nas mudanças climáticas das estações.

Rajadas intermitentes do frio ar polar do vórtice surgem quando o vórtice fica mais instável, circulando em ondas em vez de um círculo restrito. Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, o ar frio mais denso do norte e as correntes de ar quentes que se deslocam para o sul podem juntos tornar o vórtice mais instável. Quanto mais instável o vórtice, maior a chance de que regiões da América do Norte, Europa e Ásia sintam rajadas desgarradas do clima do Ártico.

As mudanças climáticas desestabilizarão ainda mais o vórtice?

Só recentemente os cientistas começaram a entender como um clima alterado pelo aquecimento das temperaturas pode causar invernos mais frios.

Um estudo publicado em março passado no periódico Nature Communications descobriu um elo entre o ar mais quente no Ártico e os invernos mais frios nos Estados Unidos, sobretudo no nordeste do país.

Em um comunicado à imprensa sobre a pesquisa, Jennifer Francis, autora do estudo, declarou: “As temperaturas quentes no Ártico provocam guinadas bruscas na corrente de jato e, quando essa corrente oscila mais ao sul, o ar frio se estende mais para o sul. Essas oscilações costumam se prolongar, então o clima no leste dos Estados Unidos, seja frio ou quente, geralmente dura mais tempo.”

Uma teoria sobre o motivo desse fenômeno concentra-se na estabilidade das correntes de jato. Esses ventos ocidentais são propulsionados pela diferença entre o ar frio do norte e o ar quente dos trópicos. Sem uma grande diferença, as correntes de jato poderiam enfraquecer, concluiu um estudo publicado em outubro passado.

Embora as temperaturas globais estejam aumentando, as mudanças climáticas poderiam levar a condições climáticas mais inconstantes e extremas. Nas regiões do meio-oeste e nordeste dos Estados Unidos que enfrentam essas quedas acentuadas de temperatura, o risco de hipotermia torna possivelmente fatal o vórtice instável.

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