Os caçadores de baleia do norte do Alasca
Toda primavera, o povo Inupiat senta na borda do gelo e espera as baleias-da-groenlândia chegarem – uma tradição de pelo menos mil anos.
Publicado 22 de nov. de 2018, 18:49 BRST

No Nalukataq, o festival de pesca de baleias de Utqiaġvik, pessoas celebram uma produtiva temporada de baleias e agradecem a graça da fartura. Baleeiros bem-sucedidos são jogados para cima pelo grupo. A prática vêm de séculos e estimula a intimidade entre os aldeões.
As baleias-da-groenlândia são adaptadas a águas geladas. Em sua migração anual através dos mares Chukchi e Beaufort, elas quebram o gelo de até 2 metros de espessura a fim de abrir espaço para respirar.
Uma baleia-da-groenlândia abatida pode render toneladas de comida. O ninit – partilha comunitária de carne e gordura – é distribuído equitativamente para garantir que todos se beneficiem de uma caçada bem-sucedida. “A maior aspiração a que você pode ter é se tornar um capitão baleeiro”, comenta o fotógrafo Kiliii Yüyan. “É um trabalho que provê toda a comunidade.”
Durante a temporada de caça, os Inupiat não caçam outras coisas, mas um enorme bando de patos eider não dá para ignorar. J.R. Nungasak atira nas aves enquanto elas sobrevoam o gelo.
Thomas William Kingosak sempre carrega um rifle durante a caçada às baleias, no caso de um urso-polar atacar. Sabe-se que os ursos se aproximam dos acampamentos de caça em busca de comida.
Membros do clã Yugu limpam a pele de um nanuq, ou urso-polar, abatido quando se aproximou do acampamento. Alguns Inupiats acreditam que a diminuição do gelo marinho é responsável por um aumento no desespero dos ursos-polares por comida.
O capitão baleeiro Inugurak Reich e sua filha, Siana, buscam baleias no horizonte. Crianças Inupiat são encorajadas a participar da pesca e de outras atividades tradicionais, apesar dos perigos do gelo marinho. "Eu não quero que elas esqueçam de quem são", diz Reich.
Um caçador ouve as águas em busca de “músicas” de baleias próximas para avisar uma tripulação.
"Pescar baleias é comunitário. É preciso uma vila para puxar uma baleia", diz o capitão baleeiro Ned Arey. Mas esta baleia-da-groenlândia se mostrou impossível de tirar da água, apesar de mais de oito horas de esforço de dezenas inupiats. Ela foi abandonada depois de quebrar o gelo fino diversas vezes – possivelmente o sintoma de um Ártico mais quente.
Evelyn Donovan, mãe de um capitão baleeiro, posa para foto em sua varanda com peles de foca secando e o couro de um urso-polar.
Larry Lucas Kaleak é o novo co-capitão de uma equipe baleeira. Ele é responsável por muitas das tarefas do dia-a-dia, incluindo a vigília para evitar ursos-polares durante a noite.