Gigante desde a larva: veja o desenvolvimento do besouro-hércules

Com os chifres,  o besouro-hércules pode atingir 18 cm, sendo um dos maiores insetos voadores do mundo.

Publicado 16 de mai. de 2018, 18:45 BRT
Gigante desde larva: o desenvolvimento do besouro-hércules

UMA TRANSFORMAÇÃO ESTÁ acontecendo na América do Norte. Larvas brancas e molengas do tamanho de um dedão humano estão se isolando dentro de troncos apodrecidos.

Dentro das próximas semanas, estas larvas se transformarão em pesados insetos, tendo os machos da espécie um abridor de latas em suas testas e um nome que antes pertencia a um semideus romano.

Sim, estamos falando do besouro-hércules, um dos maiores insetos voadores do planeta.

Enquanto o besouro-hércules norte-americano pode chegar a 7,6 centímetros de comprimento, são seus primos sulistas, na verdade, que realmente impressionam, chegando a medir até 17 centímetros. O vídeo acima, filmado pelo entomólogo amador Hirofumi Kawano, oferece uma amostra da incrível jornada que cada besouro-hércules embarca para se transformar de larva em gigante.

Dynastes hercules, o besouro-hércules, nativo das Américas do Sul e Central, além das Índias Ocidentais, é o maior escaravelho do mundo” diz Brett Ratcliffe, especialista em escarabeídeos da Universidade de Nebraska-Lincoln.

Mas, para realmente compreender estes insetos e seu peso, você precisa assistir ao vídeo.

“As larvas desses besouros sul-americanos são quase do tamanho de uma linguiça”, comenta ele.

Câmara de fezes

A maioria das pessoas conhece alguma versão da história sobre a metamorfose da lagarta em borboleta. Mas você sabia que os besouros passam por uma transformação parecida, mesmo que um pouco menos agradável?

“A lagarta faz seu casulo a partir da seda que ela produz pela boca” compara Gwen Pearson, entomóloga da Universidade de Purdue. “Já os besouros criam uma câmara parecida com um casulo, mas que é construída com solo e seu próprio excremento”.

Aliás, Pearson diz que, quando vemos uma foto de uma enorme larva de besouro, aproximadamente um terço do que vemos é, na verdade, fezes.

A larva armazena seu próprio excremento para a construção de sua câmara pupal, onde ela se transformará em um besouro rígido e forte.

“Eles são incríveis”, diz Pearson, que cultivou e chocou alguns besouros-hércules orientais este ano. “Eles são os Transformers da vida real”.

Chifres enormes

Cientistas estudam os chifres dos besouros há mais de um século, segundo Ratcliffe, mas ainda há muito o que descobrir.

Por exemplo, nós sabemos que os besouros-hércules usam seus enormes chifres brilhantes para lutarem com outros machos e jogá-los para fora das árvores. Mas essas disputas não são, necessariamente, pelas fêmeas.

Ao invés disso, os machos parecem brigar pelo controle das melhores posições em um local de alimentação, como um ótimo fluxo de seiva saindo do tronco de uma árvore ou uma fruta especialmente suculenta.

É claro que as fêmeas também são atraídas por comida, por isso, ser o senhor de um local farto ajuda os machos a encherem suas barrigas e a encontrarem uma companheira.

Curiosamente, até os machos que não apresentam chifres tão impressionantes ainda conseguem passar seus genes para frente.

“Quando dois machos grandes estão brigando, um outro macho mais esperto pode chegar e acasalar com uma das fêmeas enquanto os primeiros machos estão ocupados com outras coisas” observa Ratcliffe.

Esforço hercúleo

Com mais de uma dúzia de espécies e subespécies de besouros-hércules no hemisfério ocidental, esses animais não devem desaparecer tão cedo. Mas está se tornando cada vez mais difícil encontrá-los na natureza.

Muitas espécies invasivas na América do Norte, como o besouro-verde e o besouro asiático, buscam as mesmas árvores desejadas pelos besouros-hércules, explica Pearson.

Além disso, operações madeireiras reduziram os habitats do besouro-hércules tanto na América do Norte quanto na América do Sul.

“Quanto maior for o desflorestamento, principalmente nos trópicos, onde não deixamos grandes troncos no solo para apodrecerem”, detalha a entomóloga, “mais rápido o habitat destes animais desaparecerá”.

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