Beber sozinho leva ao divórcio – em roedores

O arganaz-do-campo adora álcool e tem relacionamentos duradouros – características ideais para analisar a biologia e o comportamento humano.

Por Jason G. Goldman
Publicado 21 de nov. de 2017, 11:49 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
arganaz-do-campo
O arganaz-do-campo tem algumas qualidades muito humanas – formam relacionamentos de um vida inteira e amam álcool.
Foto de Joël Sartore, National Geographic Photo Ark

Há mais de mil tipos de roedores sobre nosso planeta, mas os arganazes-do-campo são especiais.

Ao contrário da maioria, essas criaturas formam laços monogâmicos  e gostam de beber álcool, características que aproximam os arganazes das pastagens norte-americanas aos seres humanos.

De acordo com um estudo publicado em 17 de novembro no periódico Frontiers in Psychiatry, os casais de arganazes-do-campo têm problemas semelhantes aos humanos quando um dos companheiros exagera na bebida.

Entre humanos, pesquisadores descobriram que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode dificultar relacionamentos, às vezes levando ao divórcio. Estudo descobriu que o uso excessivo de álcool ou drogas foi a terceira causa mais comum de divórcio nos Estados Unidos.

As relações são mais susceptíveis a ruptura quando um parceiro bebe muito e o outro não, embora o relacionamento normalmente permaneça normal se ambos beberem demais. Não está claro, no entanto, se o ato problemático de beber é a causa ou o efeito dos problemas de relacionamento.

BEBEDORES EM PESO

É aí que os arganazes entram. Para analisar se o consumo de álcool provoca as separações, o estudante de pós-graduação da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, Andre T. Walcott, juntou mais de uma centena de arganazes-do-campo e permitiu que formassem pares. Então, Walcott lhes forneceu álcool.

Em um terço dos casais, o macho recebeu uma solução de 10% de álcool e uma garrafa de água, enquanto a fêmea recebeu água. No próximo grupo, tanto os machos quanto as fêmeas foram autorizados a se embriagar. Um terceiro grupo consistiu em casais com apenas água, para servir de controle.

Os arganazes não ignoraram a bebida fornecida para eles. "Esses animais bebem muito álcool", diz o neurocientista Andrey E. Ryabinin, que supervisionou o estudo. "Em um dia, eles podem beber [uma quantidade] comparável a 15 garrafas de vinho".

Depois de beberem, Walcott e Ryabinin ofereceram aos machos a chance de abraçar suas parceiras ou passar algum tempo com uma segunda fêmea, uma desconhecida.

A equipe descobriu que os machos que bebiam sozinhos gastavam menos tempo com suas parceiras originais do que outros machos passavam com suas parceiras originais. Quando o casal bebia junto, ou ambos ficavam em abstinência, eles eram mais propensos a ficarem juntos.

BEBENDO SOZINHO

Os pesquisadores também descobriram que os machos em pares discordantes, em que um bebia e o outro não, demonstraram níveis de atividade diferentes em uma parte do cérebro chamado de massa cinzenta periaqueductal, em comparação com os machos que beberam as mesmas bebidas que seus companheiros.

"Isso é interessante porque é uma área que tem muitos receptores de oxitocina", diz Karen Bales, neurobióloga da Universidade da Califórnia, Davis, que não estava envolvida na pesquisa.

A oxitocina é o "hormônio do amor", conhecido por estar envolvida na facilitação do vínculo entre parceiros, tanto em roedores quanto em seres humanos. Exatamente o que essa descoberta significa, e se isso tem implicações para as pessoas, é uma questão para pesquisas futuras, diz Ryabinin.

Mas isso sugere que pode existir uma base biológica para os efeitos negativos de beber sozinho nos relacionamentos, além dos impactos da própria exposição ao álcool.

Quanto a Walcott e Ryabinin, eles agora trabalham em um estudo de acompanhamento. Desta vez, observarão como o consumo de álcool pelas fêmeas influencia o comportamento do casal – o objetivo é descobrir se os efeitos são os mesmos.

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