A maior ave que já existiu e outros 5 pássaros superpoderosos
Selecionamos aqui seis estrelas do mundo aviário, algumas já extintas, que chamam a atenção por força, tamanho ou agilidade.
AVES PODEM TER diversos tamanhos e formatos: há aves pequenas e grandes, altas e baixas. Algumas aves podem voar distâncias longínquas cruzando o planeta, enquanto outras nem possuem asas.
David Bird, ornitólogo aposentado recentemente da posição de diretor do Avian Science and Conservation Centre, da Universidade McGill, dedicou sua vida a responder questões sobre estes animais. Bird é o autor de The Bird Almanac: A Guide to Essential Facts and Figures of the World’s Birds, e sempre se interessou por aves, desde que era criança.
“Eu queria ser um falcoeiro, mas isso nunca deu certo. Minha mãe não deixava que eu tivesse um em casa, e este foi o fim da história” disse Bird. Com o passar do tempo, começou a se interessar por compartilhar seus conhecimentos sobre as aves, especialmente aves de rapina. Mas um dia, quando observava aves com um estudante de pós-graduação, Bird avistou um colibri Calypte anna, um pequeno pássaro de 10 centímetros, e sua perspectiva mudou.
“Eu observava aquela pequena joia no céu e fiquei tão impressionado” disse Bird. Com isso, “eu não queria mais ser um fanático por rapinantes.”
Ao invés de denunciarmos os tais “fanáticos rapinantes”, vamos ver aqui seis superestrelas aviárias do mundo, passado e presente.
Avestruz: alta, escura e pesada
Com seu longo pescoço e plumagem marrom, o avestruz é a ave mais alta e mais pesada do planeta. As fêmeas podem alcançar 1,82 metros e pesar mais de 90 quilos, enquanto os machos chegam a 2,70 metros e quase 130 quilos.
Os olhos do avestruz têm cinco centímetros de diâmetro e são contornados por um leque de vastos cílios, sendo eles os maiores olhos de qualquer animal terrestre. A ave também produz o maior ovo do mundo. Com mais de 1,3 quilos, um único ovo de avestruz pesa tanto quanto duas dúzias de ovos de galinha.
Por serem tão pesados, avestruzes não conseguem voar. Ao invés disso, esta ave foi feita para a velocidade. Suas poderosas pernas com dois dedos conseguem percorrer até 4,9 metros em uma única passada, fazendo dela o animal mais rápido em duas pernas. O avestruz pode chegar a até 70 quilômetros por hora em disparos curtos, ou manter a velocidade de 50 km/h durante períodos maiores de tempo.
Apesar da crença popular, avestruzes não enfiam suas cabeças na areia quando estão com medo. Estas aves conseguem escapar de praticamente qualquer situação correndo, usando suas asas não voadoras para manterem o equilíbrio e mudarem de direção enquanto se deslocam. Caso isso não dê certo, a ave se joga ao chão e permanece imóvel. De longe, o pescoço e cabeça claros do animal se camuflam com seu habitat arenoso da savana, fazendo com que pareça que ele enfiou sua cabeça na areia.
A abetarda: campeão peso-pesado
Pesando aproximadamente 15 quilos, a abetarda-comum é muitas vezes chamada de “fortaleza voadora,” diz Bird, uma vez que é a ave voadora mais pesada do mundo. A maior abetarda já registrada disparou a balança com mais de 20 quilos, um pouco mais pesada do que um Border Collie adulto.
Imponentes com seus grandes corpos e plumagem robusta, as abetardas-comuns cinza e marrons se parecem com um ganso grande, mas com pernas mais compridas e pescoços mais retos. Abetardas macho, que são aproximadamente 30% mais pesados que as fêmeas, podem ser identificados por seus peitos e pescoços proeminentes, além de suas caudas em riste.
As abetardas-comuns fazem de seu habitat os amplos e planos prados e pastagens da Europa e sul da Rússia. Elas são conhecidas por serem silenciosas, mas podem soltar esporadicamente sons roucos e nasalados quando brigam entre si durante a época de acasalamento.
“[Seu peso é] apenas uma adaptação ao estilo de vida que elas têm” disse Bird. “Qualquer ave que passe boa parte de seu tempo no chão terá ossos menos ocos”.
Dromornis stirtoni: a primeira grande ave
Há quase oito milhões de anos, a Dromornis stirtoni vagava pelos bosques abertos subtropicais do que é hoje a Austrália Central. Até se tornar extinta, a D. stirtoni foi a maior ave que já existiu, medindo enormes 3 metros de altura e pesando mais de 450 quilos, o equivalente a um piano grande.
D. stirtoni tinha o bico grande e largo, asas atarracadas e pernas traseiras bem musculosas, que terminavam em dedos em formato de cascos. Elas eram, provavelmente, rápidas corredoras e seu corpo em formato de concha era coberto de penas.
Pesquisadores chegaram a acreditar que a D. stirtoni pertencia à mesma família de outras aves não voadoras, como emas e avestruzes. Mas hoje, as evidências mostram que elas evoluíram a partir dos Anseriformes, como patos e gansos. Durante algum tempo, os hábitos alimentares da D. stirtoni também eram um mistério.
“Devido ao seu bico afiado e muito poderoso, alguns cientistas acreditavam que a ave fosse carnívora” disse Bird. “Mas ao observarem melhor, disseram que o bico não tinha a especialização necessária para um carnívoro”.
Hoje, a maioria dos pesquisadores acredita que a ave era herbívora, alimentando-se de frutas de casca grossa e sementes.
Albatroz-errante: voador frequente
Albatrozes-errantes têm a maior envergadura de asas entre todas as aves, com mais de 3,3 metros de largura. As aves adultas têm a plumagem branca, asas negras e pés apalmados, além de narinas tubulares em cada lado de seu bico rosa afilado. Eles pesam entre 7 e 11 quilos e medem aproximadamente um metro do bico até sua cauda.
“[Os albatrozes-errantes são] mais conhecidos por sua enorme capacidade de voo”, diz Bird. “Eles passam a vida toda no Oceano Antártico”.
Bird diz que a espécie é conhecida por dar a volta em todo o Oceano Antártico três vezes por ano e, conforme alguns registros, uma única ave já viajou 6 mil quilômetros, a distância de Nova York à Amsterdam, em 12 dias.
Albatrozes-errantes se alimentam descendo rapidamente no ar e deslizando sob a superfície da água, o mesmo lugar onde descansam quando o sol se põe. Sua dieta consiste de peixes e lulas e, às vezes, podem também seguir barcos pesqueiros atrás da carniça de peixes descartados. Eles às vezes se alimentam tanto que precisam flutuar sob a água para fazer a digestão antes de conseguirem voar novamente.
Moa gigante: o arranha-céu aviário
Durante milhões de anos, as moas formavam um grupo de nove espécies de aves não voadoras nativas da Nova Zelândia que se pareciam com avestruzes. Enquanto algumas espécies tinham o tamanho de um peru, outras elevavam-se a até 3,6 metros, disse Bird, fazendo delas as aves extintas mais altas do mundo.
As moas eram, em sua maioria, pastadoras e podadoras, alimentando-se de sementes, frutas, folhas e gramíneas. Sabe-se que elas engoliam pedras de 10 centímetros para triturar seus alimentos e que as fêmeas faziam ninhos para apenas um ovo em buracos no chão. Durante milhões de anos, elas caminharam por seu habitat, mas foram extintas repentinamente há aproximadamente 600 anos.
“Quando os polinésios chegaram à Nova Zelândia, havia em torno de 58 mil moas” disse Bird. Mas “elas foram extintas por volta do ano 1440. É uma grande pena que elas tenham sido extintas”.
Falcão-peregrino: penas velozes
O maior falcão a voar por quase toda a América do Norte, o falcão-peregrino é uma ave de rapina do tamanho de um corvo com asas longas e pontudas e a cauda comprida. São as aves mais rápidas do mundo, mas sem confundir com as aves que voam mais rápido no mundo, disse Bird. Esse título pertence ao merganso-de-poupa.
“O mergulho no ar do falcão-peregrino pode chegar a 320 quilômetros por hora. É muito, muito rápido”, disse Bird.
Falcões-peregrinos adultos apresentam uma plumagem azul acinzentada com o peito branco. Voadores de tamanho médio, eles podem medir entre 35 e 48 centímetros de comprimento e pesar aproximadamente 1,3 quilos. Os falcões têm pés amarelos com garras curvadas e bicos afiados, que são utilizados para caçar pombos, aves limícolas e patos. Eles ficam empoleirados ao alto, aguardando o momento perfeito para mergulharem atrás de suas presas.
“Eles apresentam uma espécie de ‘dente’ primordial em seus bicos que diferencia os falcões dos gaviões”, disse Bird.
Houve uma época em que as populações de falcões-peregrinos encontravam-se ameaçadas devido a certas substâncias químicas, como o DDT, que deixavam seus ovos tão frágeis que eles se partiam quando as aves se sentavam neles. Mas hoje, com a aprovação de regulamentações ambientais, as populações de falcões-peregrinos prosperam. Eles podem facilmente ser vistos em arranha-céus, torres de água, falésias e outras estruturas altas.
“Hoje em dia” disse Bird, “falcões-peregrinos se adaptaram a viver em cidades em todo o mundo”.