A ciência por trás dos animais videntes que preveem resultados da Copa do Mundo

O gato Aquiles profetizou corretamente alguns dos jogos de 2018, mas especialistas dizem que o animal não pode prever o futuro.

Por Elaina Zachos
Publicado 11 de jul. de 2018, 16:31 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
O gato Aquiles, oráculo animal da Copa do Mundo FIFA de 2018, prevê o resultado da ...
O gato Aquiles, oráculo animal da Copa do Mundo FIFA de 2018, prevê o resultado da partida entre Brasil e Costa Rica.

Geralmente, o gato branco e surdo Aquiles vive no porão do Museu Hermitage, em São Petersburgo, onde é responsável por caçar ratos. Mas, para a Copa do Mundo de 2018, o animal foi aclamado como um felino vidente capaz de prever os vencedores das partidas de futebol.

Adestradores dizem que o gato antevê o resultado da partida seguinte ao se alimentar de uma entre duas tigelas marcadas com as bandeiras das equipes rivais. Até agora, ele já antecipou o resultado de diversos jogos, incluindo as vitórias da Rússia contra a Arábia Saudita e o Egito, a vitória do Irã contra o Marrocos, e a vitória do Brasil contra a Costa Rica. Mas errou ao prever que a Suíça ganharia da Suécia, e que a Nigéria ganharia da Argentina.

No ano passado, o gato adivinhou o resultado de três entre quatro partidas da Copa das Confederações da FIFA. Mas, apesar da crença popular quanto a clarividência do gato, especialistas dizem que Aquiles não pode prever o resultado da Copa do Mundo.

Felino caprichoso

“Eu não estou convencida” diz Kristyn Vitale, pesquisadora de gatos no Laboratório de Interação entre Humanos e Animais da Universidade do Estado de Oregon. “Não há pesquisas sobre este tipo de coisa”.

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Vitale diz que, como os humanos, gatos têm tendência por um lado, fazendo com que o Aquiles escolha uma tigela específica devido a sua preferência pelo lado em que ela está posicionada, e não porque torce pela seleção representada.

Aquiles também pode estar sendo influenciado por deixas das pessoas ao seu redor. No início do século 20, as pessoas acreditavam que um cavalo chamado Clever Hans soubesse fazer contas. Quando uma pessoa o ensinou adição e subtração, Hans acertava a resposta todas as vezes. Mas quando a pessoa se escondia atrás de um obstáculo, Hans começava a errar.

O que acontecia era que o cavalo estava captando pequenos sinais emitido por seu contato humano, como uma leve inclinação ou um olhar empolgado. Assim como Hans, Aquiles pode estar captando reações positivas de seus adestradores ou dos fãs do esporte, o que pode influenciar sua decisão quanto a qual tigela escolher.

Gatos sabem distinguir quantidades, diz Vitale. Ela adiciona que os treinadores podem estar involuntariamente colocando mais comida em um dos potes, e que o Aquiles pode estar escolhendo a tigela com mais comida.

“Pode ser que os gatos estejam realmente em sincronia com o universo, ou que eles apenas sejam muito sensíveis aos sinais que nós não percebemos”, diz Vitale. “Qualquer animal consciente possui a habilidade de olhar o mundo ao seu redor e fazer associações”.

De olho no futuro

Esta não é a primeira vez que a clarividência de um animal é questionada. Em 2005, o gato Oscar começou a ganhar a reputação de ter a capacidade de dizer quando pacientes com demência estariam perto do fim. Ao chegarem perto da morte, o felino, geralmente tímido, saía de seu esconderijo para confortar os pacientes em seus momentos finais.

“Ocorreu uma morte, depois duas”, disse o pesquisador de saúde David Dosa a um blog sobre asilos, “até que, finalmente, ele acertou cerca de 20 a 30 mortes seguidas, quando todos começaram a dizer: ‘Uau, isso é realmente peculiar’”.

Assim como Aquiles, outros animais já foram consultados sobre a previsão de resultados esportivos. As previsões de Paul, um polvo particularmente inteligente, eram curiosamente precisas em relação aos resultados da Copa do Mundo de 2010, e Mani, o periquito “vidente”, também saiu nos jornais na mesma época. Mais recentemente, um porco chamado Marcus também pareceu prever os resultados da Copa do Mundo de 2018, além do vencedor do Torneio de Wimbledon e o resultado do Brexit.

“É um fenômeno cultural interessante, o fato de consultarmos os animais para que eles prevejam as coisas”, diz Vitale.

“É possível que haja pessoas que realmente passem a gostar dos animais desta maneira” diz Lori Marino, neurocientista e especialista em comportamento e inteligência animal. “Mas eu acredito que, no geral, seja algo muito mais negativo que positivo”.

“Não há evidências científicas substanciais que comprovem a existência de habilidades psíquicas sobrenaturais”, diz Marino. “Deixemos que os animais sejam animais e vamos parar de transformá-los em objetos e mercadorias”.

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