Por que as mariposas são tão atraídas por luzes fortes?

Como o trágico conto de Romeu e Julieta, a história do inseto e da lâmpada é de atração fatal.

Por Richie Hertzberg
Publicado 11 de out. de 2018, 16:15 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Esta mariposa-joia tropical, Acraga coa, é encontrada principalmente na América Central. As mariposas-joia passam por uma ...
Esta mariposa-joia tropical, Acraga coa, é encontrada principalmente na América Central. As mariposas-joia passam por uma transformação espetacular: de lagartas transparentes recobertas por um gel protetor a vibrantes mariposas peludas.
Foto de Mark Moffett, Minden Pictures, National Geographic Creative

É FREQUENTE, sobretudo no verão: mariposas e outros insetos voando ao redor de luzes, como as lâmpadas. É comum que as criaturas fascinadas por esse brilho sejam comidas por predadores ou acabem superaquecidas.

Embora seja comum, não é tão óbvio: Como os insetos podem se enganar tanto, a ponto de serem atraídos para a morte pela luz com tanta frequência?

Como o trágico conto de Romeu e Julieta, a lâmpada e a mariposa são uma história de atração fatal. Sendo basicamente criaturas noturnas, as mariposas evoluíram para seguir o brilho da lua, por meio de um método chamado de orientação transversal.

Por que as mariposas são obcecadas por lâmpadas?
A resposta está na capacidade que elas desenvolveram de se movimentar de acordo com a luz da lua e das estrelas.

“Orientação transversal é como nós seguindo a Estrela do Norte em certa posição para nos localizarmos”, afirma Jeff Smith, curador da coleção de mariposas do Museu Bohart de Entomologia. Da mesma forma, acredita-se que as mariposas deixem a fonte de luz em uma certa posição com relação ao seu corpo, para que isso as ajude a guiá-las, explica Smith.

E, de repente, chega a lâmpada

A evolução da mariposa não contou com o aumento das luzes elétricas que nunca se apagam em nosso mundo moderno.

De fato, o dia em que Thomas Edison patenteou a lâmpada — 27 de janeiro de 1880, que deu início à distribuição mundial da iluminação elétrica — foi um dia sombrio para a história das mariposas.

“Tudo desandou quando acrescentamos tantas luas artificiais”, disse Lynn Kimsey, professor de entomologia da UC Davis.

Elementos dentro dos olhos das mariposas se ajustam a luzes fracas e atuam “como telescópios em miniatura”. De tal modo, quando se deparam com forte iluminação artificial, esta pode atuar como “superestimulante”, prossegue Kimsey

“É quase irresistível quando as luzes são tão brilhantes”.

Amantes infelizes

Mas o que acontece quando uma mariposa chega ao que ela acreditava ser a lua? É um choque de realidade.

“Eu conheci o dono de uma concessionária da Jaguar que usava uma grande luz de vapor de mercúrio”, conta Smith. “Toda noite, as luzes eram acesas e grandes besouros voavam até as luzes de vapor de mercúrio [e] acabavam no chão. Pela manhã, as gaivotas os apanhavam, pulando nos jaguares… e deixando fezes nos carros”.

A concessionária trocou para lâmpadas de vapor de sódio porque o comprimento de onda da luz que elas emitem é menos atraente aos insetos.

Apesar de ainda serem necessárias mais pesquisas para que o comportamento das mariposas seja totalmente compreendido, os cientistas já sabem que as lâmpadas prejudicaram a evolução das mariposas.

“As mariposas não são os seres mais inteligentes deste planeta”, conta Kimsey. “Com o perdão do trocadilho, mas elas não são os seres mais brilhantes”.

“É de se pensar que o objetivo delas para a noite seja encontrar alimentos ou copular”, pondera Smith. “Mas uma mariposa ficou na minha sacada por três dias, rodeando a luz o tempo todo… Se um louva-deus ou um sapo não a comer, pode ser que ela fique lá, desperdiçando a maior parte de sua vida”.

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