Ataques de tubarão: o que você precisa saber

Encontros com o grande peixe são raros, mas podem ser mortais. Veja como reduzir o risco de ataques.

Por Brian Clark Howard
Publicado 21 de jun. de 2019, 08:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Uma adolescente foi atacada por um tubarão em Oak Island, Carolina do Norte, EUA, em 14 ...
Uma adolescente foi atacada por um tubarão em Oak Island, Carolina do Norte, EUA, em 14 de junho de 2015. Esse tipo de incidente é raro, mas está aumentando.
Foto de  Steve Bouser, The Pilot, Southern Pines, N.C./AP

O número de ATAQUES DE TUBARÃO tem aumentado constantemente há mais de um século.

"O número de ataques não provocados em todo o mundo cresce a um ritmo constante desde 1900, sendo que, a cada década, o número registrado é maior do que na anterior", relata o Arquivo Internacional sobre Ataques de Tubarão do Museu de História Natural da Flórida, nos EUA.

Ao longo dos últimos verões, diversos ataques de tubarão foram vistos nos EUA, da Carolina do Norte ao Havaí. Mesmo assim, as autoridades afirmam que as praias permanecem seguras, já que os incidentes são estatisticamente muito raros. Uma pessoa nadando no oceano possui apenas uma chance em 11,5 milhões de ser atacada por um tubarão, de acordo com o museu.

Recentemente, as autoridades responsáveis pela praia da Carolina do Norte afirmaram que qualquer tubarão "que atuar de forma agressiva", como nadar até 30 metros da praia, poderá ser sacrificado. Essa medida foi criticada por especialistas em tubarões, que afirmaram que os animais envolvidos nos ataques provavelmente não ficariam na região por muito tempo.

Veja alguns outros aspectos que você deve considerar sobre ataques de tubarões.

Quais tubarões atacam seres humanos?

George Burgess, que estuda ataques de tubarões no Museu de História Natural da Flórida, afirma que incidentes na praia são normalmente causados por tubarões-tigre ou tubarões-touro. Essas duas espécies são frequentemente encontradas ao longo da costa e são conhecidas por atacarem pessoas ocasionalmente.

Os grandes tubarões-brancos, imortalizados no filme Tubarão, também são eventualmente responsáveis pelos ataques. Outros tubarões envolvidos em incidentes ao redor do mundo nos últimos anos incluem, ocasionalmente, tubarões-mako, tubarões-enfermeiro, tubarões-limão e tubarões-galha-preta.

Por que os tubarões atacam pessoas?

Burgess descreve claramente em seu site que "os humanos não fazem parte do cardápio dos tubarões. Os tubarões atacam pessoas por curiosidade ou para se defenderem".

Como resultado, a maioria dos incidentes ao longo do tempo costumou ser o que chamamos de ataques "provocados", ocorridos durante caças submarinas ou quando pessoas tentam pegar ou soltar um tubarão de uma linha ou rede de pesca. Nos ataques não provocados, os animais normalmente confundem pessoas com suas presas normais, frequentemente devido à baixa visibilidade. Surfistas são os que mais se envolvem em ataques desse tipo, provavelmente porque passam longos períodos de tempo na água e se movimentam como presas, espirrando água.

Por que o número de ataques de tubarão está aumentando?

Embora poucos ataques tenham sido registrados em cada ano individualmente, tornando arriscada uma análise estatística em curto prazo, a tendência em longo prazo demonstra um aumento no número de incidentes. Parte disso provavelmente se deve à melhor capacidade de relato dos incidentes, de acordo com o Museu de História Natural da Flórida.

Mas, além disso, a explicação mais provável para o aumento no número de ataques seja "o tempo que os humanos passam no mar, que está cada vez maior, o que aumenta as oportunidades de interação entre as duas partes afetadas", declara o museu. O aumento constante da população humana também é um fator importante.

Desde o início de 2019, foram registrados 36 ataques de tubarão no mundo todo, de acordo com o Arquivo Global sobre Ataques de Tubarão.

O que devo fazer se um tubarão começar a me atacar?

Dê um golpe no nariz do animal, o que normalmente é suficiente para interromper o ataque, afirma o museu. E, então, nade até a praia.

Se isso não funcionar, atinja seus olhos e guelras, duas áreas sensíveis. "Ninguém pode ser passivo quando está sendo atacado", afirma o museu, porque os "tubarões respeitam tamanho e poder".

Como posso reduzir as chances de ser atacado?

As pessoas devem se lembrar que nadar no oceano é sempre "uma experiência que envolve animais selvagens", afirma Burgess. Há algumas formas de reduzir as chances de ser atacado, que já são muito raras. Uma boa ideia é evitar áreas utilizadas pelos animais para o nascimento de filhotes, como aquela recentemente descoberta por turistas no Recife, Brasil.

Christopher Neff, que pesquisa segurança envolvendo tubarões, sugere evitar nadar durante ou após tempestades, que tornam as águas turvas e as presas agitadas, fazendo com que tubarões entrem em um frenesi alimentar. Neff também sugere evitar nadar durante o amanhecer e o anoitecer pelas mesmas razões, e nadar próximo a focas ou outras presas, ou onde pescadores despejam restos de peixes.

Também não é recomendado alimentar tubarões, o que pode confundi-los ou ensiná-los a associar humanos com comida.

Há alguma outra dica de segurança envolvendo tubarões?

Os tubarões podem ser atraídos por sangue, então as pessoas devem evitar nadar caso possuam feridas abertas. Objetos brilhantes também podem atrair tubarões, que são curiosos por natureza.

Neff sugere evitar nadar sozinho ou se afastar muito da praia. Ele também recomenda que as pessoas evitem se movimentar de forma a espirrar muita água.

"Há diversas histórias de brincadeiras simulando um 'ataque de tubarão' na água que realmente atraíram um tubarão à área", afirma ele.

Vestimentas antitubarão ou repelentes funcionam?

Diversas empresas comercializam vestimentas e pranchas de surfe com estampas que prometem repelir tubarões, orcas e peixes-leões. Ainda não se sabe se esses produtos realmente funcionam.

"Realmente duvido que sejam eficazes", disse Bradley M. Wetherbee, da Universidade de Rhode Island, à National Geographic.

Outro estudo investigou a eficácia de repelentes químicos e até mesmo elétricos, embora sejam necessárias mais pesquisas.

Sacrificar tubarões para mantê-los afastados das praias é uma medida eficiente?

Não, afirma Burgess. Os tubarões são peixes bastante migratórios e nadam centenas de quilômetros em uma temporada, então controlar sua população em um único local não faz sentido. Tentativas recentes de matar grandes tubarões-brancos para reduzir o número de ataques a humanos no oeste da Austrália foram altamente criticadas pelos cientistas.

O controle da população de tubarões realizado no Havaí na década de 1950 não demonstrou "nenhum efeito mensurável no índice de ataques a humanos", disse Chris Lowe, professor de biologia marinha da Universidade do Estado da Califórnia, Long Beach, que analisou os dados coletados durante o controle populacional.

A economia afeta os ataques de tubarão?

Sim. Quanto mais turistas nas praias, maior a tendência de ataques, pois isso aumenta as chances de as pessoas e os animais se encontrarem. Em 2011, um ano de recessão marcado por uma queda no turismo, os EUA registraram apenas 29 ataques de tubarão não provocados, comparado a uma média de 39 ataques na década anterior.

Mas não são os tubarões as principais vítimas, em vez das pessoas?

Sim, com certeza. Especialistas estimam que cerca de 100 milhões de tubarões são mortos pelo homem todos os anos, a um ritmo considerado por muitos insustentável, o que ameaça muitas espécies. Os tubarões se reproduzem lentamente, então são especialmente vulneráveis à caça predatória.

Os tubarões são caçados por suas barbatanas, consideradas uma iguaria em alguns países asiáticos, e também pela carne e pele. Eles também ficam frequentemente presos em equipamentos de pesca e são considerados "capturas acidentais".

Se o número de tubarões ameaçados é tão alto, como é possível que os ataques tenham aumentado?

Mais países, dos EUA ao Sul do Pacífico, estão aprovando e aplicando leis que proíbem a pesca de tubarões e, como resultado, os animais têm mostrado alguns sinais localizados de recuperação. Contudo, a situação de conservação geral ainda não é boa, especialmente devido à pesca ilegal.

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