Búfalo ou bisão? Mariposa ou borboleta? Você sabe a diferença?
Muitos grupos de animais com aparência semelhante podem ser facilmente confundidos — mas, em alguns casos, é crucial saber quem é quem.
AS BORBOLETAS VOAM DURANTE o dia e as mariposas saem à noite. Pelo menos é o que dizem. Mas essa é uma boa maneira de diferenciar as borboletas das mariposas?
Não muito, de acordo com Akito Kawahara, entomologista e curador da ordem Lepidoptera — ordem de insetos que inclui as borboletas e as mariposas — no Museu de História Natural da Flórida, nos Estados Unidos.
Na verdade, existem milhares de mariposas que voam durante o dia, diz Kawahara, além de borboletas que saem à noite. Veja a família Hedylidae: esses insetos neotropicais parecem atender todos os critérios para serem considerados mariposas — suas asas possuem manchas marrons, suas antenas não possuem aquelas pequenas bolinhas na ponta, são noturnos e até desenvolveram um órgão auditivo que ajuda a protegê-los contra morcegos. E ainda…
“Usando evidências de DNA, agora sabemos que eles são realmente borboletas”, diz Kawahara, que também é professor associado da Universidade da Flórida.
Se quisermos entrar na parte técnica, as borboletas são, na verdade, apenas um pequeno subgrupo de mariposas especializadas que voam durante o dia. Existem 160 mil espécies conhecidas de mariposas e borboletas e apenas cerca de 20 mil delas são borboletas.
É assim, quanto mais se estuda o reino animal, mais exemplos de nomenclatura confusa se encontra — seja em tartarugas e jabutis ou jacarés e crocodilos. Essas divisões podem parecer comuns, mas também podem ser uma oportunidade de aprendizado. Segundo Kawahara, muitas pessoas gostam da borboleta-monarca, que é um inseto conhecido, mas não valorizam as coisas maravilhosas que as mariposas fazem.
“Elas são incríveis. Vamos observar as coisas que normalmente não observamos”, diz ele, “porque há muita coisa que não sabemos sobre o mundo”.
Confusão entre anfíbios
Muitas pessoas crescem pensando que as rãs têm pele de cor clara, lisa e brilhante, enquanto os sapos são caracterizados por uma pele escura, áspera e coberta de verrugas. Mas e o sapo-arlequim da América do Sul, que exibe uma variedade de cores vibrantes?
“Há muitas exceções ao estereótipo de sapo grande, marrom e repleto de saliências”, diz Jodi Rowley, curadora na área de biologia da conservação de anfíbios e répteis no Instituto de Pesquisa do Museu Australiano, em Sydney, e Exploradora da National Geographic Society.
Existem 52 famílias na ordem Anura, explica Rowley por e-mail. Uma dessas famílias, Bufonidae, inclui os “sapos verdadeiros”, que geralmente tendem a andar em vez de saltar, têm saliências na pele e exibem glândulas visíveis no pescoço e nos ombros.
Mas, para realmente saber a diferença, é preciso analisar o interior do sapo. Por exemplo, a maioria dos sapos tem o que é conhecido como órgão de Bidder na frente dos rins, o que ajuda a regular os hormônios sexuais. Eles também não têm dentes nas mandíbulas superior e inferior, têm corpos gordurosos na virilha e possuem crânios ossificados, diz Rowley.
Bisão, búfalo e gambás, nossa!
As pessoas geralmente se referem aos grandes animais com chifres avistados nas pradarias americanas como “búfalos”, mas na verdade são “bisões”. De fato, o nome científico do animal, Bison bison, reforça seu significado.
Embora búfalos e bisões sejam mamíferos da família Bovidae, os dois não têm uma relação assim tão próxima. Os chamados “búfalos verdadeiros” incluem os búfalos-africanos e os búfalos-asiáticos, nativos, respectivamente, como o nome sugere, da África e da Ásia.
Da mesma forma, pode haver confusão entre gambás e opossums. Mas gambá, porém, normalmente se refere ao gambá-da-virgínia e seus primos do gênero Didelphis, todos nativos das Américas do Norte e do Sul. Por outro lado, opossum se refere a uma subordem de marsupiais arborícolas nativa da Austrália, Nova Guiné e Sulawesi. Eles incluem o gambá-do-mel, o cusu-comum e o marsupial da espécie Pseudocheirus peregrinus.
Por que o nome importa?
Em alguns casos, é importante distinguir dois animais de aparência semelhante, como no caso do sapo-cururu, espécie invasora na Austrália.
Isso ocorre porque às vezes as pessoas confundem rãs nativas semelhantes a sapos com o sapo-cururu invasor — levando a um alto número de mortes bem-intencionadas, mas desnecessárias, desse anfíbio.
É pior para os predadores que comem sapos pensando que são rãs. Como os predadores não evoluíram para processar as toxinas do sapo-cururu, alimentar-se de um acidentalmente pode ser fatal.