Pangolins podem ser vetores de coronavírus semelhante ao da atual pandemia

Cientistas e defensores dizem que esta nova pesquisa é mais uma razão para banir o comércio ilegal desses mamíferos com escamas.

Por Rachael Bale
Publicado 1 de abr. de 2020, 16:30 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Novas pesquisas descobriram que os pangolins-malaios, como este retratado no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã, ...

Novas pesquisas descobriram que os pangolins-malaios, como este retratado no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã, podem ser possíveis hospedeiros de futuros novos coronavírus.

Foto de Suzi Eszterhas, Minden Pictures

Novas pesquisas descobriram evidências de que um pequeno número de pangolins é portador de coronavírus relacionados à cepa responsável pela pandemia de Covid-19, de acordo com um artigo publicado em 26 de março na revista científica Nature.

Além dos morcegos, os pangolins são os únicos mamíferos conhecidos por serem infectados com cepas muito próximas à do novo coronavírus. Embora o estudo não comprove nem refute a relação dos pangolins com a atual pandemia, isso indica que é possível que contribuam, de alguma forma, com o surgimento de novos coronavírus.

“Se houver uma mensagem clara em toda essa crise global, é que a venda e o consumo de pangolins nos mercados de [animais vivos] devem ser rigorosamente proibidos para evitar futuras pandemias”, diz Paul Thomson, biólogo conservacionista e cofundador da organização sem fins lucrativos Save Pangolins.

Os morcegos são a fonte mais provável do novo coronavírus, o SARS-CoV-2, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, mas provavelmente a transmissão ocorreu a outras espécies antes de infectar os humanos.

Sabe-se que os pangolins são portadores de outros coronavírus, escreveu Dan Challender por e-mail. Os pangolins são mamíferos ameaçados de extinção, encontrados na Ásia e na África, possuem o corpo coberto de escamas, se alimentam de formigas e são do tamanho de gatos domésticos. Challender lidera o grupo de especialistas em pangolins da União Internacional para a Conservação da Natureza, que define o status de conservação das espécies. Não é de se surpreender, portanto, que esses animais tenham se tornado o foco na busca pela origem do novo coronavírus, afirma ele.

Esses seis pangolins-malaios foram apreendidos em um imóvel alugado em Guangzhou, China. Os pesquisadores dizem que o comércio ilegal de pangolins vivos e de carne de pangolim deve ser interrompido para evitar a propagação de doenças.

Foto de Xiao Chibai, Nature Picture Library, Minden Pictures

Embora o comércio internacional de todas as oito espécies seja terminantemente proibido, acredita-se que os pangolins sejam os mamíferos mais traficados no mundo. As escamas de milhares de pangolins são contrabandeadas todos os anos para uso na medicina tradicional chinesa e sua carne é considerada uma iguaria por algumas pessoas na China, no Vietnã e em outros lugares da Ásia. Como os coronavírus podem ser transmitidos por alguns fluidos corporais, pelas fezes e pela carne do animal, o comércio de pangolins vivos com o propósito de servirem de alimento representa uma preocupação maior em relação à disseminação de doenças do que em relação ao contato com as escamas.

Na China, é ilegal comer pangolim, mas o animal ainda pode ser encontrado nos cardápios de restaurantes. Os pangolins também estavam regularmente disponíveis para venda em mercados de animais vivos até 26 de janeiro, quando o temor do novo coronavírus incentivou o governo a ordenar o fechamento de todos eles.

Semelhanças genéticas

O novo artigo constata que as sequências genéticas de diversas cepas de coronavírus encontradas em pangolins foram entre 88,5% e 92,4% semelhantes às do novo coronavírus.

Iniciando com amostras de tecido de 18 pangolins-malaios apreendidos em operações de combate ao contrabando em 2017 e 2018, os pesquisadores realizaram testes para detectar a presença de coronavírus. Eles encontraram o vírus em amostras de cinco dos 18 pangolins. O processo foi repetido posteriormente com amostras de outros pangolins apreendidos e coronavírus foram detectados em uma parcela desses indivíduos também. Os pesquisadores então sequenciaram os genomas desses vírus e os compararam ao SARS-CoV-2.

Cautelosos em suas palavras, os pesquisadores observam que as semelhanças genômicas “não são suficientes para sugerir” que os pangolins sejam o hospedeiro intermediário que transmitiu o SARS-CoV-2 de morcegos para humanos. Mas eles também não descartam a possibilidade. O artigo conclui, no entanto, que os pangolins devem ser considerados possíveis hospedeiros para futuros novos coronavírus.

“O estudo é muito importante”, escreveu Challender. “São necessárias pesquisas adicionais sobre esses vírus em pangolins, mas também, de forma importante, em outras espécies que podem ter desempenhado um importante papel na transmissão do SARS-CoV-2 aos humanos.”

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