Primeiro ninho de ‘vespas assassinas’ encontrado nos EUA – passo crucial para impedir propagação

A colmeia, encontrada no estado de Washington, será destruída. Sua descoberta mostra que as vespas-mandarinas podem ser rastreadas e exterminadas.

Por Douglas Main
Publicado 29 de out. de 2020, 12:28 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 01:56 BRT
Uma pequena população de vespas-mandarinas, nativas da Ásia Oriental e do Japão — onde esta foto ...

Uma pequena população de vespas-mandarinas, nativas da Ásia Oriental e do Japão — onde esta foto foi tirada — se estabeleceu no noroeste do estado de Washington, embora pesquisadores estejam trabalhando incansavelmente para encontrar e eliminar todos os seus ninhos.

Foto de Nobuo Matsumura, Alamy

PELA PRIMEIRA vez nos Estados Unidos, cientistas descobriram um ninho vivo de vespas-mandarinas invasoras, também conhecidas como “vespas assassinas”.

Entomologistas do estado de Washington planejam destruir o ninho encontrado em 22 de outubro em uma árvore na cidade de Blaine, no extremo noroeste do estado.

De acordo com os cientistas, a descoberta é um marco importante no esforço para evitar que as espécies — as maiores vespas do mundo — se estabeleçam no noroeste do Pacífico.

“Temos o prazer de anunciar que encontramos [um ninho]”, afirmou o entomologista estadual Sven Spichiger, em uma entrevista coletiva na sexta-feira. Segundo Spichiger, até o ninho ser encontrado, os cientistas não tinham certeza se suas técnicas de rastreamento de vespas funcionariam no terreno densamente arborizado da região.

Os insetos invasores foram vistos pela primeira vez no estado de Washington no fim de 2019, e sua chegada levantou preocupações. Predadores vorazes e especialmente mortais para as abelhas, as vespas-mandarinas podem se expandir por todo o estado e possivelmente pela costa oeste, afirma Chris Looney, também entomologista do estado.

Para impedir a propagação dos insetos, é inútil exterminar as operárias, afirma Looney. Assim, cientistas e colaboradores do estado montaram milhares de armadilhas na região do noroeste de Washington, na esperança de capturar insetos vivos que poderiam ser rastreados até suas colmeias.

Assim, nos dias 21 e 22 de outubro, caçadores coletaram quatro vespas operárias vivas nas armadilhas, que possuíam iscas para atrair os insetos. Em seguida, os cientistas equiparam três das vespas operárias fêmeas com rastreadores de radiofrequência, e uma das vespas conduziu os cientistas ao ninho. Embora as vespas geralmente nidifiquem no solo, esse ninho foi construído em uma árvore dentro de uma propriedade privada.

A vespa que conduziu os caçadores ao ninho primeiro voou por cerca de uma hora antes de pousar em uma folha. Os cientistas a colocaram sobre uma mesa e a alimentaram com geleia de uva, “o que pareceu reanimá-la”, afirmou Spichiger. Eles então a rastrearam por alguns metros na floresta e ouviram um zumbido que os levou à colmeia.

Os cientistas constataram pela primeira vez que as vespas haviam sobrevivido ao inverno, quando três rainhas foram descobertas no fim de maio. Desde a metade do ano, diversas vespas foram capturadas em alguns locais na mesma região do estado. Encontrar essas vespas confirmou que as rainhas haviam se reproduzido com sucesso a partir de pelo menos um ninho inicial formado no fim de 2019 e que criaram novos ninhos.

Quantas mais?

É quase certo que ainda haja mais colmeias a serem encontradas, afirma Spichiger. Vespas também foram avistadas em outra região de Blaine — longe o suficiente para serem de um ninho diferente — e próximo da cidade de Birch Bay.

Os cientistas continuarão aperfeiçoando suas armadilhas e monitorando essas vespas, afirma ele. Se encontrarem mais operárias vivas, repetirão a marcação e o rastreamento na esperança de segui-las até seus ninhos.

De acordo com Spichiger, embora improvável, é possível que esse ninho já tenha produzido rainhas que podem ter se dispersado. Isso torna seu extermínio uma questão urgente. “Assim que encontrarmos um, devemos destrui-lo imediatamente”, explica ele.

Embora as operárias morram durante o inverno, quaisquer novas rainhas que se reproduzam e se dispersem podem formar novas colônias na próxima primavera — que é o que os cientistas estão tentando evitar. Os ninhos podem conter até cerca de 800 operárias e produzir centenas de rainhas.

Sem pânico

Embora notícias das supostas “vespas assassinas” tenham se espalhado por todo o país, os próprios insetos ainda estão limitados ao noroeste de Washington, enfatizam os cientistas. As vespas representam um sério risco para as abelhas produtoras de mel e as abelhas nativas caso se estabeleçam e se espalhem, mas isso não é motivo de pânico, afirma Looney.

Depois que a notícia sobre os insetos foi divulgada em maio, supostos avistamentos da espécie aumentaram, assim como as pesquisas por pesticidas para exterminar vespas. Mas esse tipo de reação desproporcional é preocupante, afirma ele, porque pode levar à morte de polinizadores inocentes.

“Em geral, o público não precisa se preocupar” com os ataques dessas vespas, afirma Spichiger. Elas atacam apenas quando as pessoas se aproximam de seus ninhos.

Quando isso acontece, porém, os insetos podem picar — e é doloroso.

De acordo com Spichiger, como as vespas podem borrifar veneno e também picar, os pesquisadores que as caçam e manuseiam usarão proteção para os olhos e outros equipamentos de proteção.

Embora haja muito mais trabalho a ser feito, afirma Spichiger, os cientistas têm a chance de impedir que a espécie se estabeleça em longo prazo em Washington. “Devemos ser cautelosamente otimistas de que podemos erradicá-las”, afirma ele.

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