Protetores de rinocerontes na África do Sul tornaram-se grande ameaça à espécie

O aguardado julgamento de um conhecido guarda-florestal acusado de envolvimento com a caça ilegal demonstra como organizações criminosas conseguem acesso ao Parque Nacional Kruger.

Por Tara Keir
Publicado 29 de jul. de 2021, 12:14 BRT
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Rodney Landela, fotografado em 2014 durante uma patrulha contra caça ilegal, foi preso em 2016 acusado de matar um rinoceronte e arrancar o chifre do animal. Por ser um guarda-florestal altamente respeitado e ter alcançado uma posição de destaque rapidamente, seus colegas acreditavam que ele seria promovido a chefe da guarda-florestal do parque.

Foto de James Oatway, Getty Images

PARQUE NACIONAL KRUGER, ÁFRICA DO SUL Uma doce mistura dos aromas de café e chá de rooibos torna aconchegante o hangar de aeronaves na sede do Parque Nacional Kruger, em Skukuza, na África do Sul. Uma atmosfera tranquila prevalece, mas a ação irrompe quando um comunicado sobre a presença de caçadores de rinocerontes é transmitido pelo rádio. 

Don English, guarda-florestal regional e um dos líderes na luta do parque contra a caça ilegal, está sentado em uma poltrona desbotada, na pequena sala de estar do hangar, com as pernas cruzadas. No momento desta entrevista, em julho de 2019, English supervisionava uma área em Kruger com mais rinocerontes em todo o parque de quase 20 quilômetros quadrados, que faz fronteira com Moçambique.  

Durante a conversa, English falava calmamente. Mas com a menção de um ex-amigo e companheiro de trabalho, seu tom e feição se endureceram. 

“Rodney Landela, eu compartilhava e confiava nele para qualquer coisa. Literalmente, qualquer coisa”, English comenta sobre o guarda-florestal que ele mesmo treinou. “Desde que ele foi preso, eu nunca mais o vi ou falei com ele.” Não tive a oportunidade, conta, “mas também não quero vê-lo”. 

English franze sua testa enquanto reflete sobre o que ele uma vez acreditou ser uma amizade inabalável. 

“Na realidade, ele era cruel”, suas palavras ecoaram na sala.

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Rinoceronte-branco-do-sul no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, que abriga a maior população de rinocerontes selvagens do mundo.

Foto de Godong, Getty Images

“Como ele pôde”, English ferve em raiva, se referindo a Landela, que está em casa sob fiança, em um vilarejo ao norte de Kruger. English enuncia uma palavra por vez e o silêncio angustiante entre elas arde mais do que as próprias palavras.   

Rodney Landela foi considerado um guarda de sucesso em Kruger. Ele era “o príncipe coroado”, segundo English. Durante 15 anos, Landela subiu de cargo para guarda-florestal da seção e guarda-florestal regional, e muitos de seus colegas acreditavam que ele era o principal candidato a próximo chefe da guarda-florestal do parque — possivelmente o primeiro africano negro a ocupar o cargo. 

Mas logo após a promoção para guarda-florestal regional, tudo desandou.  

Em 27 de julho de 2016, os subordinados de Landela o flagraram fugindo do local onde encontraram um rinoceronte morto. Uma bala de um rifle fornecido pelo parque e um par de sapatos de Landela coberto com o sangue do rinoceronte morto o relacionaram ao animal abatido. Ele foi preso e acusado por caça ilegal, roubo de chifre de rinoceronte, ocultação de provas e fuga da custódia. 

O advogado de Landela não respondeu aos pedidos de comentário, nem ele ou Landela fizeram quaisquer declarações públicas. Landela afirmou ser inocente.  

Ele foi a julgamento pela primeira vez em 2017, mas quando o juiz responsável pelo caso faleceu em 2018, antes que o julgamento fosse concluído, a lei sul-africana exigiu que o julgamento recomeçasse. 

Depois de mais de quatro anos e muitos adiamentos, o julgamento foi marcado para 6 de julho no Tribunal Regional de Skukuza, também conhecido como o “tribunal dos rinocerontes”, por seu histórico de sucesso em processar caçadores de rinocerontes em Kruger. Em 5 de julho, o julgamento foi adiado novamente após o juiz acatar o pedido de prorrogação, por parte da defesa, devido ao recente aumento de casos de covid-19 no país.

Se condenado por todas as acusações, Landela pode pegar até 90 anos de prisão, de acordo com a promotora Ansie Venter. 

Enquanto isso, os guardas-florestais do Parque Nacional Kruger lutam com a realidade do que English afirma não ser um caso isolado. “Rodney foi apenas um dos últimos que descobrimos. Agora sei que alguns dos melhores guardas-florestais do parque estão envolvidos”, lamenta ele. “Não sei em quem posso confiar entre todos que estão aqui; não confio em ninguém.” 

A prisão e o julgamento de Landela marcam a continuação da crescente luta de Kruger contra a corrupção entre guardas-florestais. Esse é um dos casos mais significativos até o momento e mostra a capacidade que as organizações de caça ilegal têm de persuadir guardas responsáveis por proteger os rinocerontes do parque. Entre 2009 e 2021, 42 funcionários foram demitidos após acusações de envolvimento na caça ilegal de rinocerontes, de acordo com Cathy Dreyer, recém-nomeada guarda-florestal do parque. 

Mas esse número reflete apenas aqueles que foram descobertos. É provável que muito mais funcionários estejam envolvidos, seja como informantes e facilitadores ou como participantes mais ativos, explica Ken Maggs, antigo chefe da guarda-florestal de Kruger, que se aposentou no início deste ano após 18 anos no cargo. 

Em fevereiro, dados do parque Kruger revelaram que a população de rinocerontes caiu 70% durante a última década, de mais de 10 mil em 2010 para pouco menos de quatro mil hoje, principalmente devido à caça ilegal. A demanda por chifre de rinoceronte vem principalmente da China e do sudeste da Ásia, onde é transformado em esculturas ornamentais e utilizado na medicina tradicional chinesa, apesar da falta de evidências científicas para comprovar sua eficácia. Vale mais do que seu peso em ouro e o símbolo de status representado pelo chifre de rinoceronte intensificou ainda mais a demanda.

Esses números não surpreenderam os guardas-florestais de Kruger e os conservacionistas que trabalham com eles. Em 2019, a equipe disse à National Geographic que os rinocerontes provavelmente seriam caçados e mortos fora do parque em apenas dois ou três anos. Os guardas-florestais conseguiram evitar essa tragédia e os incidentes de caça ilegal de rinoceronte diminuíram pelo quinto ano consecutivo. Mas o próprio êxito dos guardas-florestais em manter os caçadores ilegais fora do parque levou as organizações de tráfico de chifres de rinoceronte a mudar de tática e recrutar funcionários como cúmplices. 

Coletar informações, recrutar informantes e caçadores ilegais do grupo de funcionários do parque agora é fundamental para que obtenham sucesso, disseram English e outros guardas-florestais. Ao longo dos últimos dez anos, as organizações testaram e refinaram sua abordagem e agora conseguem convencer ou coagir guardas-florestais de todos os níveis na hierarquia a participarem. 

Essas organizações são lideradas por criminosos altamente preparados que administram uma elaborada rede de caçadores, informantes e traficantes de rinocerontes. Na África do Sul, esses grupos são numerosos e cada um supervisiona diferentes operações de caça ilegal em municípios vizinhos ao Parque Nacional Kruger.  

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    Prendendo o próprio chefe 

    Em uma tarde seca de julho em Kruger, quatro anos atrás, guardas-florestais da seção 37 estavam em uma patrulha de rotina em uma área de densa vegetação mopane caracterizada por suas cores predominantes de inverno quando ouviram tiros. 

    Segundo Lucky Ndlovu, guarda-florestal de Kruger com mais de 25 anos de experiência, em depoimento no tribunal, em setembro de 2017, eles correram em direção ao barulho para investigar. Enquanto dirigiam até o local onde ouviram os tiros, avistaram dois homens correndo em direção a uma picape estacionada nos arredores. Quando a dupla entrou no carro e saiu em disparada, os guardas avistaram um rinoceronte-branco recém-morto com os chifres cortados. 

    Ndlovu e os outros guardas perseguiram a picape, um outro grupo de guardas-florestais acionado para dar reforço veio na direção contrária e eles cercaram o carro em fuga. Quando os suspeitos saíram do veículo, os guardas ficaram espantados. Era o chefe deles, Landela, e o veterinário-chefe de Kruger, Kenneth Muchocho (por vezes chamado de “Motshotso”). 

    A princípio, Ndlovu pensou que eles tivessem atirado no rinoceronte por acidente, lembrou ele em depoimento emocionado. Mas enquanto aguardavam a chegada da polícia, da unidade de investigação de crimes ambientais do parque e de um helicóptero para procurar por suspeitos, Landela ficou agitado, andando de um lado para o outro, parecendo “assustado, não como de costume”, declarou Ndlovu. Ndlovu testemunhou que, depois que a dupla foi interceptada, Landela entrou na camionete de Ndlovu e desligou e ligou o rádio, dificultando a comunicação entre os guardas. 

    Landela começou a insistir para que os guardas procurassem na direção oposta daquela para onde Muchocho havia fugido, insistindo que os caçadores teriam ido por ali, testemunhou Ndlovu. À essa altura, contou Ndlovu, os guardas concordaram entre si em ignorar as instruções do chefe, pois começaram a suspeitar de Landela e Muchocho. 

    Quando o helicóptero chegou, Ndlovu acenou para um dos colegas que estava no interior da aeronave e disse algo que um subordinado nunca imaginou dizer um dia: que seu chefe, Landela, e Muchocho eram os caçadores que estavam procurando. 

    Landela e Muchocho foram presos, segundo Ndlovu, que começou a chorar nesse momento durante seu depoimento. Ndlovu se recorda de ter notado que Landela estava usando sapatos diferentes dos que tinha visto incialmente e, em seguida, os sapatos anteriores foram encontrados manchados de sangue de rinoceronte na camionete de Muchocho. Mais tarde, o chifre cortado e descartado foi encontrado nas proximidades e uma bala de um rifle pertencente ao parque foi recuperada do corpo do animal.

    Muchocho, assim como Landela, enfrenta acusações que incluem caça ilegal e roubo de chifre de rinoceronte. Ele se declarou inocente e está sendo julgado com Landela. O advogado de Muchocho não respondeu aos pedidos de comentário, nem fez uma declaração em nome de seu cliente no momento da prisão. 

    Não se sabe exatamente quando o suposto envolvimento de Landela com caçadores ilegais poderia ter começado e por quê. Landela não fala com seus ex-colegas desde sua prisão. Ele também não deu declarações à polícia, aos investigadores, à imprensa, tampouco disse qualquer coisa durante a audiência com sua contratante, a SANParks, organização que supervisiona os parques nacionais da África do Sul. 

    Landela tinha tudo o que uma organização criminosa poderia desejar de um cúmplice infiltrado, dizem os ex-companheiros do acusado: acesso a informações confidenciais sobre o posicionamento dos guardas-florestais e localizações dos rinocerontes, capacidade de facilitar a entrada de armas e a saída dos chifres, e influência nas estratégias de combate à caça ilegal. 

    Ele conquistou a confiança de seus colegas e de sua equipe, que incluía cinco guardas-florestais da seção e cerca de cem guardas-florestais de campo. Normalmente, Landela sabia para onde os guardas-florestais eram designados durante o dia, e ele mesmo tinha autoridade para designar. Mas, de acordo com os guardas daquela seção, no dia do assassinato do rinoceronte, os guardas designados mudaram seus planos de última hora e se esqueceram de informar Landela. Portanto, o acusado provavelmente não sabia que a equipe de Ndlovu estaria perto o suficiente para ouvir os tiros, contou um dos guardas.

    Como organizações criminosas recrutam guardas-florestais

    Os recrutadores de organizações de caça ilegal são astutos e persuasivos. Alguns guardas tentam manter sua profissão em sigilo para evitar se tornar um alvo, revelam eles. “É melhor as pessoas não saberem que sou um guarda-florestal”, disse um deles, que pediu que sua identidade não fosse divulgada por questões de segurança. “Para minha própria proteção e da minha família.” 

    Alguns guardas evitam frequentar bares, onde os recrutadores costumam fazer os primeiros contatos, conta English.

    O recrutamento de um guarda-florestal subordinado, de acordo com English e outros, pode seguir este padrão: depois de uma jornada de trabalho de vários dias, sem intervalos durante uma missão, um guarda-florestal sai do parque e se recompensa com uma cerveja gelada em um bar local. Exausto, ele abaixa a guarda quando alguém se oferece para comprar outra bebida para ele. Eles começam a conversar e logo o guarda percebe que seu novo conhecido está em busca de informações sobre a seção para onde ele foi recentemente designado e começa a fazer ameaças veladas. O criminoso dá a entender que sabe onde a família do guarda-florestal mora e onde e quando sua esposa deixa as crianças na escola. O suor nas mãos do guarda-florestal, causado pela ansiedade, se mistura com a condensação na garrafa gelada. 

    Se um recrutador não obtiver sucesso com cervejas e ameaças sutis, ele pode atrai-los com suborno, o que pode ser mais difícil de resistir. “Um guarda não ganharia em um ano o que ganharia com a organização”, declara o chefe da guarda-florestal Maggs. “Os salários oferecidos no funcionalismo público nunca irão competir com os de uma facção criminosa.” Os guardas-florestais de Kruger geralmente ganham entre US$21 e US$ 28 por dia.

    “Todos têm problemas ou necessidades financeiras, então eles podem subornar um guarda que precisse de pneus novos para o carro, por exemplo”, diz English. O recrutador pode se oferecer para pagar pelos pneus, mas espera que o guarda retribua com informações. “Se o guarda não retribuir, ele morre. E se juntar a esses caras significa assinar uma sentença de morte”, salienta English. “É como entrar para a máfia, não é possível sair.” 

    No fim de 2019, um guarda-florestal afastado por suspeita de caça ilegal alegou que English o torturou. English foi afastado por dois meses enquanto o parque investigava o caso e, durante sua ausência, pelo menos 50 rinocerontes foram caçados em sua região, relatou a National Geographic em 2020. Um porta-voz do parque disse que uma estratégia das organizações criminosas “é tentar fazer acusações” para tirar de serviço os melhores guardas-florestais. 

    Pode ser mais do que pneus, Maggs acrescenta: um carro, dinheiro para construir uma casa e, consequentemente, o respeito da comunidade por possuir bens materiais.

    Segundo Bruce Leslie, que lidera guardas-florestais em operações especiais contra a caça ilegal em Kruger, os tipos de suborno variam muito. “Muitos guardas-florestais são de regiões que se tornaram paraísos para caçadores, administradas por criminosos”, diz ele.

    Os envolvidos no comércio ilegal de chifres de rinoceronte são frequentemente vistos como heróis porque são eles que levam dinheiro para as comunidades, afirma ele. Quando o parque foi fundado em 1926, algumas comunidades foram retiradas à força das terras. Isso gerou ressentimento, bem como uma divisão entre as comunidades empobrecidas de um lado da cerca e os esforços de conservação e investimentos turísticos com muitos recursos do outro, de acordo com a especialista de Kruger, Jane Carruthers, historiadora ambiental da Universidade da África do Sul. 

    A maioria das pessoas que vive perto do parque nunca o visitou ou viu um rinoceronte. Elas não enxergam os rinocerontes vivos como algo benéfico — a receita proveniente do turismo raramente chega às suas comunidades — e é mais provável que estejam familiarizadas com a rápida recompensa oferecida por um animal morto. 

    Medo da traição

    Quando um guarda-florestal veterano da região começou a trabalhar no Kruger, há mais de 30 anos, os uniformes não incluíam fardas de camuflagem ou armas de fogo. A guerra contra a caça ilegal ainda não havia começado. 

    Agora, como supervisor de dezenas de guardas-florestais, ele pediu que não fosse identificado para preservar sua segurança. Os dias mais desafiadores no trabalho costumavam ser dias em que os animais eram encontrados presos em armadilhas de arame, enfrentando uma morte lenta e dolorosa para o consumo de suas carnes. Era algo difícil de ver, lamenta ele, mas não se compara com a pressão de lidar com o envolvimento interno — uma traição que ele afirma ser “o desafio mais difícil em meu trabalho”.

    Se ele e outros guardas estivessem se defendendo de caçadores ilegais vindos de fora, afirma, o assassinato de rinocerontes teria sido combatido há muito tempo. Mas quando os próprios guardas são os cúmplices, conta, o problema atinge uma dimensão totalmente diferente. Dos cerca de 20 guardas florestais em sua seção, ele afirma que apenas cinco são confiáveis. Esse pequeno grupo precisa realizar o trabalho de toda a equipe. 

    Isso não é sustentável, enfatiza English. 

    O medo persistente da traição também tem um fardo psicológico. “Prefiro trabalhar sozinho porque não quero ninguém andando atrás de mim”, explica o guarda-florestal veterano. Ele se preocupa com o fato de um colega corrupto atirar nele pelas costas durante uma patrulha em troca de dinheiro oferecido por uma organização. Somado a esse tipo de pressão, há o efeito desmoralizante de ver colegas sendo demitidos ou presos por suposto envolvimento com a caça ilegal. 

    Mais do que qualquer coisa, diz English, a prisão de Landela nos deixou sem moral. 

    Em busca de respostas

    Depois de quase cinco anos de espera, Don English e os outros guardas-florestais de Kruger podem finalmente obter respostas de Landela. O que levou um guarda-florestal naquela posição e com aquele comprometimento à traição? As organizações tinham algo para usar contra ele? Foi simplesmente ganância? 

    “Não posso confirmar se ele irá depor”, observa Venter, o promotor do caso, “mas posso afirmar que em todos os anos em que trabalho com casos envolvendo rinocerontes, não houve um único julgamento em que o acusado não depôs”.

    Muitos funcionários do Kruger esperam que o caso Landela dê início a ações e comprometimento político para reprimir o envolvimento interno. “Gestão de integridade”, ou a implementação de métodos para preservar os padrões éticos de uma instituição, não é um conceito novo em reservas particulares que abrigam animais selvagens na África do Sul. Algumas utilizam o teste do polígrafo para eliminar funcionários que possam estar envolvidos com a caça ilegal de rinocerontes, mas essas medidas têm sido difíceis de implementar em Kruger e em outros parques nacionais. 

    Maggs tentou implementar o teste do polígrafo durante o tempo em que trabalhou como chefe da guarda-florestal em Kruger, mas “os contratos de trabalho ficam contra nós quando mencionamos os testes de integridade”. Esses contratos, bem como o sindicato que representa os funcionários dos parques nacionais da África do Sul, não permitem o uso do teste do polígrafo ou de testes de integridade caso possam resultar na suspensão ou demissão do funcionário.

    Os polígrafos nem sempre são confiáveis. E, como uma solução mais eficaz, alguns membros veteranos da equipe de Kruger sugeriram um plano abrangente focado na qualificação profissional, como treinamentos em rastreamento, táticas e habilidades de defesa; bem-estar psicológico; aumento salarial; e recompensas para guardas cujo trabalho é considerado íntegro. 

    Pode ser difícil prever quem é suscetível à corrupção, mas a equipe sênior do parque salienta que criar um ambiente de trabalho no qual os guardas se sintam apoiados, valorizados e que seus esforços árduos sejam considerados importantes pode ajudar a reprimir o envolvimento interno em Kruger.

    Maggs diz que recebeu “os melhores equipamentos do mundo” com soluções tecnológicas para combater a caça ilegal: drones, helicópteros equipados com infravermelho e outras tecnologias para auxiliar no monitoramento dos animais selvagens e na detecção de caçadores ilegais. Mas ele enfatiza que nada disso “pode substituir o trabalho de guardas íntegros em campo”. 

    Diante do envolvimento interno, os guardas íntegros que atuam em campo continuarão a se desgastar enquanto assumem a responsabilidade de proteger a maior população remanescente de rinocerontes selvagens contra organizações criminosas. Atualmente, isso inclui a própria equipe.

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