Pode haver uma nova super-Terra orbitando a estrela ao lado
Mudanças sutis no movimento da nossa estrela vizinha, Proxima Centauri, sugerem a possibilidade de ela acomodar não um, mas dois mundos alienígenas.
No total, eles tinham aproximadamente 17 anos de dados sobre as agitações e oscilações da estrela. Neles, os cientistas observaram um sinal que poderia representar outro planeta em órbita ao redor da Proxima Centauri. Se estiver lá — e ainda é um enorme “se” — o Proxima c leva um pouco mais de cinco anos terrestres para dar uma volta ao redor de sua estrela, orbitando no equivalente a 1,5 vez a distância entre a Terra e o Sol.
“Essa detecção é muito desafiadora,” conta Del Sordo. “Nos perguntamos diversas vezes se este seria um planeta real. Mas o certo é que, mesmo que esse planeta seja um castelo no ar, devemos continuar trabalhando para colocar bases ainda mais sólidas sob ele.”
Um artigo que descreve a detecção foi enviado a uma revista científica com processo de revisão por pares.
Os cientistas continuarão coletando dados sobre a estrela e planejam usar as informações da sonda espacial Gaia, lançada pela Agência Espacial Europeia, para estudar ainda mais o movimento da Proxima Centauri, refinando a interpretação de suas oscilações. Eles também sugerem que o planeta poderá ser visto diretamente em telescópios futuros.
Ademais, as observações da estrela feitas pelo Atacama Large Millimeter/Submilliter Array, ou ALMA, podem corroborar a possibilidade de vários planetas estarem em órbita: nessas imagens, a Proxima Centauri é cercada por faixas de poeira que são presumivelmente esculpidas por objetos em órbita. Além disso, o ALMA detectou outra fonte brilhante no sistema Proxima, situada aproximadamente à distância em que o Proxima c pode orbitar.
“Existe uma fonte desconhecida — há alguma coisa. Pode ser de outra origem, pode ser ruído; não sabemos,” diz Del Sordo.
“É um resultado realmente incrível — espero que resista à apuração científica dos próximos meses e anos,” diz Rene Heller do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar.
Lauren Weiss, da Universidade do Havaí, sugere que a equipe pode estar observando um sinal causado por uma combinação de outros planetas no sistema, além de ruídos estelares.
“Talvez existam outros planetas, mas não no período relatado para o candidato,” disse ela a Damasso e Del Sordo durante a conferência. “Eu realmente não sei o que podemos fazer, exceto o que você, corretamente, já falou — continuar monitorando… será um longo caminho.”
Não apenas um, mas dois planetas podem estar orbitando a estrela mais próxima ao nosso Sol, uma pequena anã-vermelha chamada Proxima Centauri, a cerca de 4,24 anos-luz de distância.
“Temos o prazer de lhes mostrar, de forma inédita, o que acreditamos ser um candidato a novo planeta, orbitando Proxima, que chamamos de Proxima c,” anunciou Mario Damasso do Observatório de Turim, na Itália, durante a conferência Breakthrough Discuss de 2019.
“É apenas um candidato,” conta ele. “É muito importante enfatizar isso.”
Se o planeta estiver lá, possui, pelo menos, seis vezes mais massa do que a Terra — caracterizando o que é chamado de super-Terra — e leva 1.936 dias para completar o movimento de translação em torno de sua estrela. Isso significa que a temperatura média da superfície do planeta é fria demais para que exista água em estado líquido.
“Este planeta é habitável? Na verdade não — é muito frio,” afirma Fabio Del Sordo, da Universidade de Creta.
Em 2016, cientistas do projeto Pálido Ponto Vermelho revelaram o primeiro mundo conhecido a orbitar Proxima Centauri — um planeta com, pelo menos, 1,3 vez a massa da Terra e que talvez seja quente o suficiente para ter vida na forma que conhecemos prosperando na superfície. Eles identificaram esse planeta, chamado de Proxima Centauri b, ao estudar como a gravidade dele afeta Proxima Centauri, causando oscilações no movimento da estrela.
Recentemente, Damasso e Del Sordo decidiram rever os dados utilizados na detecção do Proxima b. Eles os processaram de maneira um pouco diferente, removeram os sinais do Proxima b e da atividade estelar intrínseca e adicionaram 61 medições feitas ao longo de 549 dias adicionais pelo espectrógrafo HARPS, montado em um telescópio no Observatório de La Silla, no Chile.