Até quando a pandemia impedirá os encontros de família?

Conforme as vacinas são disponibilizadas, viajar para se encontrar com parentes torna-se uma possibilidade mais concreta. Veja como fazê-lo de forma segura e com poucas pessoas.

Por Vicky Hallett
Publicado 19 de mai. de 2021, 07:00 BRT
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Os norte-americanos estão ansiosos para se reunir com familiares de fora de seu círculo domiciliar, mas encontros com grandes grupos de crianças não vacinadas continuam sendo arriscados.

Foto de Karolina Krasuska, Alamy Stock Photo

Carmelita Brown, 77 anos, vem sendo muito cuidadosa com sua saúde no último ano, mesmo depois de já ter tomado as duas doses da vacina contra a covid-19. “Sou idosa e afro-americana, portanto estou no grupo risco”, diz ela. Recentemente, quando ela viajou de sua cidade, no estado da Flórida, para o estado de Montana para o casamento de sua afilhada, ela usou três máscaras e um protetor facial do tipo face shield no avião.

O evento para 20 pessoas, que ocorreu em sua maioria ao ar livre, foi uma experiência tão tranquila que Brown agora está ansiosa para planejar uma viagem de férias no meio do ano com seus filhos e netos. Entre as opções estão: uma viagem para o México, um cruzeiro no Alasca (que deveria ter sido feito em 2020, mas foi cancelado) ou, segundo Brown: “eu estava pensando em Vancouver ou Victoria, mas a fronteira canadense ainda está fechada”.

Assim como Brown, muitos norte-americanos não veem a hora de se reunir com a família durante suas férias de verão, após meses de isolamento forçado e viagens adiadas. A consultora de viagens Suzy Schreiner da Azure Blue Vacations já afirma que 2021 é o ano do reencontro. “Quase todo mundo está viajando em grupo”, conta ela.

Nesse segundo verão (do Hemisfério Norte) em meio a pandemia da covid-19, é necessário planejar um encontro de família de qualquer tipo pensando nos detalhes mais delicados. “Há demanda e interesse reprimidos, mas também há bastante cuidado”, afirma Rainer Jenss, fundador da Family Travel Association. Determinados tipos de viagens que seriam atrativas antigamente — cruzeiros em grandes navios, encontros com dezenas de primos em um resort — estão sendo descartados em sua maioria e sendo substituídos por restaurantes perto de seu destino com retirada do pedido na área externa. Veja o que considerar ao planejar uma reunião de família.

Máscaras e divisórias de acrílico estão entre as medidas de segurança contra a covid-19 que os turistas encontrarão nas próximas viagens.

Foto de Dwayne Senior, Bloomberg/Getty Images

Mantenha-se saudável mesmo em grupo

Não importa qual é o destino dos viajantes, não há como fugir dos riscos da covid-19. Isso significa que os protocolos de segurança devem fazer parte do itinerário, diz Joshua K. Schaffzin, diretor de Controle e Prevenção de Infecções do Centro Médico do Hospital Pediátrico de Cincinnati. Ele incentiva as famílias a conversar abertamente e com antecedência sobre como enfrentarão diversos cenários, por exemplo, se a chuva estragar a programação de um jantar ao ar livre.

Um grupo totalmente vacinado simplifica muito essas escolhas, observa Lucy McBride, médica internista em Washington, D.C., que escreve um boletim informativo semanal sobre a covid-19. “Então o risco é quase zero”, afirma ela. A Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration, FDA) parece estar prestes a aprovar a vacina da Pfizer-BioNTech para crianças a partir dos 12 anos de idade. Mas mesmo crianças não vacinadas estão bem protegidas ao interagir com familiares e amigos totalmente imunizados. 

A caminho do destino final e ao participar de atividades com pessoas não vacinadas, as famílias precisam continuar seguindo os protocolos de segurança contra o vírus (usar máscaras, praticar distanciamento social, lavar as mãos), em especial em locais com possibilidade de lotação, como aeroportos, restaurantes e atrações turísticas.

Por exemplo, os sobrinhos não vacinados de McBride também irão às pescarias e trilhas durante as férias em família. Embora ela não esteja preocupada em ficar com as crianças dentro de casa, elas precisam fazer o teste antes da viagem para ter certeza de que não estão infectadas. “E eu não gostaria que eles saíssem em público sem máscara”, salienta ela.

Não tem certeza de quais regras se aplicam ao grupo com o qual irá se reunir? Se no grupo há pessoas não vacinadas que moram em casas diferentes, McBride sugere buscar a opinião de um médico. É possível que esse profissional apresente uma série de opções e não uma resposta definitiva — não há uma resposta mágica sobre tamanho máximo do grupo ou lista de atividades aprovadas. Em vez disso, trata-se de uma questão de equilibrar vários fatores. “As pessoas querem ouvir sim ou não e a resposta é: depende”, esclarece ela. “É preciso saber quais são seus riscos e sua tolerância a riscos.” 

Schaffzin observa que novas variantes ou grandes aumentos no número de casos podem surgir a qualquer momento. “Portanto, é totalmente normal fazer planos, mas não deixe de acompanhar os números de casos.” Se os hospitais perto do seu destino estiverem ficando superlotados, provavelmente não seja a melhor hora para viajar. 

Aonde ir e quando reservar

Pensando em alugar uma casa de praia em um destino familiar clássico (como Outer Banks, na Carolina do Norte) ou fazer uma viagem de carro até um parque nacional? É melhor fazer as reservas logo.

“Não é só você. Todo mundo teve a mesma ideia”, diz Sally Black, fundadora da Vacation Kids e autora de Fearless Family Vacations: Make Everyone Happy Without Losing Your Mind (Férias em família sem medo: deixe todos felizes sem enlouquecer, em tradução livre). Sua agência de viagens tem atendido a vários pedidos parecidos para grupos de dez ou menos pessoas interessadas em atividades ao ar livre. Muitas famílias querem se hospedar em hotéis-fazenda, uma tendência que Black também admira. “Adoro caubóis”, declara ela. “É como um acampamento de luxo — pode-se estar ao ar livre sem precisar dormir em uma barraca.” Porém a disponibilidade é sempre complicada e, neste ano, está praticamente impossível. Ela já está fazendo reservas para viagens em família em hotéis-fazenda para o meio do ano de 2022.

De acordo com dados da Vrbo, famílias otimistas começaram a alugar casas de temporada com meses de antecedência em relação ao normal e reservaram estadias bastante longas.

Qualquer local perto de maravilhas naturais famosas provavelmente estará repleto de visitantes e veículos. O Parque Nacional de Yosemite está exigindo reservas para visitá-lo durante o meio deste ano, uma das muitas estratégias que o Serviço Nacional de Parques utiliza para proteger locais populares da superlotação.

Black aconselha que as pessoas sejam flexíveis e se preparem para uma surpresa desagradável com os preços, já que o aumento do interesse por aventuras ao ar livre significa que há menos disponibilidade. As opções reembolsáveis também costumam custar mais, mas são uma escolha mais sábia devido às incertezas de modo geral.

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    Muitas famílias estão planejando atividades ao ar livre, como trilhas, caso viajem com parentes neste meio do ano.

    Foto de Per Breiehagen, Getty Images

    E os cruzeiros e as viagens internacionais?

    Vários tipos de viagens que foram impossibilitadas durante grande parte de 2020 agora voltaram a ser uma opção viável. Pessoas provenientes dos Estados Unidos há muito impedidas de entrar na Europa podem ser bem-vindas novamente  — sob o requisito de mostrarem seus comprovantes de vacinação. Os navios de cruzeiro, que estão proibidos desde o segundo trimestre de 2020, receberam autorização dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) para retomar as operações no país no início do próximo semestre, desde que 95% dos hóspedes e 98% da tripulação tenham sido vacinados. (McBride acredita que essa seria uma boa maneira de incentivar as pessoas que estão em dúvida sobre tomar a vacina.)

    Tudo isso é uma notícia bem-vinda para muitas pessoas, principalmente para aquelas que esperam estar entre os primeiros turistas a voltar para lugares que, em sua maioria, permaneceram fechados para visitantes provenientes de outras regiões. Mas Jenss não acredita que todos partirão para encontros em locais distantes. “Existe a questão da imprevisibilidade, se as famílias se sentem seguras em sair do país e se depois conseguirão retornar”, explica ele. 

    Países próximos (Costa Rica, México) ou uma ilha caribenha podem parecer menos assustadores, comenta Jenss. Embora esses lugares tenham permanecido abertos a visitantes durante a maior parte da pandemia, não são necessariamente mais seguros do que outros destinos internacionais. O Departamento de Estado dos Estados Unidos e o CDC recomendam não visitar o México, onde o número de casos de covid-19 permanece alto e a vacinação ainda está em ritmo lento.

    Quanto mais as viagens internacionais puderem ser adiadas, melhor, aconselha Schaffzin, porque mais pesquisas sobre a covid-19 e mais vacinas acabarão por tornar o mundo mais seguro. Ele e seus parentes distantes estão fazendo encontros mensais na plataforma Zoom este ano para substituir a reunião presencial. Dezenas de parentes de Brown, que geralmente se reúnem a cada dois anos durante o verão dos Estados Unidos em uma cidade diferente, também decidiram adiar o reencontro. “Realizamos uma votação e foi decidido que não podemos nos reunir até que todos estejam vacinados”, informa ela.

    Contanto que ela possa ver seus parentes mais próximos agora, Brown diz que os planos maiores — e encontros maiores — podem esperar até 2022.

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