Como doses de reforço podem ajudar na proteção contra Ômicron

Imunidade oferecida pelas vacinas contra a covid-19 diminui com o tempo, mas dados revelam que as doses de reforço oferecem melhor proteção contra todas as variantes — incluindo a mais contagiosa, Ômicron.

Por Sanjay Mishra
Publicado 21 de dez. de 2021, 15:24 BRT
Profissional de saúde prepara uma dose da vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech no hospital civil ...

Profissional de saúde prepara uma dose da vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech no hospital civil do Nepal. A vacina da Pfizer foi fornecida à população do Nepal pelo governo dos Estados Unidos por meio da Covax Facility.

Foto de Dipendra Rokka/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Com a propagação da nova variante Ômicron, especialistas afirmam que a melhor defesa contra todas as variantes virais que causam a covid-19 é completar o esquema vacinal e, depois de alguns meses, tomar uma dose de reforço.

Desde que a primeira vacina de RNAm contra a covid-19 foi autorizada, em 11 de dezembro de 2020, estudos revelaram que pessoas não vacinadas têm cinco vezes mais chances de serem infectadas e 10 vezes mais chances de hospitalização ou óbito por covid-19 em relação as que completaram o esquema vacinal.

Mas pesquisas realizadas em Israel e nos Estados Unidos também revelaram que a proteção das vacinas contra o Sars-CoV-2 começa a diminuir entre seis e oito meses após a conclusão do esquema vacinal. Isso traz muita preocupação, pois mais populações estão expostas à variante Ômicron, que foi detectada pela primeira vez em novembro na África do Sul e é mais contagiosa.

Até o momento, a Ômicron já foi notificada em 77 países. Nos Estados Unidos, a variante está circulando em mais de 37 estados e representa 3% do total de casos; os outros 97% ainda correspondem à variante Delta. Em Londres, no entanto, a variante Ômicron já é responsável pela maioria das infecções por Sars-CoV-2, e na África do Sul é a cepa dominante.

Apesar disso, as doses de reforço podem restabelecer os anticorpos aos níveis mais altos, fornecendo proteção mais robusta contra a variante Ômicron.

“As vacinas protegem, ou pelo menos evitam óbito pela doença”, diz Leo Poon, virologista da Universidade de Hong Kong, na China, que diagnosticou alguns dos primeiros casos da variante Ômicron fora da África do Sul. “Uma dose de reforço trará benefícios contra a variante Ômicron e contra a Delta.”

O que é uma dose de reforço?

As vacinas contra a covid-19 preparam o nosso sistema imunológico para produzir anticorpos usando versões sintéticas da proteína de espícula do vírus, ou seja, a parte do vírus que o ajuda a se fixar às células humanas. Se uma pessoa vacinada posteriormente tiver contato com o vírus, os anticorpos o reconhecem e se fixam à proteína de espícula para prevenir a infecção.

A primeira dose de uma vacina de RNAm prepara as células para produzir anticorpos; a segunda dose amadurece e aumenta esses anticorpos para se fixarem com ainda mais intensidade à proteína de espícula. Assim, as doses da vacina impossibilitam que o vírus se ligue aos receptores de células humanas. No caso da vacina produzida pela Johnson & Johnson, uma única dose é capaz de formar anticorpos suficientes contra a cepa original do novo coronavírus.

Porém, os níveis de anticorpos de todas as vacinas autorizadas até o momento diminuem gradualmente, explica Maria Elena Bottazzi, vacinologista do Centro Infantil de Desenvolvimento de Vacinas da Faculdade de Medicina de Baylor, no Texas, Estados Unidos. Por isso as doses de reforço são necessárias.

A dose de reforço é atualmente recomendada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) para todas as pessoas acima de 18 anos. Os CDC determinam que as pessoas devem receber a dose de reforço seis meses após a segunda dose das vacinas de RNAm da Pfizer ou Moderna, ou dois meses após a vacina da Johnson & Johnson. Os CDC também recomendaram doses de reforço para jovens de 16 e 17 anos que completaram o esquema vacinal da Pfizer.

Os cientistas ainda estudam a durabilidade da imunidade oferecida pelas doses de reforço e a necessidade da aplicação de mais doses no futuro.

Como a variante Ômicron afeta as vacinas? 

Como a Ômicron acumulou mais de 30 mutações na proteína de espícula em comparação com o vírus original, parece que a nova cepa é capaz de evadir os anticorpos gerados por duas doses das vacinas da Pfizer ou da Moderna — ou a dose única da vacina da Johnson & Johnson —, sobretudo com a queda dos níveis de anticorpos no sangue.

Em um estudo realizado no Reino Unido, ainda não revisado por pares, a eficácia da administração de duas doses das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca para prevenção dos sintomas de covid-19 causados pela variante Ômicron caiu para menos de 40% em 15 semanas após a aplicação da segunda dose. Houve um declínio menor na eficácia da vacina da Pfizer contra a variante Delta, mas ainda reduziu para apenas 60% após 25 semanas da aplicação.

Outros estudos preliminares realizados na África do Sul, Israel e França também mostram declínios acentuados na capacidade dos anticorpos de neutralizar a variante Ômicron em pessoas que tomaram duas doses das vacinas da Pfizer ou da Moderna.

Doses de reforço eficazes contra a variante Ômicron

A boa notícia é que uma dose de reforço da vacina da Pfizer aumenta os níveis de anticorpos em 25 vezes, o que deve ser suficiente para neutralizar a variante Ômicron. A dose de reforço da vacina da Moderna também melhorou a neutralização da variante Ômicron em relação às duas doses anteriores.

“A diminuição da imunidade significa que não há mais proteção após a conclusão do esquema vacinal com as duas doses”, afirma Peter Hotez, pediatra e vacinologista da Faculdade de Medicina de Baylor. “A dose de reforço fornece uma proteção de cerca de 70%.”

Outros estudos demostram que, quando as pessoas receberam doses de reforço de RNAm de qualquer fabricante, seus níveis de anticorpos contra a variante Ômicron aumentaram e o nível de proteção foi considerado suficiente para a prevenção de uma infecção por covid-19.

“Nossos planos de vacinação de reforço são eficazes contra a variante Ômicron”, disse Anthony Fauci durante um pronunciamento de atualização sobre a covid-19 na Casa Branca, no dia 15 de dezembro. “Até aqui, doses de reforço específicas para a variante não se mostraram necessárias”, acrescentou Fauci.

No entanto, os dados são, em grande parte, provenientes de estudos de laboratório; a imunidade envolve mais do que apenas os anticorpos. Mais dados em contextos reais serão importantes para avaliar a eficácia das vacinas atuais contra a variante Ômicron a longo prazo.

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