Endometriose: os 5 dados essenciais para entender a doença, segundo os médicos
Dores fortes, principalmente no período da menstruação (e até alguns dias antes), inchaços abdominal e até problemas de intestino estão entre os sintomas da endometriose. A doença atinge 10% das mulheres globalmente e, muitas vezes, é mal diagnosticada.
Mais comum do que se imagina e, ainda assim, de diagnóstico difícil (ou demorado) em muitos casos, a endometriose afeta cerca de 10% da população feminina global em idade reprodutiva, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a organização, atualmente não existe cura conhecida para a endometriose, mas sim tratamentos que buscam controlar os sintomas – os quais, muitas vezes, podem ser incapacitantes para a mulher. A OMS reforça que o diagnóstico precoce é a melhor maneira de controlar o problema, mas que em países de baixa e média rendas é comum que ações para combatê-la sejam limitadas ou insuficientes.
Para saber mais sobre a doença, conheça esses cinco dados essenciais sobre a endometriose, que tem no chamado Março Amarelo seu mês de conscientização mundial.
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1. O que é a endometriose?
De acordo com a OMS, a endometriose é uma doença crônica. Sua causa é a presença de tecido endometrial fora do útero, espalhado por outros órgãos e cavidades.
“O endométrio é a camada que reveste internamente o útero e que cresce à espera de uma gravidez. Quando isso não acontece, ele descama e sai do corpo com o sangue menstrual”, explica Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
2. Onde a endometriose é mais frequente no corpo?
Segundo o Dr. Alexandre Pupo, a doença pode ser verificada de forma recorrente nos ovários, nos ligamentos que prendem o útero ao osso do sacro, na região de septo-reto vaginal e principalmente no peritônio (tecido que reveste internamente a cavidade abdominal feminina.
“Fora isso, a endometriose pode ainda surgir no intestino, no apêndice, no diafragma e outros órgãos até fora da cavidade peritoneal. Há casos descritos da doença acometendo os pulmões e até a meninge”, informa o médico.
3. Por que é tão difícil diagnosticar a endometriose?
Para o especialista, a dificuldade em reconhecer a enfermidade no organismo feminino tem a ver com o fato de que é preciso primeiro identificar o foco da endometriose para então removê-lo e mandá-lo para um estudo anatomo-patológico (ou seja, uma biópsia). “Através desse exame microscópio se confirma a presença de tecido endometrial fora do útero”, afirma o especialista.
“Esse ‘diagnóstico de certeza’, como é chamado, depende também de se fazer uma cirurgia para chegar ao foco e ter a confirmação”, diz.
Antes de chegar a essas duas etapas, no entanto, é necessário que a mulher fique atenta aos sintomas da endometriose e, em decorrência deles, faça exames como a ressonância magnética da pelve ou ultrassom intravaginal (ambos com o chamado preparo intestinal).
A cirurgia é tanto um método de diagnóstico, para identificar os focos de endometriose no corpo da mulher, como uma forma de tratamento, já que seu papel é remover o tecido endometrial fora de lugar.
4. Quais são os sintomas da endometriose?
O médico lista os seguintes sintomas indicativos da endometriose: a dor crônica (como cólicas) é um deles e pode surgir poucos dias antes da menstruação, persistindo por todo o período menstrual.
“Outro ponto é a infertilidade, ou seja, mulheres que tentam há mais de um ano engravidar podem ter como causa a endometriose”, diz o Dr. Alexandre Pupo. Isso acontece nos casos em que a doença é assintomática (ou silente).
Por fim, vale ficar de olho em alterações no hábito intestinal, além de inchaço ou dor no abdômen, e intestino solto no período da menstruação.
Quando a endometriose acomete a região da bexiga e do trato urinário, ela pode causar uma constante vontade de urinar e até sangramentos nesse líquido, algo que não é tão incomum, alerta o médico.
5. A endometriose é hereditária?
“Hoje já se sabe que uma parte das mulheres que sofrem com a doença tem histórico familiar, portanto, é correto afirmar que existe um fator de risco hereditário para a endometriose”, informa o especialista. “Acredita-se que em torno de 10 a 15% dos casos, segundo estudos, tenham a hereditariedade envolvida”.
O ginecologista Alexandre Pupo ressalta, porém, que a maioria dos casos de endometriose não têm essa relação familiar, mas que curiosamente a doença é mais frequente em cidades grandes e mais poluídas. “A doença está relacionada com a poluição, precisamente com agentes poluidores que chamamos de ‘disruptores hormonais’, e que são substâncias presentes nesses ambientes e têm capacidade de causar alteração hormonal no corpo da mulher”, destaca o expert em saúde feminina.
O tratamento mais efetivo da endometriose é a cirurgia. Outras formas de controlar o problema se dão com o uso de medicamentos hormonais para tentar aliviar os sintomas