Fotos microscópicas revelam um mundo de pequenas maravilhas coloridas
Nesta imagem pode-se observar a transformação de um peixe-palhaço: de uma ova com células de cor laranja-viva em um pequeno nadador. O desenvolvimento dos peixes é rápido – o processo inteiro, da fertilização ao nascimento, leva cerca de uma semana.
Cores, texturas e formatos se misturam de forma sublime no mundo fora da minha janela. Trepadeiras variegadas crescem em um emaranhado pontilhado por bolinhas vermelhas-vivas de tomates-cereja. Folhas recortadas caem no chão enquanto o vento balança os galhos das árvores. Mas, admirando esse cenário, sei que outras maravilhas visuais passam despercebidas diante de todos: o mundo microscópico.
De grãos de pólen pontiagudos a escamas douradas da asa de uma borboleta, os menores detalhes são difíceis de notar. Por isso, todo ano, o Concurso de Fotomicrografias Small World da Nikon nos lembra dessa beleza diminuta. Em seu 47o ano, o concurso recebeu 1,9 mil inscrições de 88 países, mostrando minúcias muitas vezes invisíveis a olho nu.
A competição da Nikon homenageia os rápidos avanços das tecnologias da microfotografia. As ferramentas e técnicas disponíveis avançaram em ritmo acelerado desde que Hans e Zacharias Janssen, pai e filho holandeses fabricantes de lentes oculares, criaram o primeiro microscópio em 1590. Essa invenção abriu um novo mundo para explorar até a placa bacteriana nos dentes humanos, descrita em 1683 por Antony van Leeuwenhoek como uma matéria branca “espessa como uma massa de bolo”.
As fotos inscritas no concurso deste ano revelam detalhes extraordinários de algumas imagens surpreendentemente comuns – desde o brilho forte da areia iluminada por trás até as antenas em forma de pluma no topo da cabeça de um mosquito. Todas as fotos vencedoras deste ano estão disponíveis para visualização no site da Nikon. E nesta matéria, Todd James, editor de fotos da National Geographic, selecionou imagens que despertaram sua imaginação entre as homenageadas deste ano.
“Para mim, o mais impressionante desse concurso não são os ganhadores, mas a mensagem incrível de como a natureza é milagrosa em todas as escalas”, afirma James.
Embora este mosquito pareça ter sido fotografado em pleno voo, o infeliz inseto está, na realidade, congelado no tempo, envolto em resina de árvore há cerca de 40 milhões de anos. O pequeno tesouro, mostrado nesta imagem do fotógrafo Levon Biss, é proveniente da região do Báltico, no norte da Europa, que possui o maior depósito de âmbar já encontrado.
O que parece ser uma criatura marinha sinuosa é, na verdade, um colo de raiz cortado de uma planta de milheto, mostrada na imagem ampliada em cinco vezes. Dylan Jones, da Universidade de Nottingham, conseguiu capturar a imagem com um novo método revolucionário conhecido como tecnologia de ablação a laser, em que pulsos de laser são utilizados para evaporar a superfície da raiz, expondo uma visão nítida das estruturas internas da planta para fotografia.
Com aumento de 20 vezes, a nervura e as escamas da asa de uma borboleta da espécie Morpho didius se parecem com esculturas de ouro e bronze. As estruturas finas gravadas nas escamas das asas provocam difração e interferência na entrada de luz, o que proporciona às asas da borboleta uma coloração azul metálica ao olho humano. Tirada pelo fotógrafo francês Sébastien Malo, esta imagem foi premiada com o 10o lugar no concurso deste ano.
Um par de antenas em formato de plumas se projetam da cabeça de um mosquito da família Chironomidae nesta imagem feita por Erick Francisco Mesén. O enfeite de cabeça ornamentado é diferente entre mosquitos machos e fêmeas, o que talvez permita que os insetos se sintonizem em diferentes frequências sonoras. O propósito exato das plumas é desconhecido, mas cientistas especulam que plumas semelhantes em pernilongos machos – parentes sugadores de sangue deste mosquito – os ajudam a localizar fêmeas voando nas proximidades.
Conforme registrado pelo fotógrafo Guillermo López Sincrotron em uma ampliação 10 vezes maior, esses grãos de pólen de hibisco parecem precariamente equilibrados sobre uma antera, a estrutura de uma flor que produz e dispersa o pólen.
Com aumento de 63 vezes, o mineral de ágata parece arte abstrata, como pode ser observado nesta imagem feita pelo fotógrafo Douglas Moore, da Universidade de Wisconsin. O mineral de cores vivas se forma a partir da cristalização de águas ricas em sílica ao se infiltrarem em vãos rochosos, geralmente em fluxos de lava recém-resfriados. Variações no tamanho, estrutura e composição do cristal definem as camadas características do mineral.
Você já se perguntou o que há embaixo das pétalas de um botão de flor? José Almodóvar, biólogo da Universidade de Porto Rico, tirou esta foto da espécie Clerodendrum paniculatum, comumente conhecida como ‘flor-de-pagode’, com pétalas removidas, revelando o pistilo púrpura esguio do botão e os estames ainda enrolados.
Esta minúscula artêmia transparente tem apenas quatro dias de idade e brilha contra um fundo preto do mar nesta imagem do fotógrafo Waldo Nell. Mostrada na foto com aumento de dez vezes, embriões dormentes de artêmia, conhecidos como cistos, podem ser armazenados por longos períodos, tornando-os uma fonte de alimento ideal para a aquicultura. Muitas pessoas podem conhecer uma variedade de artêmia vendida como alimento para peixes de aquário.
Embora a cara lembre as feras que assombram pesadelos, este inseto prefere mangas a humanos. Os filhotes da broca-da-manga escavam a semente gigante da fruta, onde se alimentam até que as larvas se tornem adultas, uma das quais é mostrada nesta imagem de Antoine Franck, do Centro de Pesquisa e Cooperação Internacional da França.
Estas rochas brilhantes podem parecer as joias do infinito do universo fictício da Marvel, mas, na verdade, são grãos de areia com aumento de dez vezes em uma imagem feita pelo fotógrafo Xinpei Zhang. Coletada no deserto do Namibe, no sul da África, a coloração forte da areia se deve a sua abundância de ferro.
Este grão de arroz é surpreendentemente belo de se contemplar, já que a luz destaca cada fissura e mancha em sua superfície amilácea, retratada nesta imagem ampliada em 20 vezes pelo fotógrafo Roni Hendrawan.
Registrada pelo fotógrafo Thorben Danke, uma vespa-cuco adormecida parece uma joia cintilante. Contudo, a crueldade reside nesta criatura enrolada: esta espécie de vespa põe seus ovos nos ninhos de outros insetos, e as larvas comem ou matam de fome seus companheiros de ninho.