5 mistérios sobre Marte ainda buscam resolução
Nós sabemos muito sobre o Planeta Vermelho após quatro décadas de exploração, mas algumas perguntas importantes permanecem sem resposta.
O quarto planeta do sistema solar, Marte, há muito capturou a imaginação popular e o interesse científico. Por décadas, os robôs que exploram o planeta vermelho estão enviando imagens de um mundo estranho, repleto de uma beleza de tirar o fôlego.
Com montanhas três vezes mais altas que o Everest e cânions cinco vezes mais longos que o Grand Canyon, Marte é um paraíso para viajantes aventureiros. E, com sua atmosfera empoeirada, com calotas polares que mudam com as estações do ano e com um dia de aproximadamente 24 horas, Marte é parecido com a Terra o suficiente para atrair visitantes humanos.
Enquanto a próxima missão da NASA, a sonda InSight, se prepara para pousar no final de novembro, dê uma olhada em alguns dos maiores mistérios sobre Marte ainda a serem resolvidos – incluindo algumas coisas que talvez nunca saibamos até que os humanos pisem em solo marciano.
A água no estado líquido flui em Marte atualmente?
Atualmente, a atmosfera marciana é tão fria e fina que a água líquida na superfície deve evaporar ou congelar no solo. Por mais de quatro décadas, no entanto, as espaçonaves em Marte tiraram fotos do que parecem centenas de canais de rios secos e cânions que podem ter sido esculpidos por velozes águas correntes no passado distante.
Então, para onde foi toda a água? Os cientistas acham que esses indícios de erosão podem ser decorrentes de um tempo em que Marte estava mais quente e úmido, e que uma parte dessa água pode estar escondida no subsolo como gelo ou até mesmo em reservatórios líquidos profundos.
Orbitadores que observam Marte mostraram grandes quantidades de gelo nos polos do planeta. Em 2015, imagens do Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, mostraram forte evidências de que a água no estado líquido pode fluir intermitentemente na superfície moderna de Marte. Com base nos dados do orbitador, os pesquisadores identificaram as impressões digitais químicas de minerais hidratados em muitas encostas íngremes de crateras, onde misteriosas faixas escuras foram previamente vistas.
É possível que a água salgada de Marte flua nestas colinas durante as estações quentes e desapareça quando esfria. Só que sem um exame mais detalhado tem sido difícil dizer com certeza se essas características recorrentes estão, de fato, sendo feitas pela água ou por fluxos simples de terra seca.
Enquanto isso, a Mars Express Orbiter da Europa utilizou um radar de penetração no solo para descobrir sinais de um lago de 19,3 quilômetros de comprimento sob a calota de gelo polar do planeta. Os cientistas acreditam que o lago subterrâneo pode permanecer líquido por causa de sua natureza salina concentrada. Marte pode ter muitos desses grandes reservatórios de água espalhados por suas regiões polares, sugerem os cientistas. Encontrá-los e descobrir como acessar o manancial pode ser decisivo para potenciais exploradores humanos que visitarem Marte no futuro.
Por que o hemisfério norte é liso e o hemisfério sul está cheio de crateras?
Nos anos 1970, as missões do Programa Viking, da NASA, fizeram a primeira pesquisa completa da topografia de Marte. Desde então, os cientistas vêm se perguntando por que o planeta tem duas faces: o hemisfério norte é muito mais plano e fica mais baixo do que as terras altas do hemisfério sul, com uma diferença de elevação entre quatro e oito quilômetros.
As teorias sugerem que o processo geológico interno, como a convecção de calor no manto, poderia ter formado as características atuais de Marte. Também é possível que a metade norte do planeta tenha sido desgastada ao longo do tempo, graças a um vasto oceano que preenche essa bacia global.
Outros estudos, no entanto, surgiram com uma hipótese mais violenta para essa bizarra dicotomia: talvez um grande asteroide do tamanho da Lua da Terra tenha atingido o polo sul do planeta há 3,9 bilhões de anos. Um impacto tão devastador teria sido um momento decisivo em Marte, agitando um oceano de magma que deu origem ao vulcanismo do planeta vermelho, que por sua vez poderia ter expelido o material que criou as terras altas do sul.
Descobrir esse aspecto do passado do planeta vermelho poderia ajudar os cientistas a entender melhor onde os futuros exploradores podem pousar para encontrar os melhores recursos para estabelecer uma presença humana contínua.
O que está gerando metano na atmosfera de Marte?
Nos últimos anos, tanto os telescópios baseados na Terra quanto os orbitadores de Marte detectaram traços de metano em Marte - um gás que poderia ser o resultado da atividade biológica atual ou que poderia significar outros processos geológicos em jogo.
Recentemente, as descobertas do veículo Curiosity Rover da NASA sugeriram que os baixos níveis de metano em Marte disparam dez vezes ao longo dos meses. Isso indica que há produção contínua de metano, que talvez esteja sendo ventilada e rapidamente dispersa em torno do local de pouso da cratera Gale. Enquanto o mesmo gás na atmosfera da Terra é principalmente o resultado da atividade biológica, os cientistas dizem que estas observações marcianas não são necessariamente evidências fundamentais da vida microbiana.
A NASA acredita que a fonte desse metano está ao norte da Curiosity, mas é quase impossível definir sua localização precisa. A fonte de metano pode permanecer um mistério por enquanto, uma vez que o veículo não está indo nessa direção. Porém, em vez disso, tem como objetivo investigar as rochas em camadas da montanha central da cratera.
Existe vida em Marte?
O ingrediente principal para a vida como a conhecemos é a água no estado líquido e os sinais de sua presença em Marte mantiveram as esperanças de encontrar sinais de vidas passadas ou presentes. Mas a superfície marciana é um local inóspito com variações bruscas de temperatura e pouca proteção contra a radiação ultravioleta prejudicial.
Muitos cientistas acreditam que leitos de lagos secos como a cratera de Gale poderiam abrigar fósseis ou outros vestígios da vida orgânica passada perto da superfície, e a mega missão da NASA, conhecida atualmente como a sonda Marte 2020, vai procurar por esses vestígios. Enquanto isso, formas extremas de vida na Terra – incluindo sinais de micróbios que vivem nas profundezas do interior do planeta – oferecem no momento esperança de que algo possa estar vivo em Marte. (No entanto, alguns especialistas argumentam que enviar seres humanos para Marte atrapalharia a busca por vida alienígena.)
Os humanos poderiam viver em Marte?
A corrida é para enviar os humanos para Marte com a NASA planejando uma missão a Marte, talvez em meados da década de 2030, e empreendimentos públicos e privados em todo o mundo desenvolvendo a tecnologia necessária para isso.
Contudo, se os seres humanos quiserem sobreviver em Marte, terão que viver e trabalhar independentemente da Terra e ganhar a vida com os recursos naturais do Planeta Vermelho. É provável que os habitats precisem ser construídos no subsolo para proteger as pessoas da perigosa radiação cósmica. Cultivar alimentos em Marte também será um desafio, já que os robôs mostraram que o solo da superfície é estéril e cheio de compostos tóxicos chamados percloratos.
Engenheiros espaciais ambiciosos estão nesse momento elaborando planos para as próximas gerações de tecnologias nucleares, químicas e movidas à energia solar que não só serão capazes de promover a ciência em Marte, mas também podem fornecer a base para habitats humanos autossuficientes. A construção de células de combustível e baterias mais eficientes será necessária para sobreviver a semanas de escuridão durante tempestades de poeira regionais ou globais. Minerar a terra e as pedras sob as botas será fundamental para a produção de ar para respirar, água potável, combustível para foguetes e materiais básicos de construção.
A única maneira de resolver este mistério é fazer com que a primeira expedição a Marte zarpe. Quando isso acontecer, não há dúvida de que a maioria de nós estaremos de olhos grudados em nossas telas, esperando ansiosamente que os humanos estabeleçam seu próximo posto avançado em Marte.
A segunda temporada da série Marte estreia 24 de novembro, às 23h20, no National Geographic.