Dois planetas que podem abrigar vida encontrados orbitando estrela próxima

“No fim, veremos se eles realmente são habitáveis e, talvez, se até mesmo já são habitados,” preveem astrônomos.

Por Nadia Drake
Publicado 2 de jul. de 2019, 20:45 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Nesta ilustração, a estrela de Teegarden é uma anã vermelha muito fraca a cerca de 12 ...
Nesta ilustração, a estrela de Teegarden é uma anã vermelha muito fraca a cerca de 12 anos-luz de distância. Essa estrela antiga e de pouco brilho possivelmente possui dois planetas em sua órbita, em uma região conhecida como zona habitável, afirmam os astrônomos, o que significa que ambos os planetas podem abrigar vida da forma que conhecemos.
Foto de Illustration by Walt Feimer, NASA

Astrônomos anunciaram que uma pequena e antiga estrela a apenas 12 anos-luz de distância pode abrigar dois planetas rochosos de temperaturas amenas. Se forem confirmados, os dois planetas recém-descobertos são quase idênticos à Terra em termos de massa e ambos estão em órbitas que poderiam permitir a vazão e o acúmulo de água em estado líquido na superfície.

Cientistas estimam que a estrela de Teegarden, a anfitriã estelar, tenha pelo menos oito bilhões de anos, ou quase o dobro da idade do Sol. Isso significa que os planetas que a orbitam sejam possivelmente tão antigos quanto ela e, sendo assim, a vida na forma que conhecemos teve tempo mais do que suficiente para evoluir. E por enquanto, a estrela está notavelmente quieta, com poucas indicações de tremores e lampejos estelares intensos que normalmente são emitidos por objetos desse tipo.

Esses fatores, somados à relativa proximidade do sistema, transformam o sistema em um alvo interessante para os astrônomos que tentam direcionar os telescópios da próxima geração a outros planetas e procurar por sinais de vida fora da Terra.

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“Ambos os planetas da estrela de Teegarden são potencialmente habitáveis”, afirma Ignasi Ribas, do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha, membro da equipe que relatou hoje a possível existência dos planetas na revista científica Astronomy & Astrophysics. “No fim, veremos se eles realmente são habitáveis e, talvez, se até mesmo já são habitados”.

Nanica estelar

Os dois planetas orbitam uma estrela tão fraca que ela só foi identificada em 2003, quando o astrofísico da NASA Bonnard Teegarden analisava dados astronômicos e procurava por estrelas anãs fracas e localizadas a uma distância próxima que até aquele momento não haviam sido descobertas.

A estrela de Teegarden é uma nanica estelar que mal possui 9% da massa do Sol. Ela é conhecida como anã superfria do tipo M e emite a maior parte de sua luz no espectro infravermelho, assim como a estrela TRAPPIST-1, ao redor da qual orbitam sete planetas rochosos conhecidos. Mas a estrela de Teegarden fica apenas a um terço de distância da Terra comparado ao sistema TRAPPIST-1, o que a torna ideal para caracterização adicional.

Ribas e seus colegas estão atualmente procurando por planetas que possam estar orbitando 342 pequenas estrelas, então eles apontaram para a miniestrela o instrumento CARMENES, localizado no Observatório de Calar Alto, na Espanha.

CARMENES observou a estrela de Teegarden ao longo de três anos, prestando atenção a movimentos e puxões produzidos por quaisquer planetas possivelmente em órbita. No fim, mais de 200 medições sugerem que dois pequenos planetas empurram a estrela, cada um com uma massa de cerca de 1,1 vez a da Terra. A equipe calcula que um dos planetas, chamado estrela b de Teegarden, concluiu sua órbita em apenas o equivalente a 4,9 dias na Terra. O outro, estrela c de Teegarden, possui uma órbita de somente 11,4 dias.

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    Assustadoramente quieta

    Antes de os astrônomos relatarem a provável existência desses planetas, a equipe precisava descartar fenômenos estelares intrínsecos, como manchas e lampejos, que poderiam se passar por planetas em órbita. Às vezes, isso pode ser bem difícil quando se trata de estrelas anãs vermelhas, que são notoriamente tempestuosas e suscetíveis a emitir lampejos intensos. Mas a estrela de Teegarden está quase que assustadoramente quieta, facilitando muito a detecção de sinais planetários.

    “O número de medições é tão alto e a estrela se comporta tão bem que há pouquíssima margem para uma explicação alternativa”, afirma Ribas. “Então, para mim, é um caso bem claro de detecção de planetas. Aposto sem medo que eles estão lá”.

    “Esses candidatos a planetas são bastante plausíveis”, concorda Lauren Weiss, da Universidade do Havaí. “Estou impressionada com a qualidade dos dados”.

    Entretanto, observa Weiss, alguns pontos a fazem hesitar. Primeiro, os cientistas não sabem o tempo exato que a estrela de Teegarden leva para dar uma volta em seu próprio eixo, e esse tipo de movimento pode estar sendo interpretado como um dos sinais planetários.

    Contudo, “a rotação estelar provavelmente imitaria a órbita de apenas um planeta, não de dois. Então, é provável que pelo menos um dos planetas seja real”, explica ela.

    Em segundo lugar, afirma ela, é possível que os planetas possam estar se movimentando ao redor da estrela mais rapidamente do que se acredita, fazendo com que seu status de habitável vá por água abaixo.

    “Mas essa não é uma preocupação técnica tão importante”, comenta Weiss. “Se realmente houver planetas ao redor da estrela e os autores estiverem incorretos em relação ao tempo de órbita, os planetas ainda assim serão planetas”.

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