Querem humanos em Marte? Comece com uma estação espacial marciana

Lockheed Martin anunciou um plano mirabolante para colocar humanos na órbita de Marte em 2028. Veja como funcionaria.

Por Michael Greshko
Oposição de Marte
Uma imagem de Marte feita pelos orbitadores da NASA mostra uma superfície de características variadas, incluindo o grande cânion Valles Marineris.
Foto de NASA

Outra grande empresa aeroespacial entrou na corrida para levar humanos a Marte. Lockheed Martin anunciou planos para nos levar ao planeta vermelho em 2028. Em vez de ir direto para a superfície, o esquema colocaria uma nave espacial na órbita de Marte, em uma situação semelhante à da Estação Espacial Internacional.

O ideia – revelada em 18 de maio de 2016 no Humans 2 Mars Summit em Washington, D.C. – é mais um esforço que vislumbra uma missão viável e de custo-benefício a Marte para a NASA, que está avança com sua iniciativa Journey to Mars.

“O que estamos presenciando é uma visão", disse Wanda Sigur, vice presidente e gerente geral dos projetos espaciais civis da Lockheed Martin no comunicado. Não significa pegadas em Marte, ela admite, mas vai desenhar muitos componentes que poderão ser aproveitados para colocar humanos em outro mundo.

Os planos da empresa, dispostos em um vídeo engenhoso, permanecem comprometidos com o desenvolvimento de equipamentos para a NASA, especialmente o módulo de espaço profundo Orion, que a Lockheed Martin está construindo para a agência espacial.

A expectativa é que o Orion vá além da órbita baixa da Terra, com uma missão não tripulada para a Lua em 2018 e um sobrevôo tripulado do satélite, semelhante ao que fez a Apollo 8, em 2021. Até 2025, a agência deve enfrentar missões cada vez mais ambiciosas, tão distantes como a Lua, terminando no “exercício de simulação” de Marte que manteria a equipe a cerca de três dias de viagem da Terra, permitindo um retorno rápido em caso de emergência. O tempo de viagem atual da Terra para Marte é de pelo menos seis meses.

Em 2026, de acordo com a proposta, a NASA vai colocar uma estrutura na órbita de Marte feita de módulos não-habitados e painéis solares. Seres humanos vão chegar e acoplar ao posto avançado dois anos depois, formando o que a empresa batizou de Mars Base Camp – um laboratório e habitat de seis astronautas que serviria como passagem para missões futuras.

Ambicioso porém incerto

Como muitas ideias de levar os humanos para Marte, o mais novo plano é audacioso e precisa de uma execução perfeita das primeiras missões planejadas para o Orion, sem mencionar suporte político substancial e progresso técnico.

“Eu dou a eles pontos por serem ousados", disse Scott Hubbard, diretor do Centro de Excelência para Transporte Espacial Comercial da Universidade de Stanford. “Isso realmente iria exigir que muitas coisas dessem certo.”

Também não é a primeira proposta de missão para criar um posto avançado marciano em um cronograma apertado.

“Isso não parece ser novo, considerando 12 anos de calendário", disse David Portree, um arquivista do Centro de Ciências Astrogeológicas do Serviço Geológico dos EUA. “Em 1963, os engenheiros da NASA pesquisavam se poderiam pousar em Marte em 1971.”

E em 2015, a Sociedade Planetária, uma organização sem fins lucrativos, criou um plano parecido, baseado em um estudo do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês), para enviar humanos à órbita de Marte – talvez com passeios para as luas Fobos e Deimos – em 2033.

Hubbard, que co-liderou o workshop da Sociedade Planetária, aponta que é difícil avaliar o plano sem mais detalhes. “Tudo que vejo é o vídeo legal que diz 2028", diz ele. “Não consigo ter uma resposta definitiva sem saber as hipóteses específicas [da Lockheed Martin]."

Mais compromissos

Na teoria, pelo menos, a ideia de enviar uma nave à órbita antes de uma missão na superfície deixaria a NASA treinar em Marte enquanto ganha tempo crucial para desenvolver tecnologias de descida e pouso, diz o especialista em diretrizes espaciais John Logsdon, da Universidade George Washington.

“Dá a NASA a oportunidade de verificar toda a navegação, suporte à vida e proteção à radiação –todas as coisas que você precisa para chegar a Marte e voltar, sem assumir os riscos de pousar na superfície", disse Logsdon. “É possível fazer bons paralelos entre a Apollo 8 e a Apollo 11.”

Além disso, um orbitador tripulado permitiria controlar as sondas de Marte em tempo real, uma ajuda enorme aos cientistas, que atualmente recebem a comunicação com até 45 minutos de atraso. Um laboratório espacial também poderia processar amostras lançadas pelos robôs da superfície do planeta, colaborando para os esforços dos futuros astronautas e avançando na busca por sinais de vida passada – ou presente – em Marte.

Outro ponto positivo? O parcelamento dos custos. Os detalhes não foram divulgados, mas Allison Rakes, porta-voz da Lockheed Martin, disse que as estimativas da empresa estão de acordo com o atual orçamento da NASA para exploração espacial, considerando os aumentos anuais devido à inflação.

O problema é que essa missão invariavelmente traria algo em troca. O estudo da JPL também trabalha com o orçamento atual da NASA, mas exige que a agência pare de oferecer suporte à Estação Espacial Internacional até 2028, ou de preferência até 2024, para liberar três bilhões de dólares em despesas.

“Não é possível manter dois grandes programas espaciais ao mesmo tempo", diz Hubbard.

Siga Michael Greshko no Twitter.

Publicado originalmente em 19 de maio de 2016

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