Inri não está só: conheça os homens que dizem ser o messias

Inri Cristo é só mais que declara ser a segunda vinda de Jesus. E os seus discípulos concordam.

Por Jonas Bendiksen
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Publicado 8 de nov. de 2017, 20:35 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
INRI
INRI Perto de Brasília, seguidores de Inri (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”) empurram o seu mestre em um pedestal com rodas. Uma dúzia de discípulos – a maioria mulheres – vive em tempo integral com o celibatário de 69 anos no seu complexo protegido com arame farpado e cercas elétricas. Inri tomou o seu nome das iniciais que Pôncio Pilatos inscreveu na cruz de Cristo. O seu despertar foi em 1979.
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Esta reportagem está na edição de setembro da revista National Geographic Brasil.

O penúltimo verso da Bíblia, que profetiza o retorno de Jesus, sempre me fascinou. Quando seria “em breve”? E quem é “eu”? Nos últimos três anos, acompanhei sete homens que afirmam ser a Segunda Vinda de Cristo (cinco deles estão neste ensaio). Ao mergulhar nas suas revelações e passar um tempo com os seus discípulos, tentei produzir imagens que ilustrassem o desejo humano de fé, significado e salvação.

A religião é algo misterioso para mim, provavelmente porque, na Noruega, não fui criado dentro de nenhuma. Mas eu sempre gostei de ler as Escrituras, e, ao longo da última década, meu interesse cresceu. Eu me peguei voltando, muitas vezes, a essa frase misteriosa – uma promessa que o cristianismo vem aguardando quase 2 mil anos para ser cumprida.

MOSES HLONGWANE ou O Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores, Jesus. Em Eshowe, na África do Sul, Moisés Hlongwane prega ao seu rebanho durante a sua própria cerimônia de casamento – um evento que ele acredita marcar o início do Fim dos Dias. Moisés diz que Deus o identificou como o Messias em um sonho em 1992. Na época, ele trabalhava como joalheiro. Desde então, Moisés já pregou em Eshowe, Johannesburgo e outras cidades. Tem cerca de 40 discípulos.
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Se Cristo voltasse hoje para completar a sua missão, o que ele pensaria do mundo que criamos? E o que nós pensaríamos dele? Com essas dúvidas girando na minha cabeça, decidi iniciar uma busca pelo Messias, pela via na qual se encontra qualquer coisa nos dias de hoje: o Google. É de se imaginar que existam muitas pessoas por aí afirmando serem Cristo. No entanto, enquanto muitos podem ser chamados de profetas, gurus ou líderes espirituais, apenas alguns apresentam o que eu considero critérios mínimos: revelações consistentes, anos de registros bíblicos, discípulos seguidores fiéis.

Para a maioria das pessoas, a crença em uma força maior é uma coisa abstrata. Mas, para esses discípulos – a maioria dos quais se mostra inteligente, e nenhum parece ter sofrido lavagem cerebral ou ser louco –, tal crença é tangível. Assim, em todos os lugares, tentei manter a mente aberta para imergir nas suas realidades. O Novo Testamento está cheio de contradições, mas cada um desses Messias tem uma narrativa que, de alguma forma, reconcilia essas inconsistências. De certa maneira, eles são mais coerentes que as Escrituras. 

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    VISSARION ou O Cristo da Sibéria Em um vilarejo fora do mapa chamado Obitel Rassveta (“Morada do Amanhecer”), Vissarion senta-se na sala de um discípulo. Nascido Sergei Torop, ele teve a revelação, na época em que a União Soviética entrou em colapso, de que era Jesus renascido. Fundador da Igreja do Último Testamento, o russo agora tem ao menos 5 mil seguidores – muitos deles vivem com o mestre em aldeias ecológicas utópicas nas matas siberianas. Eles constroem as suas escolas, igrejas e sociedade próprias. As ideias de Vissarion foram publicadas em 16 tomos e intituladas O Último Testamento.
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    Eu sei: muitas pessoas vão descartar esses homens como farsas ou lunáticos. Mas sempre pensei que um aspecto fundamental das religiões de Abraão – judaísmo, cristianismo, islamismo – fosse a chegada de um Messias. Essas três fés monoteístas podem divergir sobre identidade e timing, mas acho que concordam com a premissa básica. Então, se aceitamos isso, por que o Messias não poderia ser um destes caras?

    Para mim, este projeto tem sido mais uma formulação de perguntas do que uma busca por respostas. Espero que leve as pessoas a fazerem o mesmo – ou seja, a pensar sobre crenças e sobre quem tem o poder de defini-las.  

    Confira a reportagem completa com todas as fotos: edição de setembro de 2017 da revista National Geographic Brasil.
    Publicada por ContentStuff.

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