Quem realmente descobriu a Antártida? Depende para quem você pergunta

Em 1820, duas expedições rivais partiram para o continente gelado, mas apenas uma poderia ser a primeira.

Por Erin Blakemore
Publicado 13 de fev. de 2020, 07:15 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Membro da expedição Terra Nova, de Robert Falcon Scott, ao Polo Sul, em pé sobre um ...
Membro da expedição Terra Nova, de Robert Falcon Scott, ao Polo Sul, em pé sobre um iceberg desgastado pela água perto do Monte Erebus na Antártida. Após a descoberta do continente em 1820, exploradores levaram quase 100 anos para chegar ao polo.
Foto de Herbert G. Ponting, Nat Geo Image Collection

DUZENTOS ANOS após a descoberta da Antártida, o continente congelado é conhecido como um centro de exploração científica e um local de aventuras e perigos a temperaturas abaixo de zero. Mas quem realmente descobriu o novo continente? Depende do que se entende por “descoberto”. A descoberta fatídica poderia ser atribuída a uma expedição russa em 27 de janeiro de 1820 — ou a uma britânica apenas três dias depois.

No início do século 19, exploradores buscavam um enorme continente ao sul, chamado Terra Australis Incognita (“terra desconhecida do sul”). Acreditava-se que essa vasta massa de terra “equilibrava” a terra no Hemisfério Norte. Mas as primeiras tentativas de encontrar o continente fracassaram. O capitão James Cook passou três anos procurando por ele durante sua segunda viagem, de 1772 a 1775. A expedição levou Cook e seus homens até o Círculo Antártico, mas o explorador acabou desistindo, pois não conseguiu encontrar o continente.

No entanto, Cook estava convencido de que a história não acabava por ali. “Acredito firmemente que exista um pedaço de terra perto do Polo, que é a fonte da maior parte do gelo espalhado por esse vasto Oceano Antártico”, escreveu ele ao final da expedição, mas “o risco que se corre ao explorar uma costa nesses mares desconhecidos e gelados é tão grande que posso ter a ousadia de dizer que ninguém jamais se aventurará mais longe do que eu e que as terras que se situam ao sul nunca serão exploradas”. Na verdade, Cook ficou a apenas 128 quilômetros da costa do continente em determinado ponto de sua jornada.

O capitão James Cook, explorador da Marinha Real Britânica, procurou a Antártida por três anos, mas nunca encontrou o continente. Em determinado ponto, ele chegou a apenas 128 quilômetros da costa.
Foto de De Agostini, Getty

As viagens de Cook incentivaram outros exploradores, mas nenhuma foi bem-sucedida e a busca pela “terra desconhecida do sul” foi considerada impossível. Contudo a busca pela Antártida voltou a aquecer graças a rivalidades internacionais e aos possíveis lucros com o comércio de pele de focas caçadas em águas geladas. A competição global por território e domínio econômico levou exploradores da Rússia, Inglaterra e Estados Unidos em direção à Antártida.

Em 1819, a Rússia encarregou Fabian von Bellingshausen de navegar mais ao sul do que Cook. Em 27 de janeiro de 1820, ele avistou o gelo sólido que provavelmente era uma plataforma de gelo anexada à terra antártica, agora conhecida como Terra da Rainha Maud. Sem saber, ele tinha companhia: três dias depois, o oficial da Marinha britânica Edward Bransfield avistou a ponta da Península Antártica.

Embora von Bellingshausen tenha sido tecnicamente o primeiro a ver o continente desconhecido, escreve o historiador David Day, sua conquista foi ocultada por décadas por uma tradução incorreta de seu diário que levou os historiadores a supor que ele realmente não tinha visto terra. Os norte-americanos não estavam muito atrás: John Davis, caçador de focas e explorador, foi a primeira pessoa a pisar em terras antárticas em 1821.

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    A corrida para encontrar a Antártida provocou uma competição para localizar o Polo Sul — e alimentou outra rivalidade. O explorador norueguês Roald Amundsen o encontrou em 14 de dezembro de 1911. Pouco mais de um mês depois, Robert Falcon Scott o encontrou também. Entretanto ele retornou com resultados desastrosos. Todo o grupo de Scott morreu e a expedição é considerada um fracasso até hoje. No entanto, quando Amundsen conversou com a Royal Geographic Society em uma cerimônia em homenagem a sua conquista, escreve o historiador Edward J. Larson, participantes aplaudiram os cães do explorador, mas não ele.

    A Antártida pode ser fria, mas as paixões que ela acende no coração dos exploradores e de seus campeões são realmente ardentes.

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