
Descoberta uma “Cidade Perdida" na selva colombiana: o achado arqueológico é mais antigo que Machu Pichu
O terraço central de Teyuna é o ponto mais alto do local, de acordo com um artigo da National Geographic.
Redescoberta somente no final do século 20, Teyuna – também chamada de Cidade Perdida – é um centro arqueológico encravado numa cadeia montanhosa isolada do restante dos Andes, mais precisamente na região de Sierra Nevada de Santa Marta, no norte da Colômbia.
O local abriga uma biodiversidade impressionante e só pode ser visitado através de uma trilha que exige bom preparo físico e a companhia de guias especializados.
A seguir, National Geographic “mergulha” na história da cidade pré-colombiana que permaneceu “escondida” por séculos e acabou ruindo com a chegada dos espanhóis ao continente.
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Na chamada “Cidade Perdida” da Colômbia foram encontrados caminhos e escadas de pedra, residências, praças, edifícios cerimoniais e áreas de armazenamento.
Onde ficava e como era Teyuna, a cidade sagrada com séculos de existência
"A Cidade Perdida”, conhecida como Teyuna, é um sítio arqueológico da civilização Tayrona que remonta ao século 9. É um lugar sagrado de grande significado espiritual para as comunidades indígenas da região", detalha o Colombia.travel, um site administrado pela Procolombia, a organização encarregada de promover o turismo, o investimento estrangeiro e a imagem do país.
Teyuna está localizada na face norte da Serra Nevada de Santa Marta, na parte superior da bacia do rio Buritaca, a uma altitude entre 900 e 1.200 metros acima do nível do mar. “Faz parte do território ancestral dos povos Iku (Arhuaco), Kággaba (Kogui), Wiwa e Kankuamo, os povos originais que habitam a Serra há milhares de anos”, descreve o Instituto Colombiano de Antropologia e História (ICANH).
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Quando foi fundada a Cidade Perdida da Colômbia?
Teyuna foi fundada pela civilização Tayrona e, durante seu apogeu, foi um importante centro comercial e espiritual. Como indica um artigo de National Geographic Latino-américa intitulado “Histórias de tesouros antigos atraíram saqueadores para a ‘Cidade Perdida’ da Colômbia”. Estudiosos também acreditam que ela foi construída cerca de 650 anos antes de Machu Picchu, a famosa cidade arqueológica do Peru.
Existem também na região outras construções que datam de 650 d.C., ou seja, são ainda mais antigas, mas não há confirmação suficiente sobre se essas construções são da civilização Tayrona ou se mostram que a Cidade Perdida dataria já deste ano.
De acordo com o ICANH, estima-se que esse território possa ter tido entre 1.500 e 2.000 habitantes durante o século 16. Acredita-se também que a cidade tenha sobrevivido mesmo após a conquista espanhola.
No entanto, a cidade foi esvaziada no século 17, embora “muitos acreditem que a população local tenha desaparecido por causa das doenças trazidas pelos espanhóis”. De qualquer forma, a selva cobriu completamente o local, deixando Teyuna escondida por séculos.
"Os Tayronas haviam abandonado a maioria de seus assentamentos no final do século 17, mas para os descendentes que ainda viviam em Sierra Nevada, o local não era nada parecido com uma cidade perdida. Para as pessoas de fora, no entanto, a cidade estava escondida atrás dos 38 mil quilômetros quadrados da selva de Sierra Nevada", diz o artigo de NatGeo.

Um dos objetos característicos dos locais da cultura Tayrona eram as pedras de amolar. Já outros podiam pesar até 100 quilos, como esses blocos de pedra retangulares que foram arredondados, escavados e revestidos como tigelas.
O que pode ser encontrado na Cidade Perdida da selva colombiana
Segundo as fontes históricas, Teyuna teria sido redescoberta, pela primeira vez, na década de 1970. Os primeiros a chegar ao local foram os huaqueros (pessoas que procuram ilegalmente tesouros em sepultamentos indígenas), atraídos por rumores sobre a existência de tesouros Tayrona na selva.
Entre os saqueadores estavam Florentino Sepúlveda e seu filho, que, em 1975, descobriram degraus de pedra que subiam uma encosta, detalha o artigo de NatGeo Latam sobre o tema.
"Os Sepúlveda perceberam imediatamente que estavam diante de um local que ainda não havia sido escavado. Eles, então, saquearam uma variedade de objetos e os venderam. Quando outros huaqueros souberam da descoberta, iniciou-se uma violenta guerra por território", completa o artigo.
“Por fim, alguns saqueadores decidiram cooperar com as autoridades e forneceram informações sobre a localização do sítio", continua a fonte.
Diante desse cenário, o Instituto Colombiano de Antropologia reuniu uma expedição de três arqueólogos, um arquiteto e dois saqueadores que se tornaram guias para proteger a descoberta e partiram para a selva densa – uma missão complexa devido à umidade, ao calor e aos insetos. Durante sua estada de três dias no local, os exploradores investigaram e fizeram um esboço de suas descobertas.
Desde então, foi realizado um projeto de pesquisa e restauração em grande escala, que resultou na restauração das 200 estruturas do parque, que incluem caminhos e escadas de pedra, além de residências, praças, edifícios cerimoniais e de reunião, e áreas de armazenamento.
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Conforme detalhado pelo Instituto Colombiano de Antropologia e História, a arquitetura Tayrona é caracterizada por sua sinuosidade. As habitações (como a mostrada nesta foto) são cônicas, com paredes de madeira e telhados de palha.
Como chegar à Cidade Perdida? É preciso caminhar no coração da floresta
“A arquitetura Tayrona é caracterizada por sua sinuosidade, pelo uso do círculo como elemento formal, pelos espaços abertos entre os edifícios e pelo gerenciamento constante da circulação e do movimento nas aldeias”, descreve o ICANH.
“Desde o final da década de 1980, a violência das drogas e as consequências da guerra civil colombiana interromperam o trabalho arqueológico no local”, embora a pesquisa e o acesso turístico tenham sido retomados em 2006, acrescenta a NatGeo.
Atualmente, o local é acessível por uma complexa caminhada pela floresta tropical – a qual leva de quatro a seis dias e requer a companhia de guias especializados. Os visitantes que entram na selva têm a oportunidade de contemplar uma “biodiversidade impressionante” que inclui espécies únicas de plantas e animais e de aprender sobre os vestígios de uma civilização que resistiu como pode à conquista espanhola.
